São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2009

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JOSÉ ROBERTO TORERO

A feira e o free shop


Tem de tudo, atacante, meia ou lateral, mas, creio, neste início de ano quem melhor contratou foi o São Paulo

"OLHA o centroavante!
Quem vai querer? É só hoje, é hoje só! Também tenho zagueiro! Olha que beleza de negão! Grande, corpulento, de primeira! Não perde uma dividida!
Quem vai querer, quem vai querer?
O freguês precisa de lateral rápido?
Canhoto ou direito? Tenho de tudo quanto é jeito. Vai um volantinho?
Prefere do tipo que bate ou do que sai jogando? Se levar os dois, faço desconto. Quem vai levar, quem vai levar?"
Janeiro, para o futebol, é uma grande feira. Neste período, nossos times são como recém-nascidos.
Eles podem vir a ser qualquer coisa.
Podem comprar um bando de cabeças-de-bagre, podem colocar uns juvenis geniais que estavam escondidos, podem contratar um grande craque à beira da aposentadoria, podem trazer um bêbado que só dará dores de cabeça, podem conseguir o jogador que era o sonho da torcida.
Nesta passagem de ano, a contratação mais bombástica foi a de Ronaldo pelo Corinthians. Foi uma compra no escuro. Há que esperar para ver o quanto ele vai render. Como marketing, foi perfeito. Como futebol, ainda não sabemos.
Aliás, como futebol, as melhores compras foram as feitas pelo São Paulo. Washington foi uma aquisição excelente, Arouca é promissor, Wagner Diniz já fez grandes jogos e tenho boas lembranças de Eduardo Costa. São quatro atletas de primeira. E ainda há Renato Silva e Júnior César, que podem dar bons frutos.
O Santos também fez uma boa rapa. Foi ao Rio e trouxe Triguinho, Luizinho, Lúcio Flávio e Madson.
Estes dois últimos podem dar certo.
Triguinho é um jogador médio, constante. De Luizinho, não lembro.
Para não dizer que o Rio só perdeu jogadores, digo-vos que o Fluminense fez uma bela aquisição: Xandão, a revelação do Guarani. Mas o que me chama mais a atenção no shopping ludopédico é que há muitos repatriados. E esperam-se mais. Em geral há dois tipos de emigrantes que voltam: os que deram errado e os que são um tanto velhos.
Nesta segunda turma, está Léo, ídolo do Santos no começo da década. Ele pode voltar à Vila Belmiro ou ir para o Fluminense. Outro simpático retorno pode ser o de Nadson para o Vitória.
O bom atacante Marcos Aurélio, que estava no Japão, foi repatriado pelo Coritiba. Uma bela tacada do Coxa. E o volante Pingo voou da Coreia para o Avaí. O Vasco trouxe gente de todo canto: Ulisses veio da Turquia, Fágner chegou da Holanda, e Enrico voltou da Suécia. Além disso, o clube recebeu dois estrangeiros legítimos: os paraguaios Benítez e Pedro Vera.
Por fim, o Náutico trouxe dois d'além-mar: Edson Miolo, da Polônia, e Leandro Salino, de Portugal.
Na história recente do futebol do país, houve casos interessantes de repatriamento, como Adriano, no São Paulo, que se reencontrou cá e voltou a se perder lá, e Zé Roberto, que estava encostado na Alemanha, mas jogou tão bem por aqui que foi chamado de volta.
Esses emigrantes retornados são mais ou menos como se recomprássemos carro que já foi nosso. Algumas vezes trazem boas memórias e é como se fossem os que vendemos.
Outras vezes dão só dor de cabeça e não saem da oficina. Veremos.

torero@uol.com.br


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