São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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revolução digital

YouTube refaz a história na F-1

FIA abre investigação sobre Hamilton com base em vídeo de torcedor e cria precedente no esporte

Eventual punição por acidente no Japão pode abalar chances de o inglês conquistar o Mundial neste domingo, no GP da China

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Um torcedor anônimo das arquibancadas do Fuji Speedway pode minar as chances de Lewis Hamilton no GP da China e mudar o rumo do Mundial de F-1. Mais importante, porém: criou precedente histórico na relação do esporte com a chamada "mídia alternativa".
Seus instrumentos, uma câmera amadora e o YouTube, site de compartilhamento de vídeos mais acessado na internet.
O torcedor estava em Fuji no último domingo, acompanhando o GP do Japão. E flagrou um momento-chave da prova, não registrado pelas câmeras de TV: na 46ª volta, sob safety car, Hamilton reduziu a velocidade e jogou seu McLaren para a direita, numa trajetória atípica.
As emissoras mundo afora só mostraram o ato seguinte: Sebastian Vettel, então terceiro colocado, acertou com tudo a traseira de Mark Webber, que vinha logo atrás de Hamilton.
Ainda no Japão, Vettel foi considerado culpado pelo acidente e punido com a perda de dez posições no grid da China.
A história provavelmente ficaria assim se o torcedor não tivesse postado o vídeo no Youtube. Ele o fez. Os 18 segundos da filmagem viraram hit entre os fãs da F-1, e o link chegou à tela de Franz Tost, chefe da Toro Rosso, a equipe de Vettel.
O dirigente levou a novidade aos comissários da FIA em Xangai, acusando o inglês de ter sido o deflagrador do acidente. As imagens deixam claro que Hamilton estava muito próximo do safety car, e o regulamento esportivo estipula distância mínima de cinco carros.
E, aí, o precedente: com base num vídeo amador que fez fama na internet, a entidade máxima do automobilismo aceitou abrir investigação sobre a conduta de Hamilton. Ele estaria sujeito, por exemplo, à perda de posições no grid do GP da China. Os treinos livres começariam ontem à noite, e a sessão oficial acontece às 3h de amanhã (horário de Brasília).
O resultado da investigação provavelmente seria anunciado pela FIA nesta madrugada. Uma eventual punição mudaria um cenário que parecia extremamente favorável para Hamilton conquistar, já no domingo, o título da F-1.
Com 12 pontos de vantagem sobre Fernando Alonso e 17 sobre Kimi Raikkonen, o inglês pode ser campeão até se chegar atrás dos rivais na corrida. Se a folga para o adversário mais próximo for de 11 pontos ao término do GP, o Mundial é dele.
Ontem, em Xangai, Hamilton foi muito criticado pelos colegas. "Ele fez porcaria atrás do safety car", disse Webber, que, ao lado de Ralf Schumacher e Alonso, dirige a GPDA, a associação dos pilotos.
"O mais engraçado é que na reunião antes da corrida ele falou como agiria e acabou fazendo tudo diferente. Mas foi bom porque da próxima vez já sabemos o que esperar", completou.
A queixa dos pilotos é que Hamilton estava lento atrás do carro-madrinha e que brecava constantemente -foram 25 voltas de safety car no GP.
"A verdade é que ele não tinha velocidade. Ele estava tão devagar que achei que tivesse quebrado", afirmou Vettel.
As críticas a Hamilton, porém, não vieram só de quem estava envolvido no acidente. E não se resumiram ao seu comportamento atrás do safety car.
"Sem dúvida, neste ano vimos coisas que não deveriam ser punidas receberem punições e quem deveria passar ileso. Foi um campeonato em que muita gente queria ver o Hamilton campeão", afirmou Felipe Massa.


NA TV - Treino classificatório para o GP da China Globo, ao vivo, às 3h de amanhã

Tire sua conclusão sobre a atitude de Hamilton


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