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Desejo do Rio, Blair é caro e sem tempo para esporte
Ex-primeiro-ministro não trata de temas olímpicos há pelo menos dois anos
Consultorias e palestras rendem a político mais de R$ 35 milhões desde 2007, quando deixou o comando do governo do Reino Unido
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Provável consultor da Rio-
-2016, o ex-primeiro-ministro
do Reino Unido Tony Blair tem
pouco tempo disponível, custa
caro e não lida com temas ligados à organização de Olimpíadas há dois anos e meio.
O governo do Estado do Rio
de Janeiro anunciou que Blair
será consultor da organização
do evento carioca. Seus serviços seriam pagos por empresas
privadas, segundo o governador Sérgio Cabral.
A atuação do ex-primeiro-
-ministro inglês foi negociada
em conversa entre ele e Cabral,
juntamente com representantes do governo federal e do comitê Rio-2016. Depois, Cabral
falou em um "precinho camarada" de Blair pelo serviço.
Mas ele não é barato. Uma
palestra de uma hora e meia
custa US$ 250 mil (R$ 468 mil),
considerada a mais cara do
mundo. Ainda recebe 2 milhões
de libras (R$ 5,9 milhões) por
ano por consultoria ao Banco
JPMorgan Chase. Somados, os
ganhos de Blair são 12 milhões
de libras (R$ 35,4 milhões) desde a saída do governo.
Tony Blair tem que dedicar
tempo para outras tarefas sem
remuneração. Ele toca cinco
fundações ao mesmo tempo.
Essas entidades lidam com
temas como convivência pacífica entre religiões, trabalho por
um acordo para evitar o aquecimento global, paz no Oriente
Médio, iniciativas no esporte
social e apoios de gestão a governos africanos.
Como embaixador da ONU
(Organização das Nações Unidas) no Oriente Médio, Blair
tem que estar pelo menos uma
semana por mês na região.
Mesmo assim, representantes
da entidade, nos bastidores, reclamaram de falta de efetividade em sua atuação.
O governo do Estado informou que o tempo disponível do
político para a Rio-2016 dependeria de acerto com quem o
contratasse. "As empresas que
se engajarem terão, naturalmente, o maior interesse na
maior participação possível",
informou a assessoria do governador Cabral.
Atarefado, Blair não tem nenhuma ligação com a organização da Olimpíada de Londres-
-2012 desde 2007. "Tony Blair
não tem envolvimento com o
Locog (Comitê Organizador
dos Jogos de 2012) desde que
deixou o governo", informou a
assessoria da associação.
Nas poucas vezes em que falou sobre os Jogos em público,
Blair apoiou o trabalho do Locog, mas demonstrou não ter
conhecimento dos números do
orçamento do evento inglês.
Sua atuação foi decisiva durante a campanha para que
Londres fosse escolhida como
sede para a Olimpíada, no meio
de 2005. Fez lobby com delegados do COI (Comitê Olímpico
Internacional), fator decisivo
para a vitória londrina.
Depois, passou dois anos como primeiro-ministro enquanto ocorria a primeira fase dos
preparativos dos Jogos.
A Folha enviou perguntas à
assessoria de Tony Blair sobre
a possível contratação para ser
consultor da Rio-2016. Após
três dias, não houve respostas.
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