|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Vitória de líder
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Foi justo. Injusto teria sido,
em primeiro lugar, o 0 a 0 que
teimou em persistir até os 40min
do segundo tempo.
Porque o clássico teve ótimos
momentos, disputado em clima
intenso e sob a expectativa permanente do gol.
Mais injusto, ainda, seria o Santos não vencer.
Principalmente pelo que fez nos
45 minutos finais, quando as mexidas feitas por Vanderlei Luxemburgo mudaram o jogo, que
era favorável ao Palmeiras.
Palmeiras que perdeu seu segundo clássico, mas que, a exemplo do que aconteceu diante do
São Paulo, não fez feio.
As voltas de Gamarra e de Juninho Paulista deram outra consistência à equipe, que, no entanto,
pecou demais em dois fundamentos essenciais quando estava melhor: o último passe e as finalizações, sem o que fazer gols vira
uma impossibilidade óbvia.
Verdade que, em boa parte, por
causa do bom posicionamento da
defesa santista, sempre atenta nas
interceptações e para impedir que
os palmeirenses chutassem a gol
com liberdade.
Mas o Santos jogou melhor.
E mereceu vencer por todos os
motivos, entre eles a correta marcação do pênalti cometido pelo
goleiro Sérgio e a não-marcação
de outro, claríssimo, de Márcio
Careca em Geílson.
Além do mais, os santistas mandaram duas bolas na trave e ainda viram Gamarra salvar, embaixo das traves, uma bola que já havia passado por Sérgio.
No Santos, Maldonado merece
um capítulo especial. Trata-se da
melhor contribuição do futebol
chileno desde Don Elias Figueroa,
um dos maiores zagueiros da história do futebol mundial e que
brilhou no grande Internacional
dos anos 70.
Maldonado defende e alimenta
o ataque com a mesma competência, além de chutar a gol com
eficiência -foi dele um dos arremates na trave (o outro foi de Cléber Santana).
Não fosse pela presença do ex-cruzeirense, o Palmeiras certamente teria marcado duas vezes
no primeiro tempo, quando ele
apareceu nas horas H e I.
O Santos mostrou aos que nele
não acreditavam, como este colunista, que pode, sim, sair da fila
de 21 anos sem um título estadual. Mesmo sem nomes estelares, o time achou seu eixo e não é
apenas taticamente obediente como é capaz de jogar uma bola
agradável de se ver.
Assim aconteceu na Vila Belmiro, como já havia acontecido na
sempre complicada partida diante do São Caetano, no meio da semana, vitória que encorpou definitivamente as chances peixeiras
com vistas ao título.
O santista não gosta que se diga
que o time é limitado, por mais
que o próprio Luxemburgo o admita (com o que valoriza seu trabalho) e Fábio Costa concorde.
E a expressão tem suscitado até
discussões semânticas, com alguns santistas ponderando que
todos os times têm limites e outros, ao contrário, reclamando do
que seria um pejorativo.
Pois não é.
E só realça a liderança.
Tudo azul, tudo azul
Para o Santos. O São Paulo tinha a faca e o queijo nas mãos e
deveria acabar a rodada na situação de ficar, como o Santos,
na dependência apenas de seus
resultados, a dois pontos do líder. Mas, surpreendido pelos
azuis do São Bento, o nervoso
tricolor vacilou em Sorocaba e
perdeu a possibilidade de decidir o título com o Santos, no
Morumbi, na penúltima rodada, dia 2 de abril. Já o Corinthians (a seis pontos do Santos)
empatou com os azuis do Marília no estádio do Pacaembu. Se
as estrelas do técnico Antônio
Lopes tivessem o posicionamento, principalmente na defesa, dos, digamos assim, operários do treinador Vanderlei
Luxemburgo, o quase lanterna
Marília não teria dado o sufoco
que deu, quando mereceu
vencer.
@ - blogdojuca@uol.com.br
Texto Anterior: Futebol: Ex-zagueiro da seleção é acusado de ato racista Próximo Texto: Atletismo: Corredor quer dinheiro por doping errado Índice
|