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foco
Fora da Olimpíada, futsal não consegue participar
da prosperidade chinesa
DA ENVIADA A BRASÍLIA
A Olimpíada de Pequim demonstrou o quanto a China investe pesado no esporte. Isso,
no entanto, não ocorre com o
futsal. Por não ser uma modalidade olímpica, os dirigentes
chineses a relegam a uma posição bem menos importante.
A equipe chinesa que disputa o Mundial do Brasil é toda
composta por ex-jogadores de
futebol que não conseguiram
se firmar no campo -o esporte
é uma paixão nacional no país,
apesar do talento ser escasso.
Consolo, então, foi o futsal.
"Depois dos 18 anos, eles não
foram aproveitados no campo,
então tentam realizar o sonho
de jogar profissionalmente no
futsal mesmo", conta o técnico
brasileiro Guilherme Carvalho, mais conhecido como Farinha. Ele comanda a seleção
chinesa desde agosto de 2007.
Mas o caminho para o profissionalismo na China é trilhado por poucos. A liga nacional conta com seis equipes,
sendo que apenas uma é profissional. Na melhor das hipóteses, um jogador recebe o
equivalente a R$ 1.700.
Desanimado com a falta de
perspectiva no futsal, o fixo Li
Jian chegou a comunicar ao
técnico que abandonaria a seleção no fim do ano passado
para procurar emprego.
"Argumentei que, se nós nos
classificássemos para o Mundial, a situação poderia melhorar. Ele relutou, mas acabei
convencendo-o a permanecer", conta Farinha, que ainda
tem de lidar com as reclamações dos demais jogadores.
"Eles se queixam dos baixos
salários. Não receberam ainda
nem o prêmio que os dirigentes haviam prometido pela
classificação", diz o brasileiro.
A verba destinada para a
preparação da Copa foi tão exígua que, na semana em se hospedaram em Belo Horizonte,
antes de irem para Brasília, os
jogadores tiveram que lavar os
próprios uniformes.
"O dinheiro é todo contado,
pois o que o futsal recebe é a
sobra do que investem no futebol", declara Farinha.
Além dos parcos recursos,
outro problema enfrentado
por ele foi a tentativa de interferência dos dirigentes em seu
trabalho. Farinha passou a
conceder folgas para os jogadores, o que desagradou aos
mandatários da modalidade.
"Eles queriam que os jogadores treinassem todos os dias,
mas chega uma hora que o jogador não agüenta mais fisicamente. Falei que só continuaria se eles não interferissem no
meu trabalho. Aceitaram, e estou aqui", conta o mineiro, já
sondado para continuar seu
trabalho depois do Mundial.
Com tantas adversidades, as
pretensões no torneio são modestas. A China quer conquistar a primeira vitória em um
Mundial, feito que nem a seleção de futebol atingiu.
No Grupo C, a equipe ainda disputará três partidas
na primeira fase. Além do
Egito, oponente de hoje, às
10h30, terá pela frente Guatemala e Ucrânia.
Farinha ainda consegue
demonstrar-se otimista
quanto ao desenvolvimento
do futsal na China. Pela primeira vez, uma competição
de futsal está sendo transmitida ao vivo no país. A
CCTV, maior emissora chinesa, detém os direitos de
exibição do Mundial.
"Além disso, fiquei sabendo que a vice-presidente da
confederação de futebol,
que está aqui no Brasil, demonstrou a intenção de o
país sediar o próximo Mundial. Se isso acontecer, vai
fortalecer muito o futsal lá",
afirma Farinha.0
(MB)
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