São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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MEMÓRIA

Mecenas foram bem em campo e mal longe dele

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos 94 anos de sua história, o Corinthians viveu seus melhores momentos justamente quando teve milionárias parcerias. Entre 1997 e 2002 o clube viu dois investidores -banco Excel e o fundo HMTF- despejarem quase US$ 100 milhões em seus cofres.
O resultado dessa montanha de dinheiro foi a conquista de taças em ritmo inédito no Parque São Jorge. Foram oito títulos no período, incluindo dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e o Mundial de Clubes da Fifa.
Entre 1993 e 1996, quando o clube já era administrado por Alberto Dualib (que surfou no dinheiro fácil das parcerias), foram apenas dois títulos.
Acostumado a times que se destacavam mais pela garra do que pela qualidade técnica, o corintiano viu o clube contratar jogadores consagrados na época do Excel e do HMTF.
O primeiro trouxe de início, entre outros, o então artilheiro Túlio, o atacante Edílson e o zagueiro Antônio Carlos. Em um segundo estágio, contratou o técnico Vanderlei Luxemburgo. Com ele, chegaram outras estrelas, como Vampeta, Ricardinho e Gamarra.
O HMTF não ficou atrás. Com o dinheiro do fundo norte-americano, o Corinthians trouxe para seu elenco o atacante Luizão e o goleiro Dida, ambos destaques na conquista do Mundial da Fifa em 2000, quando foi atingido o auge em termos de conquistas da história do clube.
Mas o sucesso dentro de campo não se repetiu fora dele.
Uma de suas principais apostas de marketing, o Corinthians não foi capaz de impulsionar o sucesso do Excel.
Em 1998, menos de dois anos depois de fazer a parceria com o clube paulista e já praticamente quebrado, o banco foi negociado por um preço simbólico com um conglomerado financeiro espanhol, que preferiu acabar com o investimento no futebol.
A parceria entre Corinthians e HMTF também foi um mico fora de campo. O clube era só parte do plano dos americanos, que também montaram um canal esportivo por assinatura, um site esportivo e outra parceria com o Cruzeiro.
Todos esses negócios naufragaram. Só no Corinthians o prejuízo mensal era de R$ 1 milhão. Os americanos esperavam ganhar muito dinheiro negociando diretamente a venda dos direitos de TV do clube, mas isso nunca foi adiante.
Sonhavam ainda em ganhar milhões com a venda de produtos licenciados com a marca Corinthians, mas, segundo eles, a concorrência dos piratas também inviabilizou esse tipo de negócio.
O plano de construir um estádio também não teve sucesso. O HMTF chegou a comprar um terreno para fazer a arena, mas a obra nunca foi iniciada.
Em meados de 2002, a parceria foi desfeita.
Até hoje o Corinthians tem jogadores que foram contratados pelos americanos, como o volante Fabinho. (PC E RP)


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