São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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COB admite que já projeta medalhas para Londres-12

Governo fala em "fechar torneira", e comitê abre diálogo até sobre práticas que, em público, anteriormente combatia

Dirigentes de entidade explicam que visões são "complementares" e fazem reunião com representantes de Ministério do Esporte

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comitê Olímpico Brasileiro admite fazer, pela primeira vez em sua história, projeção de medalhas para a deleção brasileira nos Jogos de Londres, além de aderir ao programa de metas do Ministério do Esporte. A iniciativa foi confirmada após o governo informar que verbas federais deixarão de ser liberadas a quem não aderir.
Embora use um sistema de meritocracia para a liberação da verba da Lei Piva às confederações esportivas, a cúpula do COB, até agora, tradicionalmente se manifestava de maneira contrária à fixação de metas de medalhas em Jogos.
""Já para a Olimpíada de Londres, em 2012, faremos projeção de medalhas", declarou Marcus Vinicius Freire, superintendente-executivo do COB, ontem, durante visita ao Centro Olímpico do Ibirapuera.
""O que não concordo é com a "mágica" de metas com sete anos de antecedência, como fizeram logo após o Rio garantir 2016. É um chute monstruoso", criticou o dirigente, em referência ao anúncio do governo federal que para 2016 o objetivo é o país estar no top ten.
""Não sei se o Diego [Hypólito] estará competindo. Ou o que terá acontecido com Giba ou Bernardinho daqui a sete anos", argumentou o dirigente.
O Ministério do Esporte explicou que a não liberação de verbas governamentais, como a da Lei Piva, a quem não aderir ao programa não é punição.
""Se alguém não quiser cooperar [com o programa], não haverá como calcular o valor a ser liberado à sua entidade", disse Ricardo Leyser, secretário de Alto Rendimento da pasta. ""O dinheiro será liberado de acordo com o planejamento."
Outro ponto de divergência entre o COB e a pasta são as metas administrativas que o ministério quer ver em ação da parte das entidades que gerem o esporte dito amador. ""Não sei se é o melhor caminho. O ministério já cuida de muitos assuntos, não sei se seus técnicos podem tratar disso também", afirmou Marcus Vinícius.
O comitê já fez projeções internas para os Jogos Sul-Americanos, na Colômbia, neste mês, para o Pan de Guadalajara, no próximo ano, e para os Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Até agora, a principal razão apresentada pelos dirigentes do COB para não aderir à projeção de medalhas é que isso ""aumentaria a pressão sobre atletas". Agora, a ideia é prever os pódios, porém sem nomear os esportistas em que se aposta.
Logo após os Jogos Olímpicos de Pequim-2008, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, mostrou-se irritado ao falar da projeção de medalhas produzida pelo governo federal para a Olimpíada chinesa.
""O comitê não faz previsões de medalhas, então eu não tenho o que dizer sobre o número de medalhas", disparou Nuzman, em evento no qual comentou a campanha brasileira.
Dirigentes do COB e da pasta do Esporte se encontraram para discutir o tema, no início da semana, após a Folha ter publicado no domingo que o programa de metas impactará de forma direta o bolso de cartolas.
De ambos os lados, agora, o argumento é o de que as suas visões são ""complementares".
Nuzman, na manhã de ontem, optou por não se pronunciar sobre o programa de metas. ""Não falo agora", disse.


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