São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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FUTEBOL

Clube que ganhou fama de "rei do mata-mata" é o pior da elite no novo sistema e, na lanterna, ruma para a Série B

Grêmio é a maior vítima do ponto corrido

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os pontos corridos foram cruéis com o "rei do mata-mata" do futebol brasileiro. O Grêmio, dono do pior aproveitamento de pontos no Brasileiro com sistema de disputa europeu, caminha a passos largos para a segunda divisão.
Amanhã, fora de casa, contra o Paraná, um concorrente direto que tem seis pontos a mais e um jogo a menos, o abismo do lanterninha Grêmio para os demais times que estão na zona de rebaixamento poderá aumentar mais.
Faltam apenas sete rodadas para o término do Nacional, e o tradicional clube gaúcho ostenta somente 35 pontos na tabela, quatro a menos que o vice-lanterna, o Guarani, e oito a menos que o 20º, posto que não rende descenso.
Desde que os pontos corridos estrearam no Nacional, no ano passado, o Grêmio definha. Foram apenas 85 pontos em 85 jogos -o Santos somou 159 pontos somando as duas competições. O aproveitamento do Grêmio nos pontos corridos é de 33,3% -só o Bahia tem aproveitamento igual, mas em uma só edição.
Segundo os números do Datafolha, nesse sistema de disputa o Grêmio é o time que mais perdeu (42 vezes), que mais foi batido em casa (14 vezes), que mais sofreu gols de cabeça (36), que mais levou gols de fora da área (26)...
No segundo turno do atual Nacional, o Grêmio é lanterna disparado, com nove pontos -e um aproveitamento de 18,8%. Para complicar, a tabela ainda reserva encontros duros para o time gaúcho -pega, por exemplo, Santos e Atlético-PR, líder e vice-líder.
No ano passado, o Grêmio escapou por pouco do rebaixamento. Cláudio Duarte, atual treinador, é o sétimo que dirige o clube na era dos pontos corridos no Nacional.
O recordista de títulos da Copa do Brasil (quatro taças) e que tem duas Libertadores e um Mundial interclubes não brilha hoje nem no Gaúcho -o último título de peso foi a Copa do Brasil de 2001.
A gestão do presidente Flávio Obino deve acabar no final do ano sem títulos de expressão e, muito pior que isso, com o clube afundado em dívidas e na Série B.
"O Palmeiras caiu, mas estava bem administrativamente. O Grêmio está caindo muito mal. O clube teve administração recente perdulária. A falência da ISL [parceira que fechou] não é desculpa. Gastaram muito mais do que podiam. E o atual presidente, em vez de modernizar o clube, diminuiu o tamanho do Grêmio. O time vai pagar sua incompetência na segunda divisão", diz Fábio Koff, presidente do Clube dos 13.
O dirigente, que viveu época de ouro à frente do Grêmio, já conta com seu clube de coração na Série B e nega qualquer ajuda posterior ao time. "Vou ser a primeira voz contra virada de mesa para o Grêmio. Me pedem para voltar à presidência, mas na situação que está o clube é impossível. Nem indico nenhum amigo para o cargo."


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