São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Judô abre ciclo desprezando pontos

Em Grand Slam, atletas e confederação relegam a segundo plano o ranking mundial, passaporte para Londres-2012

Judocas afirmam que busca por pontuação passará a ser prioridade somente a partir de maio, quando começa o "segundo ano olímpico"

GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A equação é simples. As vagas para os judocas que representarão o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, serão o resultado da soma dos pontos dos rankings individuais. Quem tiver mais pontos leva a vaga em sua categoria.
A corrida para se destacar no ranking da FIJ (Federação Internacional de Judô), que agora dará a tônica da rotina dos atletas, deveria começar efetivamente amanhã, no Grand Slam de Paris, onde o país será representado por Sarah Menezes, Ketleyn Quadros, Camila Minakawa, Luciano Corrêa, Daniela Polzin e Hugo Pessanha.
Mas a forma como os atletas e a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) encaram essa competição mostra que o Brasil começa o novo ciclo olímpico ainda em ritmo de treinamento e desprezando os pontos.
Tiago Camilo, que havia sido relacionado pela CBJ para o torneio, pediu dispensa da equipe que seguiu para a capital da França anteontem.
"Até abril, a minha prioridade é me garantir na categoria médio. Só no "segundo ano olímpico", que começa em maio, é que eu vou realmente atrás do ranking", afirma.
Para a FIJ, o primeiro ano olímpico já se encerra no próximo 30 de abril. E os pontos acumulados pelos judocas até lá valerão apenas 25% em 2012.
"Não que esses pontos não sejam importantes, mas não adianta começar o ciclo sem estar bem, totalmente recuperado de lesões", afirma Antônio Carlos Pereira, o Kiko, técnico de João Derly e Eduardo Santos, que foram a Pequim-08.
Também convocados para o Grand Slam de Paris, os dois atletas abriram mão da oportunidade de buscar, desde já, resultados que incrementem os seus rankings individuais.
Derly, que se recupera de uma entorse no joelho, tem hoje 24 pontos no ranking, obtidos em sua tímida participação na China, quando venceu apenas uma luta da categoria meio-leve. O peso médio Santos, sétimo na última Olimpíada, figura com 96 pontos. "Estamos trabalhando para estarmos com força total no Grand Slam de Moscou, em maio", diz Kiko.
Na confederação brasileira, o coordenador técnico Ney Wilson também deixa claro que o ritmo só será acelerado a partir do "segundo ano olímpico", quando os pontos obtidos pelos atletas sofrerão desvalorização menor: valerão 50% em 2012.
"Agora é a hora de fazer experiências. O fato de alguns convocados para esse Grand Slam terem sido dispensados não compromete o nosso trabalho, pois nesse momento ainda não temos metas definidas. Estamos entendendo como será a dinâmica com a nova forma de classificação", declara Wilson.
Até o último ciclo olímpico, o ranking não era o passaporte para os Jogos. Os judocas dependiam da convocação da confederação de seu país após bom desempenho em competições continentais.
O "desprezado" Grand Slam de Paris distribuirá 300 pontos para os vencedores, 180 para os segundos colocados e 120 para os terceiros nas suas categorias.
Na escala da FIJ, os Grand Slams dão a quarta maior pontuação entre os torneios, atrás de Olimpíadas, Mundiais e Masters.


Texto Anterior: Bélgica: Brasileiro é chamado para a seleção local
Próximo Texto: Contramão: Reservas até bancam viagem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.