São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2001

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JUDÔ
Mamede Júnior desiste de sua candidatura ao quarto mandato na entidade
Família Mamede encerra 31 anos de domínio na CBJ

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Joaquim Mamede Júnior, 35, atual presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) desistiu oficialmente ontem de se candidatar para mais um mandato à frente da entidade. A eleição está marcada para o dia 16 de março, na sede do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), no Rio de Janeiro.
Com isso, restaram dois candidatos para a eleição: Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Federação Capixaba de Judô, e Luiz Carlos Novi, diretor de judô da CBDU (Confederação Brasileira do Desporto Universitário).
A desistência de Mamede Júnior encerra um período de 31 anos de sua família na direção da CBJ. Anteriormente, Joaquim Mamede presidiu a entidade por 21 anos. Seu filho está exercendo o terceiro mandato consecutivo.
"Saio da confederação para não ficar essa idéia de que a família Mamede quer se perpetuar no poder. Não queremos nada", afirmou Joaquim Mamede, 72, que articulava a candidatura do filho.
"Entrei na CBJ quando o Brasil era 36º lugar do mundo e deixo a confederação com o país entre os quatro melhores", completou ele, lembrando o bom desempenho da delegação brasileira nos Jogos de Sydney, quando o país conquistou duas medalhas de prata, com o leve Tiago Camilo e o médio Carlos Honorato.
Com a saída de Mamede Júnior, a candidatura de Novi deve sair fortalecida. O dirigente tem o apoio de um grupo de judocas, liderados por Aurélio Miguel, medalha de ouro nos Jogos de Seul (Coréia do Sul), em 1988, e bronze na Olimpíada de Atlanta-1996.
Além disso, Novi é o preferido, pelo menos oficialmente, por Joaquim Mamede -desafeto histórico de Aurélio Miguel.
"O Novi não tem compromissos com ninguém e poderá levar o judô para frente", disse Mamede.
Paradoxalmente, ele tem outro discurso quando analisa Teixeira, seu antigo colaborador. "Ele é a continuação do que fazíamos. Todas as pessoas que estão com ele já trabalharam comigo", analisou.
Teixeira lançou candidatura dizendo ser oposição aos Mamede.
Segundo Mamede, sua família vai permanecer neutra na eleição. No entanto, o dirigente acredita que as federações que o apoiavam irão fechar com Novi.
"Saio da confederação com o apoio de 17 federações estaduais. Vou deixar que cada uma decida o que quiser. Elas vão saber escolher o melhor", acredita ele.
Adoentado, Mamede afirma que decidiu deixar a CBJ por iniciativa própria. "Eu ia sair da confederação ou com os meus próprios pés ou no caixão. Tive um enfarte e Deus me poupou. Agora saio por vontade própria", disse.
Dirigente da CBDU há 25 anos, Novi lançou sua candidatura há apenas duas semanas.
Segundo diz, só decidiu lançar sua candidatura após ouvir o pedido de várias pessoas ligadas à modalidade, que estariam insatisfeitas com as opções de Mamede Júnior e Teixeira.
Com a vantagem de ter se manifestado antes, calcula-se que Teixeira tenha, hoje, uma pequena vantagem para o pleito, com 13 federações o apoiando, contra 11 de seu adversário -o colégio eleitoral é formado por 24 votos.
Apesar dos apoios recebidos, tanto de Mamede como de Aurélio Miguel, o próprio Novi acredita que seu rival esteja na frente.
"Ele é o favorito. Eu cheguei depois, mas tenho chances. É uma tarefa de muita responsabilidade. Estou até assustado com isso", afirmou o candidato.
Para Novi, a saída dos Mamede deve modificar tudo. "Acho que tenho de 11 a 12 votos. Quando o Mamede Júnior estava na disputa, eu tinha seis. Mas, agora, deve haver muitos indecisos", disse ele.
Político, ao saber do apoio velado de Mamede, o dirigente da CBDU evitou entrar em confronto direto com este. "Tenho o apoio do Aurélio Miguel, mas sempre tive uma convivência pacífica com o Mamede. Eu o respeito e ele me respeita", afirmou.
Procurado pela Folha, o candidato Paulo Wanderley Teixeira não foi localizado.


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