São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Em um mês, cariocas vão dos sonhos para a crise

Após euforia por ressurreição, Fla, Flu e Vasco vivem má fase no Brasileiro

Renato Gaúcho, que chegou a falar em "brincar" no Brasileiro, agora tem o cargo de técnico ameaçado no Fluminense, 19º no torneio


SÉRGIO RANGEL
EM SÃO PAULO

Eufóricos há cerca de um mês, Fluminense, Vasco e Flamengo amargam a ressaca no Campeonato Brasileiro.
No início de julho, o tricolor carioca se preparava para conquistar a Libertadores -título inédito em sua centenária história. Já o Flamengo liderava o Brasileiro com cinco pontos de vantagem sobre o Cruzeiro, time que permanece ainda na vice-liderança. O Vasco, por sua vez, comemorava o final da era Eurico Miranda e acreditava na volta do período de vitórias em campo, o que não aconteceu.
Agora, a realidade dos três clubes é bem diferente.
Finalista da Libertadores, o tricolor carioca enfrenta a maior crise entre os cariocas. Na zona de rebaixamento desde a segunda rodada, o time das Laranjeiras foi obrigado ontem a fugir dos torcedores.
Temendo protestos no clube, a diretoria transferiu o treinamento para o isolado estádio da Portuguesa, na Ilha do Governador. Além disso, os dirigentes proibiram os torcedores de assistir ao treino na zona norte.
""Não é a primeira vez que acontece isso no futebol brasileiro. A torcida foi demais na Libertadores, mas existem momentos para deixá-la de fora. Queremos apenas tranqüilidade para trabalhar", disse o técnico Renato Gaúcho, que, antes de o time perder a Libertadores para a LDU em pleno Maracanã, afirmava que a equipe ""brincaria" no Brasileiro.
Amanhã, o treinador poderá perder o cargo em caso de nova derrota. O time enfrentará o São Paulo, no Maracanã.
""A fase não é boa, mas sei que ela vai passar. O problema não sou eu. Não vou ficar aqui falando de desfalques, mas é fato que o Fluminense de um mês atrás era um, hoje é outro. Só não vê quem não quer", afirmou o treinador, que conta com o apoio do presidente da Unimed, Celso Barros.
O Fluminense soma apenas 13 pontos e está na penúltima colocação do Brasileiro. Desde a eliminação da Libertadores, o time teve aproveitamento de 37,03% (cinco derrotas, três vitórias e um empate).
Como se não bastasse a má fase, o tricolor carioca não conta com os seus principais jogadores na Libertadores -o meia Thiago Neves e o zagueiro Thiago Silva. Os dois vão disputar os Jogos de Pequim.
Já o Vasco também está em situação delicada na tabela. O time de São Januário tem 19 pontos e está na 14ª colocação.
Além da má fase em campo- confirmada na goleada para o São Paulo, por 4 a 0, domingo-, Edmundo expôs a crise no grupo. Na última quarta, ele reclamou de vários companheiros e se recusou a jogar no Morumbi.
""Fico envergonhado, principalmente pela forma como foi o último jogo. Encontro alguns amigos e eles dizem que se fizerem um time qualquer vão ganhar da gente. É um jogo para se ter vergonha", disse o atacante Leandro Amaral, acrescentando que o time ""corre um grande risco" de ser rebaixado.
Na noite de anteontem, os vascaínos tiveram que embarcar no ônibus do clube na pista do aeroporto Santos Dumont para não enfrentar um grupo de torcedores. Eles queriam jogar pipocas nos atletas.
Apesar de estar longe da zona de rebaixamento, o Flamengo também vive crise. Após derrota para o Cruzeiro, por 2 a 1, no Maracanã, o time deixou pela primeira vez o G4 -não vence há seis partidas no torneio.
""Nenhum jogador tem culpa por esses últimos resultados e não tenho medo nenhum em relação ao meu emprego. Acredito no que venho fazendo e quero isentar todo mundo. Estou certo de que vamos virar, o torcedor pode acreditar nisso", disse o técnico Caio Júnior, que foi chamado de burro pela torcida na última partida, no Rio.
No último mês, o Flamengo perdeu os principais jogadores -o meia Renato Augusto e os atacantes Marcinho e Souza.
""São os altos e baixos do futebol brasileiro. Os times estão nivelados, mas não tem no Brasil nenhum jogador que faça a diferença. Não existe um bom time. Estamos vivendo o nosso inferno astral, mas vamos superar", acrescentou o presidente do Flamengo, Márcio Braga.


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