São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Pela culatra

Ingresso para pagar Ronaldo encalha

Na contramão dos outros grandes, público do Corinthians como mandante cai no Paulista, especialmente nas áreas nobres

Após praticamente dobrar preço de numeradas para ajudar a bancar o atacante, clube vê presença da torcida cair 69% nesses assentos

Tom Dib/Lancepress
O atacante corintiano Ronaldo, que ainda está fora de forma, faz exercício em esteira na sala de musculação do Parque São Jorge

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quanto maior a ganância dos cartolas do Corinthians, maior o tombo do clube nas bilheterias do Paulista-2009.
Na contramão dos outros grandes, o Corinthians viu despencar sua média de público na competição. Em três jogos como mandante, a média é de 16.270 pagantes por partida, uma queda de 13% em relação ao mesmo número de confrontos iniciais no ano passado e de 33% quando comparada com o que aconteceu também nas três primeiras rodadas em casa da Série B na última temporada.
Tendo como uma das justificativas a contratação de Ronaldo, e o pagamento de seu salário, a diretoria corintiana aumentou o preço de todos os setores no Pacaembu, principalmente nas áreas mais nobres. O valor das numeradas passou de R$ 50 para R$ 100 -e até para R$ 150 numa nova "área VIP". E aí o tiro saiu pela culatra. O número de corintianos nas numeradas e nas cadeiras especiais do setor laranja (que agora custam R$ 70) caiu neste início de Paulista 69% em relação ao começo da Série B. Nas arquibancadas, o declínio não se mostrou tão estrondoso (26%).
A comparação com o Estadual do ano passado fica impossível de ser feita porque o clube jogou no Morumbi, que tem uma configuração de assentos totalmente diferente do que no estádio municipal.
Com imensos vazios, os setores nobres do Pacaembu no Paulista-09 arrecadaram para o Corinthians até agora R$ 433 mil, contra R$ 811 mil nas três partidas iniciais como mandante na Série B. Nas arquibancadas, a queda foi mais suave -de R$ 691 mil para R$ 591 mil.
Assim, mesmo com o estratosférico aumento no preço das entradas, a arrecadação média total do clube por jogo aumentou só 4% em relação ao Paulista do ano passado. Tudo muito diferente dos outros grandes, tanto em termos de número de torcedores quando de arrecadação. Como mandante, computando nas duas edições o que aconteceu até a quinta rodada, o público médio do Palmeiras cresceu 28% e a arrecadação, 20%. No caso são- -paulino, esses números foram, respectivamente, de 30% e 49%. No do Santos, 28% e 19%. Com esse cenário, a diretoria corintiana já ensaia um recuo no preço dos lugares mais nobres do Pacaembu. "Eu acho que exageramos um pouco no preço da numerada [cadeira laranja], R$ 70. Poderia ser uns R$ 60. A de R$ 100 também está cara. Vamos esperar mais alguns jogos e, se for o caso, a gente reduz o preço", declara Andres Sanchez, o presidente do Corinthians. Sobre o preço do setor VIP, a R$ 150, o dirigente diz que isso pouco influencia na frequência do público no Pacaembu, tido como "a casa corintiana".
"Para esse setor só temos 1.500 ingressos", justifica. No entanto, no setor das arquibancadas, que custavam R$ 15 e passaram a R$ 20 -atrás do gol do portão principal e no tobogã-, o cartola corintiano promete um aumento nas entradas. "Só não pusemos o preço a R$ 40 porque não temos infraestrutura para fazer isso ainda. Assim que tivermos, vai aumentar", avisa Andres. Na avaliação da diretoria, o torcedor da numerada, além de ter mais poder aquisitivo, é o primeiro a vaiar o time quando a equipe não tem boa atuação. Segundo o vice de marketing do Corinthians, Luiz Paulo Rosenberg, cerca de R$ 20 de cada ingresso das numeradas servirá para ajudar no pagamento do salário de Ronaldo.


Colaborou EDUARDO ARRUDA , da Reportagem Local

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