São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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precoces

Clubes chegam mais depressa à elite

Primeira divisão dos Estaduais têm times que subiram poucos anos após suas fundações ou adoção do profissionalismo

Dinheiro público é principal explicação para ascensões, mas empresários, patrocínio privado e até Renato Russo impulsionam as equipes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O que antes era contado em décadas agora é contabilizado em um punhado de anos.
A temporada 2008 dos Estaduais, que começou ontem com o Cearense, está recheada de histórias de clubes que chegaram à elite pouco depois de suas fundações ou da transição para o profissionalismo.
São histórias de ascensões quase instantâneas, diferentes das longas escaladas entre divisões de acesso até a primeira divisão no século passado, com roteiros diversificados.
A adoção por prefeituras é o fator mais comum, como acontece no Rio de Janeiro, em que Macaé, Duque de Caxias, Cardoso Moreira e Resende, cujos clubes, depois de breve existência, conseguiram o acesso à elite graças ao inchaço promovido pela federação. Todos eles se aproveitaram do boom econômico que as indústrias do petróleo e de automóveis geraram para os cofres desses municípios nesta década.
A mesma fartura que fez o Horizonte, mesmo nome da cidade industrial cearense que tem uma renda per capita que é o dobro da média do Estado, precisar de apenas três temporada para passar da terceira divisão à primeira.
Mas nem só o apoio de dinheiro público explica as ascensões meteóricas nos Estaduais. Brasília tem uma das histórias mais criativas.
O Legião Futebol Clube criou seu departamento de futebol apenas em 2006. Logo na estréia, ganhou a terceira divisão. No ano passado, faturou a segunda e agora se prepara para estrear na primeira.
O clube tem como principal chamariz justamente o seu nome, uma homenagem a Renato Russo, o falecido líder da Legião Urbana, uma das mais populares bandas da história do rock brasileiro. Com autorização da família dele -sua mãe até gravou um vídeo pedindo apoio para o clube-, o Legião usa a imagem do compositor para angariar patrocinadores -são mais de uma dezena- e toca músicas da banda em seus jogos para atrair torcedores.
O Paraná é outro prodígio em içar times recém-fundados ou novos no profissionalismo para a elite -casos do TCW, o Toledo Colonia Work, o Adap Maringá e o Real Brasil.
Neste último, que tem só três anos de vida, está outra face dos clubes de rápida ascensão. O Real Brasil pertence a Aurélio Almeida, empresário que ganhou fama no Paraná por comprar e se desfazer de clubes com a mesma velocidade que eles ganharam acessos.
Patrocínios de empresas privadas também ajudam a impulsionar novas equipes. Fundado em 2002, o Vilavelhense subiu para a primeira divisão capixaba logo na sua temporada de estréia na segunda. Já ganhou até vaga na Copa do Brasil. O clube tem a Garoto, fábrica de chocolates instalada na cidade, como seu principal patrocinador.
E a história recente do futebol brasileiro mostra que os times de ascensão meteórica podem até peitar clubes com décadas de história e lutar por títulos. O caso mais notório é o do Ipatinga, campeão mineiro, superando Atlético-MG e Cruzeiro, apenas sete anos após a sua fundação.
Mas não é o único: em 2002, a Ulbra, fundada um ano antes, subiu da terceira para a segunda gaúcha. Em 2003, obteve o acesso para a elite e logo na estréia superou o Grêmio nas semifinais e só foi batida pelo Internacional na decisão.
No Nordeste, o Coruripe, outro clube beneficiado pela riqueza do petróleo, precisou apenas três anos entre sua fundação e o primeiro título no Campeonato Alagoano.


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