São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO
O caminho mais curto



É mais arriscado terminar o ano com uma campanha ruim na Série A do que com uma campanha boa na B


VOCÊ NÃO precisa concordar com a idéia de que qualquer time promovido da Série B chega à Série A com a missão de se salvar. Na verdade, é mais arriscado terminar o ano com campanha ruim na Série A do que com campanha boa na B. Confira o retrospecto: dos 12 times promovidos para o Brasileirão de pontos corridos, só quatro foram rebaixados no mesmo ano.
Mano Menezes já respondeu algumas vezes que não sabe o que seria do seu Corinthians se estivesse na primeira divisão. É impossível dizer se estaria brigando por vaga na Libertadores, no bloco intermediário ou lutando contra o rebaixamento, a hipótese mais remota.
Muito mais fácil é imaginar o que será do Corinthians na Série A, em 2009. Vai brigar por um lugar na Libertadores, quer apostar? Mano Menezes não aposta, mas avaliza essa idéia em uma resposta curta.
"Qual time está mais pronto para a Série A? O seu Corinthians, hoje, ou o Grêmio, no final da Segundona, em 2005?"
"O Corinthians", responde Mano. Mentalmente, o técnico recupera a escalação da reta de chegada de 2005. Só Patrício, Pereira, Marcelo Costa e Ricardinho foram titulares na Batalha dos Aflitos e na reestréia na Série A, cinco meses depois.
Quando o Grêmio começou a brigar pela vaga, que acabou conquistando, na Libertadores, nenhum dos quatro era mais titular, embora três remanescentes da Segundona (Lucas, Sandro Goiano e Jeovânio) fossem.
Do Corinthians que empatou ontem com o Marília, pode escrever que Chicão, William, André Santos, Morais, Douglas e Dentinho estarão na Série A. E também estarão Fabinho e Lulinha.
Nenhum desses oito nomes será citado no período que Mano Menezes define como o mais traumático na transição entre segunda e primeira divisões: os cortes. O técnico corintiano é ainda mais preciso ao explicar por que razão o Corinthians chega mais pronto do que aquele Grêmio. Em 2005, Mano assumiu o Tricolor gaúcho na primeira rodada da Série B e precisou remontar o time durante a competição. Chegou à última rodada ainda em busca de um empate, nos Aflitos, para garantir o acesso. Só a partir daí começou a pensar no time para 2006.
"No Corinthians, montamos a equipe da Série B durante o Campeonato Paulista, e a campanha permitiu contratar alguns jogadores já visando a Série A", conta.
Ainda há um abismo entre o Corinthians de Mano Menezes e o da diretoria. Também havia entre o time, em campo, e o presidente Mustafá Contursi, para lembrar o Palmeiras de 2004, que saiu da Série B direto para a Libertadores, como o Grêmio 2005/2006. Mas até no quesito grana há mais para investir no Parque São Jorge, hoje, do que havia no Olímpico, em 2005. Agora, por um segundo, mude de endereço. Viaje para São Januário e pense no Vasco que ontem enfrentaria o Figueirense. Baiano, Eduardo Luís, Fernando, Valmir, Victor e Edmundo, o último por opção própria, não devem passar o réveillon em São Januário, salve-se a nau cruzmaltina ou não.
Na verdade mesmo, é muito mais arriscado ser um time fraco na Série A do que um time forte na Série B.

pvc@uol.com.br


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