São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Após triunfo insosso sobre Getafe, time galáctico demite o técnico brasileiro, que vivia crise com espanhóis no clube

"Era Luxemburgo" acaba no Real Madrid

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram 45 jogos oficiais à frente do clube de futebol mais famoso do mundo. Vanderlei Luxemburgo não durou um ano no comando do galáctico Real Madrid.
O técnico brasileiro foi demitido ontem pelo presidente do clube madrileno, Florentino Pérez, um dia após vencer com futebol pouco convincente o Getafe por 1 a 0 pelo Campeonato Espanhol.
""Tenho quatro fatores fundamentais: disciplina, união, profissionalismo e trabalho", disse Luxemburgo no dia 30 de dezembro do ano passado, quando foi apresentado como treinador do ""clube do século 20" para a Fifa.
Pela falta de pelo menos dois desses fatores, Luxemburgo caiu. Não havia mais união no elenco estelar. Alguns jogadores e diretores espanhóis do clube estavam desgostosos com a ""avalanche" de brasileiros no Real Madrid.
Além das chegadas de Júlio Baptista e Robinho (contratado por US$ 30 milhões), o time espanhol fez pré-contrato com Cicinho e montou uma vasta comissão técnica brasileira -Paulo Campos foi o último a chegar a Madri para auxiliar ""Luxe", apelido dado ao técnico brasileiro, e recebeu multa recentemente por duvidar de uma lesão de Guti.
Outro ponto que teria influenciado na decisão de Florentino Pérez de demitir Luxemburgo poucos dias após dar garantias de que ele seguiria no cargo foi a falta de trabalho mais forte. O presidente queria treinos em dois períodos, e Luxemburgo teria dito que o time não suportaria fisicamente esse ritmo mais puxado.
López Caro, que era técnico do Castilla, uma espécie de filial do Real Madrid, já viajou ontem para a capital espanhola para assumir provisoriamente o time galáctico. Beckham, o jogador não-brasileiro que mais vinha defendendo Luxemburgo no cargo, foi expulso na partida de anteontem.
Os resultados em campo não foram satisfatórios. O Real Madrid fechou a temporada passada sem título com Luxemburgo. Nesta temporada, o time faz campanha irregular, tendo perdido alguns jogos de forma acachapante. Foi assim contra o Lyon na Copa dos Campeões e contra o Barcelona no Espanhol -foram dois 3 a 0.
A imprensa espanhola já noticiava desde ontem cedo a saída de Luxemburgo, que só foi confirmada no fim da tarde. Florentino Pérez se reuniu com o diretor Arrigo Sacchi e com o vice-presidente Emilio Butragueño para definir a saída do treinador brasileiro, assediado por times paulistas.
Ontem, Luxemburgo ainda comandou treinamento no Real. O último treino veio após conversas com Butragueño e Sacchi. Ele havia selecionado equipe cheia de jogadores jovens para enfrentar o Olympiakos pela Copa dos Campeões -só jogaria Casillas dentre os titulares porque o Real já está assegurado no mata-mata.
Luxemburgo estava sério e triste quando chegou na manhã de ontem ao CT galáctico. Os reservas fizeram trabalho mais intenso, e os titulares trataram mais de se recuperar fisicamente. Roberto Carlos e Ronaldo, assim como Guti, nem acompanharam os demais jogadores em leve corrida.
No último dia de ""Luxe", ele passou boa parte do tempo no banco de reservas apenas observando o treino. Segundo a Efe, agência espanhola de notícias, ele não chegou a se despedir dos atletas no vestiário, pois ainda não havia sido oficializada sua saída. Luxemburgo chegou inclusive a dar um ""até amanhã" para os jornalistas que estavam presentes.
No fim da tarde, ele e Raúl, atacante espanhol que é um dos líderes do time, foram avisados da demissão. Com uma carreira vitoriosa no Brasil -é recordista de títulos do Brasileiro, com cinco conquistas-, Luxemburgo não ganhou títulos de expressão com clubes fora do país e deixa o forte Real Madrid sem ter obtido nenhuma taça.


Colaborou Ricardo Perrone, do Painel FC

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