UOL


São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em crise, todos os fundadores do Clube dos 13 têm bens penhorados como garantia para dívidas

Justiça deixa clubes de futebol no prego

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol pentacampeão mundial está no prego. Os clubes mais populares e ricos do país têm hoje ou já tiveram bens penhorados para o pagamento de dívidas.
Todos os times que há 16 anos fundaram o Clube dos 13 colocaram patrimônios móveis ou imóveis como garantias de pagamento de débitos cobrados na Justiça.
Dos atuais 20 membros, apenas o Goiás não teria bens penhorados. Pelo menos não admite.
Levantamento feito pela Folha com clubes, sindicatos de atletas, advogados e varas de execução mostra que, sem dinheiro, os clubes estão disponibilizando até os maiores símbolos de sua história para satisfazer credores.
A enxurrada de penhoras acontece justamente no período de maior crise financeira da história do futebol nacional. Com as receitas de TV e de bilheteria cada vez mais baixas e já sem o tradicional artifício de fazer caixa com a venda de passe de atletas, os clubes estão sem dinheiro para saldar milionárias dívidas com Receita Federal, INSS, ex-funcionários, ex-atletas e ex-treinadores.
Quando são acionados judicialmente, têm que apresentar garantias de que podem saldar as dívidas. Antes, costumavam oferecer os contratos de transmissão de TV, sua principal fonte de receita. O problema é que a fila dos processos é tão grande que há clubes com a receita penhorada até 2008.
Os credores normalmente apelam ao bloqueio das rendas dos jogos, prática mais segura, mas que os clubes evitam ao máximo, oferecendo bens imóveis. Outra ação recorrente é localizar contas nos nomes das entidades e pedir o bloqueio -estratégia que credores chamam de "penhora online", via Banco Central.
Para driblar a indisponibilidade de dinheiro vivo, as associações passaram a oferecer bens imóveis, principalmente estádios e sedes sociais. Nas causas menores, os objetos de penhora mais comuns são carros e ônibus antigos.
O fato de um clube oferecer patrimônio para pagar uma dívida não significa que ele vá perdê-lo. Na maioria dos casos, os objetos de penhora são dados apenas para postergar o pagamento da dívida. Quando um clube como o Corinthians empenha uma parte do Parque São Jorge, cria dificuldades para seus credores -não é fácil encontrar compradores.
As agremiações também têm até o leilão para liquidar a dívida. Então, depositam o dinheiro em juízo e sustam a penhora, em uma ciranda financeira que, se não resolve, empurra para a frente.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Futebol: Clubes penhoram até bombas de piscinas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.