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Estádios do Mundial já preveem verba do BNDES
Em reuniões, cidades-sedes fazem demandas ao banco por dinheiro federal
Instituição financeira se diz preparada para contribuir com esforço do governo na Copa-2014; há preferência por parcerias com privados
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No momento em que o comitê organizador da Copa de 2014
fala em apelar a recursos públicos, encontros entre cidades-
-sedes do Mundial e técnicos
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico
Social), nesta semana, abriram
uma porta para uso de verba federal na construção e reforma
de estádios para o Mundial.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., tem negado que
recursos da União serão utilizados em arenas. Na prática, é o
que vai acontecer se a participação do banco de desenvolvimento no Mundial for concretizada. A instituição tem R$ 100
bilhões para investimentos fornecidos pelo Tesouro Nacional.
Essa atuação do BNDES depende de uma decisão do governo federal. Uma comissão
interministerial vai decidir se o
banco entrará no processo e
qual será o modelo adotado.
A assessoria do banco informou que a instituição está preparada "para contribuir com o
esforço do governo na Copa-
-2014". E disse que seguirá as
diretrizes dadas pelo governo.
Está em estudo uma linha de
crédito específica para estádios
do Mundial. A princípio, os parâmetros de empréstimos e financiamentos feitos pelo
BNDES terão de ser respeitados, com exigências como viabilidade econômica e garantias
financeiras para o dinheiro.
A reportagem apurou que,
nas reuniões com as cidades,
técnicos do banco demostraram preferir projetos privados,
pois o nível de endividamento
dos Estados já está saturado.
Essa tendência pode ser modificada por decisão da União.
Em suas operações para outros setores, o banco costuma
dar dinheiro por empréstimos
ou financiamentos. As condições, que podem até ter juro
zero, são determinadas de
acordo com política da União.
A partir das informações das
sedes, os técnicos devem sugerir um modelo para a Copa.
Nas reuniões, as demandas
dos Estados já começaram. A
Bahia, por exemplo, apresentou um orçamento de R$ 550
milhões para reformar a Fonte
Nova para o Mundial.
"Previmos que 10% seria financiamento privado e 70%,
vindo do BNDES", afirmou o
secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte
da Bahia, Nilton Vasconcelos.
Seu Estado expôs aos técnicos do BNDES cálculos de orçamento, viabilidade financeira e de receitas previstos para a
Fonte Nova. "A garantia seria
dada por um fundo do Estado."
O governo do Estado de Minas Gerais gostaria de usar dinheiro do banco para financiar
toda a reforma do Mineirão.
"Mas o BNDES mostrou estar mais inclinado a fazer empréstimos para entidades privadas", afirmou Gustavo Corrêa, secretário de Esporte e da
Juventude de Minas Gerais.
Segundo ele, os técnicos do
banco o orientaram a procurar
uma PPP (parceria público-privada). Como há dificuldade
para achar investidores privados, o secretário entende que o
governo mineiro pode ter de
bancar o investimento sozinho.
O governador Aécio Neves,
porém, deve pedir ao presidente Lula que o BNDES abra uma
exceção e conceda crédito aos
estádios sem levar em conta as
dívidas dos Estados.
A pressão é forte. O governador do Distrito Federal, José
Roberto Arruda, foi pessoalmente ao encontro com técnicos do BNDES. Pediu financiamento para a reforma do Mané
Garrincha -entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões- e para
obras de infraestrutura. "O governador é quem vai decidir
para onde iria o dinheiro", afirmou o secretário de Esporte do
DF, Aguinaldo de Jesus.
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