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FUTEBOL
Após triunfo insosso sobre Getafe, time galáctico demite o técnico brasileiro, que vivia crise com espanhóis no clube
"Era Luxemburgo" acaba no Real Madrid
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram 45 jogos oficiais à frente
do clube de futebol mais famoso
do mundo. Vanderlei Luxemburgo não durou um ano no comando do galáctico Real Madrid.
O técnico brasileiro foi demitido ontem pelo presidente do clube madrileno, Florentino Pérez,
um dia após vencer com futebol
pouco convincente o Getafe por 1
a 0 pelo Campeonato Espanhol.
""Tenho quatro fatores fundamentais: disciplina, união, profissionalismo e trabalho", disse Luxemburgo no dia 30 de dezembro
do ano passado, quando foi apresentado como treinador do ""clube do século 20" para a Fifa.
Pela falta de pelo menos dois
desses fatores, Luxemburgo caiu.
Não havia mais união no elenco
estelar. Alguns jogadores e diretores espanhóis do clube estavam
desgostosos com a ""avalanche"
de brasileiros no Real Madrid.
Além das chegadas de Júlio
Baptista e Robinho (contratado
por US$ 30 milhões), o time espanhol fez pré-contrato com Cicinho e montou uma vasta comissão técnica brasileira -Paulo
Campos foi o último a chegar a
Madri para auxiliar ""Luxe", apelido dado ao técnico brasileiro, e
recebeu multa recentemente por
duvidar de uma lesão de Guti.
Outro ponto que teria influenciado na decisão de Florentino
Pérez de demitir Luxemburgo
poucos dias após dar garantias de
que ele seguiria no cargo foi a falta
de trabalho mais forte. O presidente queria treinos em dois períodos, e Luxemburgo teria dito
que o time não suportaria fisicamente esse ritmo mais puxado.
López Caro, que era técnico do
Castilla, uma espécie de filial do
Real Madrid, já viajou ontem para
a capital espanhola para assumir
provisoriamente o time galáctico.
Beckham, o jogador não-brasileiro que mais vinha defendendo
Luxemburgo no cargo, foi expulso na partida de anteontem.
Os resultados em campo não foram satisfatórios. O Real Madrid
fechou a temporada passada sem
título com Luxemburgo. Nesta
temporada, o time faz campanha
irregular, tendo perdido alguns
jogos de forma acachapante. Foi
assim contra o Lyon na Copa dos
Campeões e contra o Barcelona
no Espanhol -foram dois 3 a 0.
A imprensa espanhola já noticiava desde ontem cedo a saída de
Luxemburgo, que só foi confirmada no fim da tarde. Florentino
Pérez se reuniu com o diretor Arrigo Sacchi e com o vice-presidente Emilio Butragueño para definir
a saída do treinador brasileiro, assediado por times paulistas.
Ontem, Luxemburgo ainda comandou treinamento no Real. O
último treino veio após conversas
com Butragueño e Sacchi. Ele havia selecionado equipe cheia de
jogadores jovens para enfrentar o
Olympiakos pela Copa dos Campeões -só jogaria Casillas dentre
os titulares porque o Real já está
assegurado no mata-mata.
Luxemburgo estava sério e triste
quando chegou na manhã de ontem ao CT galáctico. Os reservas
fizeram trabalho mais intenso, e
os titulares trataram mais de se recuperar fisicamente. Roberto
Carlos e Ronaldo, assim como
Guti, nem acompanharam os demais jogadores em leve corrida.
No último dia de ""Luxe", ele
passou boa parte do tempo no
banco de reservas apenas observando o treino. Segundo a Efe,
agência espanhola de notícias, ele
não chegou a se despedir dos atletas no vestiário, pois ainda não
havia sido oficializada sua saída.
Luxemburgo chegou inclusive a
dar um ""até amanhã" para os jornalistas que estavam presentes.
No fim da tarde, ele e Raúl, atacante espanhol que é um dos líderes do time, foram avisados da demissão. Com uma carreira vitoriosa no Brasil -é recordista de
títulos do Brasileiro, com cinco
conquistas-, Luxemburgo não
ganhou títulos de expressão com
clubes fora do país e deixa o forte
Real Madrid sem ter obtido nenhuma taça.
Colaborou Ricardo Perrone,
do Painel FC
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