São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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RITA SIZA

Bodas de prata


O futebol mudou totalmente em 25 anos, mas Alex Ferguson, técnico do United, virou uma constante

Os ingleses têm um ditado que defende que a variedade é que dá tempero à vida. Claramente não se aplica em Manchester, onde o técnico escocês Alex Ferguson se prepara para comemorar as bodas de prata à frente da equipa do United. A data oficial é só amanhã, mas certamente não vai passar desapercebida quando o time entrar hoje em campo para enfrentar o Sunderland, a 1409ª vez que Ferguson comanda a equipa no banco.
Em 25 anos, acontece muita coisa. Não estou a falar nas voltas e reviravoltas da história do mundo.
Basta pensar só no futebol. Em 6 de novembro de 1986, a primeira vez que Alex Ferguson se sentou no banco do United, não havia cadeiras no estádio -a torcida assistia ao jogo de pé. Não havia transmissões televisivas nem publicidade nos equipamentos. O clube era penúltimo no Campeonato Inglês, que não era ainda a Premier League. Ninguém sonhava ainda que um dia surgiria a Champions. Ou que um futebolista belga chamado Bosman um dia iria virar lei. O Liverpool era a força dominante. Os clubes jogavam num clássico 4-4- -2. Os goleiros podiam receber com as mãos passes de atraso. Não havia descontos depois de 45 minutos nem quarto árbitro.
O futebol mudou brutalmente, mas para a imensa massa associativa de Manchester e os muitos milhares de aficionados do United que nasceram na década de 80, há uma constante na vida.
Não nutro nenhuma simpatia especial por Ferguson. Aliás, antipatizo particularmente com o seu mastigar bovino de chiclete durante os jogos, que não me parece muito elegante nem condizente com o seu estatuto de "sir", mas essa é uma embirração pessoal absolutamente irrelevante. Reconheço, porém, que dificilmente se encontra um outro líder esportivo que reúna o mesmo consenso e respeito universal. E não só pelo seu impressionante histórico: 27 títulos -12 campeonatos, cinco taças da Inglaterra, duas taças da Champions e um Mundial da Fifa- fazem dele o treinador mais bem-sucedido do futebol inglês.
Para mim, Alex Ferguson é notável e extraordinário pela capacidade de definir objectivos e alcançá-los.
De traçar estratégias e executá-las. De evoluir e estar sempre na vanguarda. De descobrir e formar talentos, revelando ao mundo jogadores fantásticos e produzindo actuações inesquecíveis.
Pode-se argumentar que ele é autoritário, intratável, arrogante e até sortudo. Também é o que dizem do português José Mourinho, que muitos gostam de qualificar como o melhor treinador do mundo. Quando Mourinho conseguir manter-se no topo do futebol mundial, liderando um clube por 25 anos, não terei o mínimo problema em concordar.


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