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COB admite que já projeta medalhas para Londres-12
Governo fala em "fechar torneira", e comitê abre diálogo até sobre práticas que, em público, anteriormente combatia
Dirigentes de entidade explicam que visões são "complementares" e fazem reunião com representantes
de Ministério do Esporte
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Olímpico Brasileiro admite fazer, pela primeira
vez em sua história, projeção de
medalhas para a deleção brasileira nos Jogos de Londres,
além de aderir ao programa de
metas do Ministério do Esporte. A iniciativa foi confirmada
após o governo informar que
verbas federais deixarão de ser
liberadas a quem não aderir.
Embora use um sistema de
meritocracia para a liberação
da verba da Lei Piva às confederações esportivas, a cúpula do
COB, até agora, tradicionalmente se manifestava de maneira contrária à fixação de metas de medalhas em Jogos.
""Já para a Olimpíada de Londres, em 2012, faremos projeção de medalhas", declarou
Marcus Vinicius Freire, superintendente-executivo do COB,
ontem, durante visita ao Centro Olímpico do Ibirapuera.
""O que não concordo é com a
"mágica" de metas com sete
anos de antecedência, como fizeram logo após o Rio garantir
2016. É um chute monstruoso",
criticou o dirigente, em referência ao anúncio do governo
federal que para 2016 o objetivo é o país estar no top ten.
""Não sei se o Diego [Hypólito] estará competindo. Ou o
que terá acontecido com Giba
ou Bernardinho daqui a sete
anos", argumentou o dirigente.
O Ministério do Esporte explicou que a não liberação de
verbas governamentais, como a
da Lei Piva, a quem não aderir
ao programa não é punição.
""Se alguém não quiser cooperar [com o programa], não
haverá como calcular o valor a
ser liberado à sua entidade",
disse Ricardo Leyser, secretário de Alto Rendimento da pasta. ""O dinheiro será liberado de
acordo com o planejamento."
Outro ponto de divergência
entre o COB e a pasta são as
metas administrativas que o
ministério quer ver em ação da
parte das entidades que gerem
o esporte dito amador. ""Não sei
se é o melhor caminho. O ministério já cuida de muitos assuntos, não sei se seus técnicos
podem tratar disso também",
afirmou Marcus Vinícius.
O comitê já fez projeções internas para os Jogos Sul-Americanos, na Colômbia, neste
mês, para o Pan de Guadalajara,
no próximo ano, e para os Jogos
Olímpicos de Londres-2012.
Até agora, a principal razão
apresentada pelos dirigentes
do COB para não aderir à projeção de medalhas é que isso ""aumentaria a pressão sobre atletas". Agora, a ideia é prever os
pódios, porém sem nomear os
esportistas em que se aposta.
Logo após os Jogos Olímpicos de Pequim-2008, o presidente do COB, Carlos Arthur
Nuzman, mostrou-se irritado
ao falar da projeção de medalhas produzida pelo governo federal para a Olimpíada chinesa.
""O comitê não faz previsões
de medalhas, então eu não tenho o que dizer sobre o número
de medalhas", disparou Nuzman, em evento no qual comentou a campanha brasileira.
Dirigentes do COB e da pasta
do Esporte se encontraram para discutir o tema, no início da
semana, após a Folha ter publicado no domingo que o programa de metas impactará de forma direta o bolso de cartolas.
De ambos os lados, agora, o
argumento é o de que as suas
visões são ""complementares".
Nuzman, na manhã de ontem, optou por não se pronunciar sobre o programa de metas. ""Não falo agora", disse.
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