São Paulo, sexta-feira, 06 de março de 2009

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Davis escreve hoje novo capítulo "triste"

Prefeito cita grande população do Oriente Médio em Malmö para justificar o fechamento dos portões de Suécia x Israel

Israelense classifica decisão, que faz suecos jogarem em casa pela 2ª vez sem público no principal torneio de tênis entre países, de estúpida

DA REPORTAGEM LOCAL

A política voltou a influenciar o tênis e transformou um torneio em que a torcida exerce papel preponderante em um mero show televisivo.
Tenistas suecos e israelenses disputam a partir de hoje, em Malmö, confronto pela primeira rodada do Grupo Mundial da Copa Davis com portões fechados por motivos de segurança.
"Grande parte da população de Malmö é do Oriente Médio", declarou o prefeito da cidade, Ilmar Reepalu. "Entendo que ela fique desconfortável e queira demonstrar isso."
Será a segunda vez que os suecos jogam sem público na Davis. Em 1975, em Bastad, a equipe liderada por Bjorn Borg venceu o Chile, que era governado por Augusto Pinochet após golpe que derrubou o presidente eleito Salvador Allende.
Com isso, somente oficiais e jornalistas poderão entrar no Baltic Hall, que possui capacidade para 4.000 pessoas.
Enquanto isso, cerca de mil policiais estarão nos arredores da arena para evitar problemas com protestos anti-Israel.
"Teremos um confronto em casa sem apoio da torcida", disse o presidente da Federação Sueca de Tênis. "Pelo menos os jogos serão vistos na TV", contemporizou o dirigente.
Os tenistas israelenses criticaram duramente a medida.
"É uma decisão errada. Acho que pode abrir precedente para outros países tomarem decisões estúpidas como essa", disse Andy Ram, número dois de Israel, que abre o confronto enfrentando Thomas Johansson.
"Estamos aqui para jogar tênis", afirmou Harel Levy. "Não estamos aqui para conversar sobre política ou terrorismo."
Suecos também se mostraram contrariados. "O que aconteceu em Gaza foi horrível, mas precisa haver separação entre esporte e política", afirmou Johansson. "Espero que os responsáveis de Malmö tenham feito a análise correta", disse o capitão sueco, Mats Wilander.
O confronto da Davis sem público é mais um episódio de como os ataques israelenses aos palestinos na faixa de Gaza tiveram reflexo no tênis.
Em janeiro, a principal tenista de Israel, Shahar Peer, ouviu manifestações para que abandonasse o Torneio de Auck- land, na Nova Zelândia.
No mês passado, os Emirados Árabes negaram visto a Peer, que disputaria o Torneio de Dubai. O episódio gerou fortes reações no meio tenístico.
A WTA (Associação das Mulheres Tenistas) multou o torneio em US$ 300 mil.
Na semana seguinte, Ram conseguiu visto para a disputa masculina, que teve a desistência do americano Andy Roddick, campeão do torneio em 2008, em solidariedade a Peer.
Com a decisão de Malmö de fechar os portões para o público, tentou-se, sem sucesso, mudar a sede do confronto com os israelenses para Estocolmo.
Ram criticou muito a postura da ITF (Federação Internacional de Tênis). "Eles disseram que é triste, mas não fazem nada. É preciso agir", reclamou.
O presidente da entidade, Ricci Bitti, afirmou que episódio semelhante não voltará a acontecer na Davis.
"Com certeza a cidade de Malmö não será bem-vinda para organizar outro confronto. Vamos discutir o assunto na reunião do comitê da Davis, no fim de março", disse Bitti.


Com agências internacionais


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