São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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FUTEBOL

Vitória de líder

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Foi justo. Injusto teria sido, em primeiro lugar, o 0 a 0 que teimou em persistir até os 40min do segundo tempo.
Porque o clássico teve ótimos momentos, disputado em clima intenso e sob a expectativa permanente do gol.
Mais injusto, ainda, seria o Santos não vencer.
Principalmente pelo que fez nos 45 minutos finais, quando as mexidas feitas por Vanderlei Luxemburgo mudaram o jogo, que era favorável ao Palmeiras.
Palmeiras que perdeu seu segundo clássico, mas que, a exemplo do que aconteceu diante do São Paulo, não fez feio.
As voltas de Gamarra e de Juninho Paulista deram outra consistência à equipe, que, no entanto, pecou demais em dois fundamentos essenciais quando estava melhor: o último passe e as finalizações, sem o que fazer gols vira uma impossibilidade óbvia.
Verdade que, em boa parte, por causa do bom posicionamento da defesa santista, sempre atenta nas interceptações e para impedir que os palmeirenses chutassem a gol com liberdade.
Mas o Santos jogou melhor.
E mereceu vencer por todos os motivos, entre eles a correta marcação do pênalti cometido pelo goleiro Sérgio e a não-marcação de outro, claríssimo, de Márcio Careca em Geílson.
Além do mais, os santistas mandaram duas bolas na trave e ainda viram Gamarra salvar, embaixo das traves, uma bola que já havia passado por Sérgio.
No Santos, Maldonado merece um capítulo especial. Trata-se da melhor contribuição do futebol chileno desde Don Elias Figueroa, um dos maiores zagueiros da história do futebol mundial e que brilhou no grande Internacional dos anos 70.
Maldonado defende e alimenta o ataque com a mesma competência, além de chutar a gol com eficiência -foi dele um dos arremates na trave (o outro foi de Cléber Santana).
Não fosse pela presença do ex-cruzeirense, o Palmeiras certamente teria marcado duas vezes no primeiro tempo, quando ele apareceu nas horas H e I.
O Santos mostrou aos que nele não acreditavam, como este colunista, que pode, sim, sair da fila de 21 anos sem um título estadual. Mesmo sem nomes estelares, o time achou seu eixo e não é apenas taticamente obediente como é capaz de jogar uma bola agradável de se ver.
Assim aconteceu na Vila Belmiro, como já havia acontecido na sempre complicada partida diante do São Caetano, no meio da semana, vitória que encorpou definitivamente as chances peixeiras com vistas ao título.
O santista não gosta que se diga que o time é limitado, por mais que o próprio Luxemburgo o admita (com o que valoriza seu trabalho) e Fábio Costa concorde.
E a expressão tem suscitado até discussões semânticas, com alguns santistas ponderando que todos os times têm limites e outros, ao contrário, reclamando do que seria um pejorativo.
Pois não é.
E só realça a liderança.

Tudo azul, tudo azul
Para o Santos. O São Paulo tinha a faca e o queijo nas mãos e deveria acabar a rodada na situação de ficar, como o Santos, na dependência apenas de seus resultados, a dois pontos do líder. Mas, surpreendido pelos azuis do São Bento, o nervoso tricolor vacilou em Sorocaba e perdeu a possibilidade de decidir o título com o Santos, no Morumbi, na penúltima rodada, dia 2 de abril. Já o Corinthians (a seis pontos do Santos) empatou com os azuis do Marília no estádio do Pacaembu. Se as estrelas do técnico Antônio Lopes tivessem o posicionamento, principalmente na defesa, dos, digamos assim, operários do treinador Vanderlei Luxemburgo, o quase lanterna Marília não teria dado o sufoco que deu, quando mereceu vencer.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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