EDGARD ALVES
enviado especial a Winnipeg (Canadá)

Cuba creditou o doping do saltador Javier Sotomayor, maior nome em atitivade do esporte do país, a uma suposta sabotagem em sua comida.
"Houve sabotagem contra a delegação cubana. Não contestamos o serviço de controle de doping e o resultado do exame. Devem ter administrado a droga na alimentação do atleta", disse Mario Granda, médico-chefe da delegação cubana no Pan.
Sotomayor, 31, recordista mundial de salto em altura (com 2,45 m), perdeu a medalha de ouro que ganhara no Pan por terem sido encontrados vestígios de cocaína em seu exame.
O doping de Sotomayor, principal nome em atividade do atletismo latino-americano, é o maior escândalo de doping do atletismo desde a suspensão do canadense Ben Johnson na Olimpíada de 88.
O resultado do exame do saltador abriu uma guerra diplomática entre a delegação cubana e a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana).
Segundo o presidente da Comissão Médica da Odepa, Eduardo de Rose, os cubanos haviam creditado o resultado positivo a um chá que Sotomayor ingerira.
Cuba, no entanto, negou que o doping pudesse estar relacionado ao consumo do chá.
"Me admira muito esse posicionamento. Na reunião que tivemos com os médicos cubanos, eles falaram do chá. A mesma informação a delegação repetiu na reunião do Comitê Executivo, hoje de manhã", afirmou De Rose.
"Estamos certos que o atleta não ingeriu essa substância. Sotomayor é um homem totalmente inocente", disse Granda.
No exame, foi encontrada cocaína numa proporção de 200 partes por milhão. Qualquer traço da droga é considerado doping.
"(A quantidade) é compatível com a utilização convencional, mas não temos elementos para definir entre um chá e a droga que contém a coca", disse De Rose.
Está certo que a ingestão da cocaína foi feita no Canadá, pois a droga só pode ser identificada num período de no máximo cinco dias após o uso -e Sotomayor estava no país havia oito dias.
A delegação deve tentar agora evitar que o cubano seja suspenso pela Federação Internacional de Atletismo Amador.
O atleta que tem teste positivo de doping é eliminado dos Jogos -no caso de medalhistas, eles perdem as medalhas-, não cabendo à Comissão Médica aplicar qualquer tipo de punição.
A competência para suspender o atleta é da confederação internacional de cada modalidade.
Essa seria a quarta medalha de ouro de Sotomayor em Pans -além disso, ganhou o ouro olímpico em Barcelona-92 e os Mundiais de 93 e 97.
Com a desclassificação de Sotomayor (que havia marcado 2,30 m), o Canadá passou para o primeiro lugar com uma espécie de "agio", ou seja, dois ouros, já que Kwaku Boateng e Mark Bokswell tinham terminado a prova empatados em segundo, com 2,25 m.


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