São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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Desejo do Rio, Blair é caro e sem tempo para esporte

Ex-primeiro-ministro não trata de temas olímpicos há pelo menos dois anos

Consultorias e palestras rendem a político mais de R$ 35 milhões desde 2007, quando deixou o comando do governo do Reino Unido

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Provável consultor da Rio- -2016, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair tem pouco tempo disponível, custa caro e não lida com temas ligados à organização de Olimpíadas há dois anos e meio.
O governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou que Blair será consultor da organização do evento carioca. Seus serviços seriam pagos por empresas privadas, segundo o governador Sérgio Cabral.
A atuação do ex-primeiro- -ministro inglês foi negociada em conversa entre ele e Cabral, juntamente com representantes do governo federal e do comitê Rio-2016. Depois, Cabral falou em um "precinho camarada" de Blair pelo serviço.
Mas ele não é barato. Uma palestra de uma hora e meia custa US$ 250 mil (R$ 468 mil), considerada a mais cara do mundo. Ainda recebe 2 milhões de libras (R$ 5,9 milhões) por ano por consultoria ao Banco JPMorgan Chase. Somados, os ganhos de Blair são 12 milhões de libras (R$ 35,4 milhões) desde a saída do governo.
Tony Blair tem que dedicar tempo para outras tarefas sem remuneração. Ele toca cinco fundações ao mesmo tempo.
Essas entidades lidam com temas como convivência pacífica entre religiões, trabalho por um acordo para evitar o aquecimento global, paz no Oriente Médio, iniciativas no esporte social e apoios de gestão a governos africanos.
Como embaixador da ONU (Organização das Nações Unidas) no Oriente Médio, Blair tem que estar pelo menos uma semana por mês na região. Mesmo assim, representantes da entidade, nos bastidores, reclamaram de falta de efetividade em sua atuação.
O governo do Estado informou que o tempo disponível do político para a Rio-2016 dependeria de acerto com quem o contratasse. "As empresas que se engajarem terão, naturalmente, o maior interesse na maior participação possível", informou a assessoria do governador Cabral.
Atarefado, Blair não tem nenhuma ligação com a organização da Olimpíada de Londres- -2012 desde 2007. "Tony Blair não tem envolvimento com o Locog (Comitê Organizador dos Jogos de 2012) desde que deixou o governo", informou a assessoria da associação.
Nas poucas vezes em que falou sobre os Jogos em público, Blair apoiou o trabalho do Locog, mas demonstrou não ter conhecimento dos números do orçamento do evento inglês.
Sua atuação foi decisiva durante a campanha para que Londres fosse escolhida como sede para a Olimpíada, no meio de 2005. Fez lobby com delegados do COI (Comitê Olímpico Internacional), fator decisivo para a vitória londrina.
Depois, passou dois anos como primeiro-ministro enquanto ocorria a primeira fase dos preparativos dos Jogos.
A Folha enviou perguntas à assessoria de Tony Blair sobre a possível contratação para ser consultor da Rio-2016. Após três dias, não houve respostas.


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