|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDÔ
Mamede Júnior desiste de sua candidatura ao quarto mandato na entidade
Família Mamede encerra
31 anos de domínio na CBJ
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Joaquim Mamede Júnior, 35,
atual presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) desistiu
oficialmente ontem de se candidatar para mais um mandato à
frente da entidade. A eleição está
marcada para o dia 16 de março,
na sede do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), no Rio de Janeiro.
Com isso, restaram dois candidatos para a eleição: Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Federação Capixaba de Judô, e Luiz
Carlos Novi, diretor de judô da
CBDU (Confederação Brasileira
do Desporto Universitário).
A desistência de Mamede Júnior encerra um período de 31
anos de sua família na direção da
CBJ. Anteriormente, Joaquim
Mamede presidiu a entidade por
21 anos. Seu filho está exercendo o
terceiro mandato consecutivo.
"Saio da confederação para não
ficar essa idéia de que a família
Mamede quer se perpetuar no poder. Não queremos nada", afirmou Joaquim Mamede, 72, que
articulava a candidatura do filho.
"Entrei na CBJ quando o Brasil
era 36º lugar do mundo e deixo a
confederação com o país entre os
quatro melhores", completou ele,
lembrando o bom desempenho
da delegação brasileira nos Jogos
de Sydney, quando o país conquistou duas medalhas de prata,
com o leve Tiago Camilo e o médio Carlos Honorato.
Com a saída de Mamede Júnior,
a candidatura de Novi deve sair
fortalecida. O dirigente tem o
apoio de um grupo de judocas, liderados por Aurélio Miguel, medalha de ouro nos Jogos de Seul
(Coréia do Sul), em 1988, e bronze
na Olimpíada de Atlanta-1996.
Além disso, Novi é o preferido,
pelo menos oficialmente, por Joaquim Mamede -desafeto histórico de Aurélio Miguel.
"O Novi não tem compromissos com ninguém e poderá levar o
judô para frente", disse Mamede.
Paradoxalmente, ele tem outro
discurso quando analisa Teixeira,
seu antigo colaborador. "Ele é a
continuação do que fazíamos. Todas as pessoas que estão com ele
já trabalharam comigo", analisou.
Teixeira lançou candidatura dizendo ser oposição aos Mamede.
Segundo Mamede, sua família
vai permanecer neutra na eleição.
No entanto, o dirigente acredita
que as federações que o apoiavam
irão fechar com Novi.
"Saio da confederação com o
apoio de 17 federações estaduais.
Vou deixar que cada uma decida
o que quiser. Elas vão saber escolher o melhor", acredita ele.
Adoentado, Mamede afirma
que decidiu deixar a CBJ por iniciativa própria. "Eu ia sair da confederação ou com os meus próprios pés ou no caixão. Tive um
enfarte e Deus me poupou. Agora
saio por vontade própria", disse.
Dirigente da CBDU há 25 anos,
Novi lançou sua candidatura há
apenas duas semanas.
Segundo diz, só decidiu lançar
sua candidatura após ouvir o pedido de várias pessoas ligadas à
modalidade, que estariam insatisfeitas com as opções de Mamede
Júnior e Teixeira.
Com a vantagem de ter se manifestado antes, calcula-se que Teixeira tenha, hoje, uma pequena
vantagem para o pleito, com 13 federações o apoiando, contra 11 de
seu adversário -o colégio eleitoral é formado por 24 votos.
Apesar dos apoios recebidos,
tanto de Mamede como de Aurélio Miguel, o próprio Novi acredita que seu rival esteja na frente.
"Ele é o favorito. Eu cheguei depois, mas tenho chances. É uma
tarefa de muita responsabilidade.
Estou até assustado com isso",
afirmou o candidato.
Para Novi, a saída dos Mamede
deve modificar tudo. "Acho que
tenho de 11 a 12 votos. Quando o
Mamede Júnior estava na disputa,
eu tinha seis. Mas, agora, deve haver muitos indecisos", disse ele.
Político, ao saber do apoio velado de Mamede, o dirigente da
CBDU evitou entrar em confronto direto com este. "Tenho o
apoio do Aurélio Miguel, mas
sempre tive uma convivência pacífica com o Mamede. Eu o respeito e ele me respeita", afirmou.
Procurado pela Folha, o candidato Paulo Wanderley Teixeira
não foi localizado.
Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: Um outro 2001 Próximo Texto: Aurélio Miguel faz campanha para oposição Índice
|