São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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MOTOR

FÁBIO SEIXAS - fabioseixas.folha@uol.com.br

Geração espontânea

O DOCUMENTÁRIO "Senna" mostra o protagonista, mostra Prost, e então a voz de um comentarista francês dá a letra: "Prost versus Senna era um grande sucesso, e Ecclestone sabia conduzir tudo isso muito bem".
Em proveito do drama, da tensão, das audiências globais de TV, claro. Não necessariamente (ou sempre) em prol do esporte.
O inglês, obviamente, não inventou aquela rivalidade. Ela apareceria, mesmo que eles fossem colegas de escola. E surgiu numa época em que a F-1 vivia o monopólio de um time. Tinha tudo para ser chata, uma cruz.
Bingo. A salvação. Ecclestone enxergou ali uma novela que captaria a atenção do público. O duelo do jovem sul-americano atleta temente a Deus contra o veterano europeu baixinho ardiloso. Quanto mais eles se estranhassem, melhor...
A F-1 explodiu no mundo.
De lá para cá, a categoria até viu alguns duelos, mas nada muito atraente. Schumacher x Villeneuve prometia, mas acabou quando o canadense foi para a BAR. Hakkinen nunca empolgou. Montoya engordou. Schumacher parou. Era melhor esperar a próxima geração.
Que acelera em Interlagos a partir de hoje.
Alonso e Webber têm chances reais de título, são os candidatos mais fortes. Hamilton e Vettel correm por fora, mas prometem engrossar. Massa sempre brilha em casa. Kubica às vezes apronta. Button é o atual campeão. E há um Schumacher que começou a andar bem há algumas provas.
São 11 títulos mundiais na pista, um recorde para o GP.
Novela mais complexa, com mais personagens e mais marcas envolvidas.
A F-1 vive hoje sua disputa mais significativa desde que o francês deixou as pistas, tetracampeão, no fim de 93 -e Ecclestone nem precisou intervir.
Sorte do torcedor.

F-1
NA TELA
O documentário estreia nas salas brasileiras na sexta-feira que vem, dia 12. Vale pelas imagens. Vale pelos depoimentos, inclusive de "gente comum", nas ruas, que ajudam a lembrar da força do mito. Peca pela insistência no maniqueísmo -Senna, afinal, não era apenas o santo pintado ali. E é um prazer ver Reginaldo Leme, mestre de todos que seguimos essa carreira, conduzindo toda a trama, falando dos bastidores, revelando impressões.

F-1
NO OSSO
Todos os concorrentes ao título já estouraram o limite de oito motores. Assim, correrão em Interlagos com propulsores usados. Webber é o mais tranquilo: só ultrapassou a cota na última etapa. Alonso é o que tem o maior pepino: desde Cingapura, em setembro, disputa GPs com motores rodados. Hamilton e Vettel tiveram motores usados em Yeongam, mas o alemão corre em Interlagos com um propulsor de dois GPs. Esta conta pode ser decisiva.


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