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FUTEBOL
Para coordenador do grupo que criou Estatuto do Torcedor, forma de escalar juízes dá margem para medida judicial
Sorteio de árbitros paulistas contraria lei
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A intenção era das melhores:
garantir a presença dos juízes
mais gabaritados de São Paulo
nas partidas que definirão o título
e o rebaixamento do Estadual.
Mas a forma que a Federação
Paulista de Futebol encontrou para dirigir o sorteio de árbitros a
fim de atingir sua meta pode ser
questionada na Justiça.
O diagnóstico é do ex-secretário-executivo do Ministério do
Esporte e coordenador do grupo
que elaborou o Estatuto do Torcedor, José Luiz Portella, para quem
a forma do sorteio, marcado para
a tarde de hoje, vai contra o espírito da lei de proteção ao torcedor.
Marcos Marinho, presidente da
Comissão de Arbitragem, explica
a forma de realização do sorteio.
"Elaboramos grupos de dois jogos e indicamos dois árbitros por
grupo. Então é sorteado um jogo
e, a seguir, o nome de um juiz. O
juiz que não for sorteado automaticamente está escalado para o jogo que não foi sorteado."
Os dois primeiros árbitros do
ranking paulista -Wilson Luiz
Seneme e Sálvio Spínola Fagundes Filho- estão indicados para
o grupo dos jogos Santos x Portuguesa e Marília x São Bento. Se,
por exemplo, Seneme e o jogo da
Vila Belmiro forem sorteados antes, automaticamente, a partida
que pode definir o rebaixamento
ficará a cargo de Sálvio.
"Neste caso, na prática, não há
sorteio para o segundo jogo. Ele
só acontece para o primeiro", explica Portella. "O intuito da lei é
garantir o mínimo de dois nomes
concorrendo em cada uma das
partidas, o que não acontece com
esse sistema [da FPF], que pode
dar margem a algum torcedor
questioná-lo judicialmente, com
base no Estatuto do Torcedor."
Para Marinho, não há irregularidade. "A lei exige que se faça
sorteio, mas garante a cada entidade organizadora o direito de
definir a forma que achar mais
conveniente para fazê-lo", opina
o coronel da reserva da PM.
Para ele, a virtude do método da
FPF é ter certeza de que os dez árbitros indicados para uma rodada
atuem nela, impedindo a inatividade prolongada dos "azarados".
Outro que vê o formato do sorteio paulista como afronta ao espírito da regra do Estatuto do
Torcedor é Marcílio Krieger, um
dos autores do Código Brasileiro
de Justiça Desportiva.
"É verdade que o texto do estatuto tem brechas no que tange ao
sorteio, mas esse artifício é uma
enganação. Qualquer torcedor
pode entrar na Justiça comum
com pedido de cautelar contra
possíveis danos decorrentes da
escolha ilegal", aponta ele, para
quem há também a chance de os
clubes impugnarem o método do
sorteio com mandado de garantia
na esfera da Justiça Desportiva.
Anteontem, além dos nomes
dos candidatos a apitar o jogo entre Santos e Portuguesa, Marinho
divulgou também que o grupo
composto por Ituano x São Paulo,
em Mogi Mirim, e Guarani x Mogi Mirim (que pode marcar a queda da equipe campineira) teve indicados Paulo César de Oliveira e
Wilson Paschoal Borborema.
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