|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Davis escreve hoje novo capítulo "triste"
Prefeito cita grande população do Oriente Médio em Malmö para justificar o fechamento dos portões de Suécia x Israel
Israelense classifica decisão, que faz suecos jogarem em casa pela 2ª vez sem público no principal torneio de tênis entre países, de estúpida
DA REPORTAGEM LOCAL
A política voltou a influenciar o tênis e transformou um
torneio em que a torcida exerce
papel preponderante em um
mero show televisivo.
Tenistas suecos e israelenses
disputam a partir de hoje, em
Malmö, confronto pela primeira rodada do Grupo Mundial da
Copa Davis com portões fechados por motivos de segurança.
"Grande parte da população
de Malmö é do Oriente Médio",
declarou o prefeito da cidade,
Ilmar Reepalu. "Entendo que
ela fique desconfortável e queira demonstrar isso."
Será a segunda vez que os
suecos jogam sem público na
Davis. Em 1975, em Bastad, a
equipe liderada por Bjorn Borg
venceu o Chile, que era governado por Augusto Pinochet
após golpe que derrubou o presidente eleito Salvador Allende.
Com isso, somente oficiais e
jornalistas poderão entrar no
Baltic Hall, que possui capacidade para 4.000 pessoas.
Enquanto isso, cerca de mil
policiais estarão nos arredores
da arena para evitar problemas
com protestos anti-Israel.
"Teremos um confronto em
casa sem apoio da torcida", disse o presidente da Federação
Sueca de Tênis. "Pelo menos os
jogos serão vistos na TV", contemporizou o dirigente.
Os tenistas israelenses criticaram duramente a medida.
"É uma decisão errada. Acho
que pode abrir precedente para
outros países tomarem decisões estúpidas como essa", disse Andy Ram, número dois de
Israel, que abre o confronto enfrentando Thomas Johansson.
"Estamos aqui para jogar tênis", afirmou Harel Levy. "Não
estamos aqui para conversar
sobre política ou terrorismo."
Suecos também se mostraram contrariados. "O que aconteceu em Gaza foi horrível, mas
precisa haver separação entre
esporte e política", afirmou Johansson. "Espero que os responsáveis de Malmö tenham
feito a análise correta", disse o
capitão sueco, Mats Wilander.
O confronto da Davis sem
público é mais um episódio de
como os ataques israelenses
aos palestinos na faixa de Gaza
tiveram reflexo no tênis.
Em janeiro, a principal tenista de Israel, Shahar Peer, ouviu
manifestações para que abandonasse o Torneio de Auck-
land, na Nova Zelândia.
No mês passado, os Emirados Árabes negaram visto a
Peer, que disputaria o Torneio
de Dubai. O episódio gerou fortes reações no meio tenístico.
A WTA (Associação das Mulheres Tenistas) multou o torneio em US$ 300 mil.
Na semana seguinte, Ram
conseguiu visto para a disputa
masculina, que teve a desistência do americano Andy Roddick, campeão do torneio em
2008, em solidariedade a Peer.
Com a decisão de Malmö de
fechar os portões para o público, tentou-se, sem sucesso, mudar a sede do confronto com os
israelenses para Estocolmo.
Ram criticou muito a postura
da ITF (Federação Internacional de Tênis). "Eles disseram
que é triste, mas não fazem nada. É preciso agir", reclamou.
O presidente da entidade,
Ricci Bitti, afirmou que episódio semelhante não voltará a
acontecer na Davis.
"Com certeza a cidade de
Malmö não será bem-vinda para organizar outro confronto.
Vamos discutir o assunto na
reunião do comitê da Davis, no
fim de março", disse Bitti.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Xico Sá: O vaivém dos fenômenos Próximo Texto: 2ª divisão: Brasil espera e só joga em maio Índice
|