São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GINÁSTICA

Atleta diz sentir os hormônios à flor da pele, mas não sofre com TPM

Na luta contra a balança, Laís quer ser líder da Copa

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem as rivais, nem a rotina de treinos, nem a ansiedade antes das competições. Para a paulista Laís Souza, 16, considerada a mais promissora ginasta do país para os Jogos de Pequim-2008 e que disputa a partir de sexta-feira a Copa do Mundo em São Paulo, o maior desafio é a balança.
"Estou em fase de desenvolvimento, crescendo. Fica difícil manter o peso", afirma a atleta, que mede hoje 1,535 m e diz que tem encontro marcado com a balança todos os dias, antes e depois dos treinamentos. Seu peso ideal, segundo a Confederação Brasileira de Ginástica, é 44 kg.
"Meus hormônios estão à flor da pele. É diferente de quando tinha 15 anos. Hoje um danone pode engordar 300 gramas e um copo de leite emagrecer 10 gramas. Parece que não há lógica."
Segundo ela, a preocupação com o peso levou as atletas até a descobrirem um jeitinho -que é mantido em segredo- na balança usada na sede da CBG, em Curitiba, com o objetivo de evitar puxões de orelha. "As meninas dizem que a Nadja [Ostapenko, coreógrafa da seleção] costuma engordar a gente na pesagem. Mas é que ela não sabe nem usa o jeitinho, que às vezes permite perder poucos gramas. E os verdadeiros gramas fazem uma baita diferença para fazer saltos e acrobacias."
Mas a atleta revela que ainda está livre de outro mal que acomete parte das atletas da seleção: a tensão pré-menstrual. "Não tenho esse problema ainda, pois nunca menstruei. Acho que é por causa da rotina de atleta. Mas eu vejo que a TPM afeta outras ginastas, põe um pouco de inquietação nelas." Das sete atletas que estão em São Paulo, só Ana Paula Rodrigues, 17, e Thaís D'Almeida, 16, vivem a mesma situação de Laís.
Em uma rotina diária de sete horas de treinos, a atleta, que ingressou no esporte com quatro anos, não sabe apontar o que mais lhe agrada na ginástica. "A gente sofre para treinar, sofre na hora de comer, sofre antes de competir, com a ansiedade, e para obter resultados. É que eu gosto de ginástica. Não tem explicação."
Além disso, diz que não tem atletas como ídolos. "Meu único ídolo é o Oleg [Ostapenko, técnico da seleção feminina]." Descoberta pelo ucraniano em 2002, quando atuava no Brasileiro em Curitiba, Laís diz que só é destaque hoje por causa do treinador. "Eu não era alongada. O Oleg foi me corrigindo. Ainda sofro com a postura, como o joelho um pouco flexionado. Mas o que sou devo a ele."
Brasileira mais jovem a obter uma medalha na Copa (tinha 15 anos quando faturou o bronze no salto em Stuttgart, em novembro de 2004), Laís afirma que sua meta é sair do evento no ginásio do Ibirapuera como líder do quadro de medalhas no ciclo 2005/2006.
Ela detém um ouro e dois bronzes, atrás só da russa Anna Pavlova (ouro, prata e bronze). "Como ela não vem a São Paulo, se eu conquistar pelo menos um pódio, colocarei o Brasil à frente."
Melhor brasileira na soma dos quatro aparelhos, segundo avaliações da CBG, Laís diz que o salto é a sua prova preferida. No Ibirapuera, irá atuar também no solo.
Ela também quer aproveitar para reencontrar a família, que vive em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo) e não a vê desde janeiro.


Texto Anterior: Futebol: Atlético-MG anuncia contratação de Tite
Próximo Texto: Ibirapuera passa por vistoria e espera X-Games
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.