São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Estádios do Mundial já preveem verba do BNDES

Em reuniões, cidades-sedes fazem demandas ao banco por dinheiro federal

Instituição financeira se diz preparada para contribuir com esforço do governo na Copa-2014; há preferência por parcerias com privados

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No momento em que o comitê organizador da Copa de 2014 fala em apelar a recursos públicos, encontros entre cidades- -sedes do Mundial e técnicos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), nesta semana, abriram uma porta para uso de verba federal na construção e reforma de estádios para o Mundial.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., tem negado que recursos da União serão utilizados em arenas. Na prática, é o que vai acontecer se a participação do banco de desenvolvimento no Mundial for concretizada. A instituição tem R$ 100 bilhões para investimentos fornecidos pelo Tesouro Nacional.
Essa atuação do BNDES depende de uma decisão do governo federal. Uma comissão interministerial vai decidir se o banco entrará no processo e qual será o modelo adotado.
A assessoria do banco informou que a instituição está preparada "para contribuir com o esforço do governo na Copa- -2014". E disse que seguirá as diretrizes dadas pelo governo.
Está em estudo uma linha de crédito específica para estádios do Mundial. A princípio, os parâmetros de empréstimos e financiamentos feitos pelo BNDES terão de ser respeitados, com exigências como viabilidade econômica e garantias financeiras para o dinheiro.
A reportagem apurou que, nas reuniões com as cidades, técnicos do banco demostraram preferir projetos privados, pois o nível de endividamento dos Estados já está saturado. Essa tendência pode ser modificada por decisão da União.
Em suas operações para outros setores, o banco costuma dar dinheiro por empréstimos ou financiamentos. As condições, que podem até ter juro zero, são determinadas de acordo com política da União. A partir das informações das sedes, os técnicos devem sugerir um modelo para a Copa.
Nas reuniões, as demandas dos Estados já começaram. A Bahia, por exemplo, apresentou um orçamento de R$ 550 milhões para reformar a Fonte Nova para o Mundial.
"Previmos que 10% seria financiamento privado e 70%, vindo do BNDES", afirmou o secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos.
Seu Estado expôs aos técnicos do BNDES cálculos de orçamento, viabilidade financeira e de receitas previstos para a Fonte Nova. "A garantia seria dada por um fundo do Estado."
O governo do Estado de Minas Gerais gostaria de usar dinheiro do banco para financiar toda a reforma do Mineirão.
"Mas o BNDES mostrou estar mais inclinado a fazer empréstimos para entidades privadas", afirmou Gustavo Corrêa, secretário de Esporte e da Juventude de Minas Gerais.
Segundo ele, os técnicos do banco o orientaram a procurar uma PPP (parceria público-privada). Como há dificuldade para achar investidores privados, o secretário entende que o governo mineiro pode ter de bancar o investimento sozinho.
O governador Aécio Neves, porém, deve pedir ao presidente Lula que o BNDES abra uma exceção e conceda crédito aos estádios sem levar em conta as dívidas dos Estados.
A pressão é forte. O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi pessoalmente ao encontro com técnicos do BNDES. Pediu financiamento para a reforma do Mané Garrincha -entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões- e para obras de infraestrutura. "O governador é quem vai decidir para onde iria o dinheiro", afirmou o secretário de Esporte do DF, Aguinaldo de Jesus.


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