|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GINÁSTICA
Atleta diz sentir os hormônios à flor da pele, mas não sofre com TPM
Na luta contra a balança, Laís quer ser líder da Copa
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem as rivais, nem a rotina de
treinos, nem a ansiedade antes
das competições. Para a paulista
Laís Souza, 16, considerada a mais
promissora ginasta do país para
os Jogos de Pequim-2008 e que
disputa a partir de sexta-feira a
Copa do Mundo em São Paulo, o
maior desafio é a balança.
"Estou em fase de desenvolvimento, crescendo. Fica difícil
manter o peso", afirma a atleta,
que mede hoje 1,535 m e diz que
tem encontro marcado com a balança todos os dias, antes e depois
dos treinamentos. Seu peso ideal,
segundo a Confederação Brasileira de Ginástica, é 44 kg.
"Meus hormônios estão à flor
da pele. É diferente de quando tinha 15 anos. Hoje um danone pode engordar 300 gramas e um copo de leite emagrecer 10 gramas.
Parece que não há lógica."
Segundo ela, a preocupação
com o peso levou as atletas até a
descobrirem um jeitinho -que é
mantido em segredo- na balança usada na sede da CBG, em Curitiba, com o objetivo de evitar
puxões de orelha. "As meninas dizem que a Nadja [Ostapenko, coreógrafa da seleção] costuma engordar a gente na pesagem. Mas é
que ela não sabe nem usa o jeitinho, que às vezes permite perder
poucos gramas. E os verdadeiros
gramas fazem uma baita diferença para fazer saltos e acrobacias."
Mas a atleta revela que ainda está livre de outro mal que acomete
parte das atletas da seleção: a tensão pré-menstrual. "Não tenho
esse problema ainda, pois nunca
menstruei. Acho que é por causa
da rotina de atleta. Mas eu vejo
que a TPM afeta outras ginastas,
põe um pouco de inquietação nelas." Das sete atletas que estão em
São Paulo, só Ana Paula Rodrigues, 17, e Thaís D'Almeida, 16, vivem a mesma situação de Laís.
Em uma rotina diária de sete
horas de treinos, a atleta, que ingressou no esporte com quatro
anos, não sabe apontar o que mais
lhe agrada na ginástica. "A gente
sofre para treinar, sofre na hora
de comer, sofre antes de competir, com a ansiedade, e para obter
resultados. É que eu gosto de ginástica. Não tem explicação."
Além disso, diz que não tem
atletas como ídolos. "Meu único
ídolo é o Oleg [Ostapenko, técnico
da seleção feminina]." Descoberta pelo ucraniano em 2002, quando atuava no Brasileiro em Curitiba, Laís diz que só é destaque hoje
por causa do treinador. "Eu não
era alongada. O Oleg foi me corrigindo. Ainda sofro com a postura,
como o joelho um pouco flexionado. Mas o que sou devo a ele."
Brasileira mais jovem a obter
uma medalha na Copa (tinha 15
anos quando faturou o bronze no
salto em Stuttgart, em novembro
de 2004), Laís afirma que sua meta é sair do evento no ginásio do
Ibirapuera como líder do quadro
de medalhas no ciclo 2005/2006.
Ela detém um ouro e dois bronzes, atrás só da russa Anna Pavlova (ouro, prata e bronze). "Como
ela não vem a São Paulo, se eu
conquistar pelo menos um pódio,
colocarei o Brasil à frente."
Melhor brasileira na soma dos
quatro aparelhos, segundo avaliações da CBG, Laís diz que o salto é
a sua prova preferida. No Ibirapuera, irá atuar também no solo.
Ela também quer aproveitar para reencontrar a família, que vive
em Ribeirão Preto (314 km de São
Paulo) e não a vê desde janeiro.
Texto Anterior: Futebol: Atlético-MG anuncia contratação de Tite Próximo Texto: Ibirapuera passa por vistoria e espera X-Games Índice
|