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TÊNIS
Kuerten e Clijsters 2, o retorno
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O corte de cabelo mudou
-e sempre muda. O ano virou, a cabeça melhorou, e o treinador sumiu. Depois de uma cirurgia dolorida, dias e dias de
molho, semanas e semanas de fisioterapia e meses e meses de espera, Gustavo Kuerten voltou em
um feriado -local, valenciano.
No bate-bola com o baixinho
Olivier Rochus, nada estranho. O
saibro parecia, como sempre, confortável. A mão nem de longe buscava a região antes dolorida. O
sol em nada incomodava.
O saque pouco agressivo de Rochus abriu o jogo e deixou os jogadores à vontade para uma longa
troca de bolas. Kuerten se mantinha atrás da linha de base; Rochus encurtava as bolas -menos
por tática, mais por impotência.
O tédio da troca de bolas só foi
quebrado quando Rochus angulou um pouco mais à esquerda de
Kuerten. Não foi uma "deixadinha", mas a bola caiu colada à rede. Kuerten, ao fundo, prendeu a
respiração e se lançou à frente.
A bola pingou e, quando ia pingar pela segunda vez, ele se abaixou para rebater. Não chegou. A
bola bateu na borda da raquete e
ficou no chão. Rochus 15/0.
Será que ele ainda sofre com
problemas para chegar nas bolas
baixas? Será que a dor na região
lesionada ainda o impede de forçar o corpo? Será que o pesadelo
continua? Mas eis que o brasileiro
levanta, sacode o pó e dá a volta
por cima. Ainda no primeiro game, voleou, desferiu seu tradicional backhand em paralela, ganhou um ponto com a direita. Foi
um game completo. Kuerten 1 a 0.
Ainda é cedo, muito cedo, para
saber ao certo se, desta vez, Kuerten se recuperou por completo.
Mas, a ver pelo primeiro jogo, em
que só sofreu mesmo com uma
certa falta de ritmo nos games finais, desta vez a coisa vai bem.
Kim Clijsters também passou
por maus bocados no ano passado. Teve problemas no pulso esquerdo. Problemas no pulso, além
daqueles no ombro, são um pesadelo. Também sofreu com o fim
do noivado com Lleyton Hewitt.
Como Kuerten, a belga voltou
somente nesta temporada. Primeiro, debaixo de uma grande
interrogação. Aos poucos, vai dissipando as dúvidas.
Clijsters venceu consecutivamente em Indian Wells e em Miami no mesmo ano, uma marca
que só a memorável Steffi Graf
conseguiu até hoje. Lindsay Davenport, Amelie Mauresmo e Maria Sharapova, as melhores do
mundo hoje, oficialmente, foram
eliminadas uma a uma.
No sábado, sob aplausos, após
bater a queridinha Maria Sharapova, Clijsters fechou os olhos,
passou as mãos sobre eles, como
quem tira uma lágrima ou outra,
e voltou a levantar um troféu.
Clijsters também parece ter voltado à velha forma -talvez mais
"adulta" e pronta para finalmente ganhar um Grand Slam. Vice
em Roland Garros, ela disse após
a vitória que só pode considerar
seu retorno feliz se fizer uma boa
campanha no saibro.
Se o leitor gosta de tenistas persistentes, simpáticos, talentosos e
que buscam a superação, já tem
para quem torcer na temporada
de saibro: Kuerten e Clijsters.
Nos Estados Unidos
"Vai ficar difícil defender que Sampras foi o melhor e mais completo
de todos os tempos." A frase, do popular colunista Jon Wertheim,
mostra como Roger Federer ganhou até os críticos americanos.
Em Montevidéu
Terá Nanda Alves, Jenifer Widjaja, Larissa Carvalho e Joana Cortez a
equipe brasileira que disputará o confronto pela Fed Cup a partir do
dia 18. O capitão será Carlos Alves, e o técnico, Santos Dumont.
Em Joinville
O Circuito Unimed realiza nesta semana a sua primeira etapa. Os jogos acontecem no Joinville Tênis Clube e no Embraco. A entrada é
gratuita. Serão oito etapas até o Masters, no Rio, em novembro.
E-mail reandaku@uol.com.br
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