São Paulo, domingo, 06 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TOSTÃO Bonzinhos e mauzinhos
A CBF, ao se defender na Justiça do processo sobre a Máfia do Apito, no qual é ré por acharem que ela tem responsabilidade na organização da arbitragem, disse, por meio de seu advogado, que "o futebol não tem interesse social relevante e contribui para a desinformação do povo, já de si mal aparelhado intelectualmente". Para a CBF, o futebol brasileiro, que ela dirige, não é sério nem importante para a Justiça perder tempo. É o que pensam muitos clubes e políticos, contrários à responsabilidade fiscal dos dirigentes, no caso de ocorrerem fraudes nos clubes. O futebol brasileiro está dividido entre os que o tratam apenas como entretenimento, diversão, em que quase tudo é permitido em nome da paixão e da descontração, e os que acham que o futebol precisa ser analisado e julgado como qualquer atividade profissional. Muitos dirigentes, treinadores, jogadores e jornalistas confundem moral com moralismo, ética com politicamente correto e seriedade com caretice, chatice e mau humor. O futebol pode e deve ser sério e bem-humorado. Quando um atleta fala e faz coisas diferentes, fora do habitual, politicamente incorretas, muitos acham que ele foi espontâneo, verdadeiro e sincero. Outros pensam que ele foi inconveniente, irresponsável e que um atleta, um ídolo, precisa dar o exemplo. Com poucas exceções, ídolos, em todas as profissões, não são exemplos. Eles são especiais por seus talentos, não pelo que são. Quando um treinador e um jogador de um mesmo clube possuem o mesmo empresário, muitos dizem que não há nada de errado nisso. Outros acham que é imoral, no mínimo um conflito de interesses. A imprensa e a sociedade elegem os bonzinhos e os mauzinhos. Os bonzinhos raramente são criticados, mesmo quando falam e fazem besteiras. Os mauzinhos dificilmente são elogiados, mesmo quando têm bom comportamento. Vivemos em um mundo tecnológico, revolucionário, com muitas coisas boas e ruins. As pessoas não são melhores nem piores que antes. Porém há um excesso de informações e de opiniões. Muitos ficam perdidos, sem saber em quem acreditar, no que pode e no que não pode fazer, no que é certo e no que é errado. Idiotices costumam ser mais aceitas que brilhantes opiniões. Quem decide é o mercado. Como escreveu o colunista Antônio Prata, "hoje, cada ser humano conectado à rede é uma mini- empresa de comunicação de si mesmo, atrás de atenção". Texto Anterior: Estadual do Rio: Fla, Flu e Botafogo iniciam o segundo turno com vitória Próximo Texto: Na bola parada, São Paulo triunfa Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |