São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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JUCA KFOURI

Os franceses vêm aí


Um poderoso grupo francês negocia entrada no futebol brasileiro pela porta da frente


O GIGANTESCO GRUPO francês Lagardère, conglomerado de mídia e marketing esportivo, entre outras atividades pelo mundo afora, quer comprar parte da Traffic, parceira do Palmeiras.
A Traffic, que também opera no setor de mídia, direitos de transmissão e de atletas, gestão de arenas, negociaria, por incrível R$ 1 bilhão, seus braços menos rentáveis no momento, os que dizem respeito às transmissões de TV e compra e venda de atletas.
Na penúltima semana de julho, uma turma da Lagardère esteve no CT da Traffic.
Um executivo francês, que não quer ser identificado, conta que há cinco anos já havia negociações entre as duas empresas, mas que, então, divergências sobre o valor emperraram a continuidade das conversas, agora retomadas e aceleradas durante a Copa, em encontros na cidade de Johannesburgo.
Até mesmo o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, velho parceiro do empresário J. Hawilla, dono da Traffic, esteve em pelo menos uma dessas reuniões.
Para o presidente da Traffic, Júlio Mariz, no entanto, há exagero em torno dos entendimentos.
Mariz garantiu que nada da Traffic está à venda, que o interesse da empresa é apenas na experiência da Lagardère no gerenciamento de arenas, algo nevrálgico no momento em que o Brasil se prepara para organizar uma Copa. "E nossos encontros na África do Sul foram mais para jogar conversa fora", explica.
De fato, não é essa a visão do outro lado. "A Traffic quer crescer na área das arenas e está perdendo dinheiro com transmissões de eventos. A Traffic Arenas tem a ambição de faturar coisa de R$ 80 milhões por ano e conta com a do Palmeiras para tanto, na Copa do Mundo, inclusive", conta um dos envolvidos na mirabolante, bilionária transação.
Que argumenta, além do mais, com a dificuldade de se captar dinheiro privado para o projeto da nova arena alviverde com a WTorre, razão pela qual não só o tal bilhão de reais seria muito bem-vindo como, além do mais, a demonstração da viabilidade do projeto posto em pé facilitaria o indispensável socorro de dinheiro público.
Nada disso impressiona Mariz, que, otimista, chama a atenção para o momento de repatriações do futebol brasileiro, até de técnicos, como Luiz Felipe Scolari. "Depois de muitos anos, a balança de negociações com o exterior, importações x exportações, é negativa. O momento para a Traffic não é de vender braços, mas de acumular expertise."
Expertise. Palavra, coincidentemente, de origem francesa.

blogdojuca@uol.com.br


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