São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Corvo Edgar crava: vai dar Costa do Marfim

NA COPA-SAFÁRI, zebra neles, digo, elefantes. O corvo Edgar, agourento e secador nato, aposta na Costa do Marfim, que será a primeira colocada na chave do Brasil, como campeã de 2010. "Olhe lá se o time do Dunga vai passar, sei não, hein!", grasna o estimado bicho. "Você viu a cara dele durante o sorteio?"
Passa, sim, mal-assombrada criatura, passa sim, pode até não ser campeã, mas vai longe. "São duas vagas, meu querido, e Portugal vai ficar como?", crocita o desnaturado.
Foi somente a primeira reação, ainda no susto, do pássaro. Depois de uma zapeada pela TV, virou o cricri de sempre. Por causa do nacionalismo, claro. Ele não perdoa essa história de pátria em chuteiras. "Sabe de uma coisa, o Brasil vem embora de cara."
Impossível e surtado, o corvo começou a pregar em várias línguas, inclusive dialetos africanos, um verdadeiro Pentecostes. Só entendi que a equipe marfinense é o seu pitaco mais técnico, científico, digamos assim, algo mais estudado -vez por outra é metido a copiar o PVC, não neste caso copeiro, no pranchetismo mesmo.
O seu chute mais passional não poderia ser outro: Argentina. Ele aprecia o Maradona, incluindo as suas fases mais tortas, não só o que fez em campo. Edgar não separa as coisas, vê sempre um cara pelo conjunto da obra. Gente de qualquer ofício ou gênero.
Se a queda pelo time de dom Diego já era uma praga, o corvo ficou mais fanático depois que foi ao show do grupo argentino Rosario Smowing. Swing, salsa, tango e free-jazz. "Mas com uma levada bem punk", intromete-se o agourento, antes de sair cantando uma canção em homenagem ao seu maradonismo fundamentalista.


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