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precoces
Clubes chegam mais depressa à elite
Primeira divisão dos Estaduais têm times que subiram poucos anos após suas fundações ou adoção do profissionalismo
Dinheiro público é principal explicação para ascensões, mas empresários, patrocínio privado e até Renato Russo impulsionam as equipes
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O que antes era contado em
décadas agora é contabilizado
em um punhado de anos.
A temporada 2008 dos Estaduais, que começou ontem com
o Cearense, está recheada de
histórias de clubes que chegaram à elite pouco depois de
suas fundações ou da transição
para o profissionalismo.
São histórias de ascensões
quase instantâneas, diferentes
das longas escaladas entre divisões de acesso até a primeira divisão no século passado, com
roteiros diversificados.
A adoção por prefeituras é o
fator mais comum, como acontece no Rio de Janeiro, em que
Macaé, Duque de Caxias, Cardoso Moreira e Resende, cujos
clubes, depois de breve existência, conseguiram o acesso à elite graças ao inchaço promovido
pela federação. Todos eles se
aproveitaram do boom econômico que as indústrias do petróleo e de automóveis geraram
para os cofres desses municípios nesta década.
A mesma fartura que fez o
Horizonte, mesmo nome da cidade industrial cearense que
tem uma renda per capita que é
o dobro da média do Estado,
precisar de apenas três temporada para passar da terceira divisão à primeira.
Mas nem só o apoio de dinheiro público explica as ascensões meteóricas nos Estaduais. Brasília tem uma das histórias mais criativas.
O Legião Futebol Clube criou
seu departamento de futebol
apenas em 2006. Logo na estréia, ganhou a terceira divisão.
No ano passado, faturou a segunda e agora se prepara para
estrear na primeira.
O clube tem como principal
chamariz justamente o seu nome, uma homenagem a Renato
Russo, o falecido líder da Legião Urbana, uma das mais populares bandas da história do
rock brasileiro. Com autorização da família dele -sua mãe
até gravou um vídeo pedindo
apoio para o clube-, o Legião
usa a imagem do compositor
para angariar patrocinadores
-são mais de uma dezena- e
toca músicas da banda em seus
jogos para atrair torcedores.
O Paraná é outro prodígio em
içar times recém-fundados ou
novos no profissionalismo para
a elite -casos do TCW, o Toledo Colonia Work, o Adap Maringá e o Real Brasil.
Neste último, que tem só três
anos de vida, está outra face dos
clubes de rápida ascensão. O
Real Brasil pertence a Aurélio
Almeida, empresário que ganhou fama no Paraná por comprar e se desfazer de clubes
com a mesma velocidade que
eles ganharam acessos.
Patrocínios de empresas privadas também ajudam a impulsionar novas equipes. Fundado
em 2002, o Vilavelhense subiu
para a primeira divisão capixaba logo na sua temporada de estréia na segunda. Já ganhou até
vaga na Copa do Brasil. O clube
tem a Garoto, fábrica de chocolates instalada na cidade, como
seu principal patrocinador.
E a história recente do futebol brasileiro mostra que os times de ascensão meteórica podem até peitar clubes com décadas de história e lutar por títulos. O caso mais notório é o
do Ipatinga, campeão mineiro,
superando Atlético-MG e Cruzeiro, apenas sete anos após a
sua fundação.
Mas não é o único: em 2002,
a Ulbra, fundada um ano antes,
subiu da terceira para a segunda gaúcha. Em 2003, obteve o
acesso para a elite e logo na estréia superou o Grêmio nas semifinais e só foi batida pelo Internacional na decisão.
No Nordeste, o Coruripe, outro clube beneficiado pela riqueza do petróleo, precisou
apenas três anos entre sua fundação e o primeiro título no
Campeonato Alagoano.
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