São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Fora da Olimpíada, futsal não consegue participar da prosperidade chinesa

DA ENVIADA A BRASÍLIA

A Olimpíada de Pequim demonstrou o quanto a China investe pesado no esporte. Isso, no entanto, não ocorre com o futsal. Por não ser uma modalidade olímpica, os dirigentes chineses a relegam a uma posição bem menos importante.
A equipe chinesa que disputa o Mundial do Brasil é toda composta por ex-jogadores de futebol que não conseguiram se firmar no campo -o esporte é uma paixão nacional no país, apesar do talento ser escasso. Consolo, então, foi o futsal.
"Depois dos 18 anos, eles não foram aproveitados no campo, então tentam realizar o sonho de jogar profissionalmente no futsal mesmo", conta o técnico brasileiro Guilherme Carvalho, mais conhecido como Farinha. Ele comanda a seleção chinesa desde agosto de 2007.
Mas o caminho para o profissionalismo na China é trilhado por poucos. A liga nacional conta com seis equipes, sendo que apenas uma é profissional. Na melhor das hipóteses, um jogador recebe o equivalente a R$ 1.700.
Desanimado com a falta de perspectiva no futsal, o fixo Li Jian chegou a comunicar ao técnico que abandonaria a seleção no fim do ano passado para procurar emprego.
"Argumentei que, se nós nos classificássemos para o Mundial, a situação poderia melhorar. Ele relutou, mas acabei convencendo-o a permanecer", conta Farinha, que ainda tem de lidar com as reclamações dos demais jogadores.
"Eles se queixam dos baixos salários. Não receberam ainda nem o prêmio que os dirigentes haviam prometido pela classificação", diz o brasileiro.
A verba destinada para a preparação da Copa foi tão exígua que, na semana em se hospedaram em Belo Horizonte, antes de irem para Brasília, os jogadores tiveram que lavar os próprios uniformes.
"O dinheiro é todo contado, pois o que o futsal recebe é a sobra do que investem no futebol", declara Farinha.
Além dos parcos recursos, outro problema enfrentado por ele foi a tentativa de interferência dos dirigentes em seu trabalho. Farinha passou a conceder folgas para os jogadores, o que desagradou aos mandatários da modalidade.
"Eles queriam que os jogadores treinassem todos os dias, mas chega uma hora que o jogador não agüenta mais fisicamente. Falei que só continuaria se eles não interferissem no meu trabalho. Aceitaram, e estou aqui", conta o mineiro, já sondado para continuar seu trabalho depois do Mundial.
Com tantas adversidades, as pretensões no torneio são modestas. A China quer conquistar a primeira vitória em um Mundial, feito que nem a seleção de futebol atingiu.
No Grupo C, a equipe ainda disputará três partidas na primeira fase. Além do Egito, oponente de hoje, às 10h30, terá pela frente Guatemala e Ucrânia.
Farinha ainda consegue demonstrar-se otimista quanto ao desenvolvimento do futsal na China. Pela primeira vez, uma competição de futsal está sendo transmitida ao vivo no país. A CCTV, maior emissora chinesa, detém os direitos de exibição do Mundial.
"Além disso, fiquei sabendo que a vice-presidente da confederação de futebol, que está aqui no Brasil, demonstrou a intenção de o país sediar o próximo Mundial. Se isso acontecer, vai fortalecer muito o futsal lá", afirma Farinha.0 (MB)


Texto Anterior: Polêmica: Técnico italiano rebate desconfiança de cartola da Fifa
Próximo Texto: Vôlei: Torneio vê decisão entre tricampeãs
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.