São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2007

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FÁBIO SEIXAS

Mundial de Cartolas

Chefes ganham espaço numa F-1 repleta de veteranos às portas da aposentadoria e de jovens em busca de espaço

O FORA-DE-SÉRIE parou. Aquele que, de dentro do cockpit, era capaz de mudar uma corrida, um campeonato, uma história, hoje prefere passar os dias jogando futebol e observando baleias. Sobraram alguns veteranos-figurantes. E um bando de jovens promissores. Alguns candidatos a gênio, é fato, mas ainda assim, jovens. Bicampeão Alonso incluído, jovens ainda em busca dos próprios espaços, das próprias marcas, das próprias histórias.
Acima deles, da velha e da nova gerações, sobrou uma turma já citada nesta coluna como o "Piranha Club" -título de um livro lançado há alguns anos na Inglaterra e que conta as trajetórias dos chefões da F-1. Seus mais notáveis exemplares, Todt, Briatore e Dennis. Ferrari, Renault e McLaren. Que, de repente, encontraram neste 2007 as condições ideais para fazerem o que mais gostam: exercerem o poder a torto e a direito e, diretamente, influenciarem no desfecho do campeonato.
Com Schumacher por perto, não dava. Briatore e Dennis poderiam planejar o que quisessem, que sempre sobraria aquela pergunta típica dos boleiros: "Vocês combinaram com o alemão?" Da mesma forma, Todt estava firmemente amarrado a seu número 1. E embora a aliança tenha sido a mais bem-sucedida de todos os tempos, não é difícil imaginar momentos em que o centralizador francês tenha se irritado com o poder intramuros do multicampeão.
Agora, o que eles têm em mãos? O ferrarista, dois pilotos que estão loucos para superar um ao outro e mostrar que merecem tratamento prioritário na luta pelo título. O francês seguirá o embate de camarote até o momento da decisão, que caberá a ele. E que o preterido terá de aceitar. A história da Ferrari em 2007 dependerá de Todt. Só dele.
A Briatore cabem dois pilotos em estágios opostos nas carreiras. Cabem também os destinos dessas carreiras. Com uma canetada, o italiano pode despachar Fisichella ou Kovalainen e promover Nelsinho. Vai acontecer mais cedo ou mais tarde nesta temporada, pode apostar. O que vai obviamente alterar a estrutura do time e o rumo do campeonato. Na equipe francesa, mais que nas suas rivais, os pilotos são marionetes. A história da Renault em 2007 dependerá de Briatore. Só dele.
Dennis tem em mãos um bicampeão mundial e um novato. Mas leva na cabeça um dogma que o impede de acionar o rádio para ordenar inversão de posições. Uma teimosia, até, e que pode custar pontos importantes ao espanhol, teoricamente o favorito a entrar na briga. Por mais marrento que Alonso seja, porém, não jogará pedras no chefe. Porque sabe que o troco pode ser um paralelepípedo. A história da McLaren em 2007 dependerá de Dennis. Só dele.
E assim me parece a nova F-1 que está na Malásia. Por ora sem um grande herói de capacete, uma F-1 em que os chefes, e só eles, são os fiéis da balança. Este ano já está assistindo a um Mundial de Cartolas.

AJUDA DOS CÉUS
Raikkonen deve trocar de motor, o que não seria tão ruim como parece. Largar em 11º ou 12º em Sepang, com um motor zero, pode ter suas vantagens. O problema, sim, será para a corrida seguinte. Mas aí entra a meteorologia. Deve chover no domingo. E no Bahrein não é tão quente como muita gente pensa...

FIM DA LINHA
A GP2 fechou seu grid com 26 pilotos, cinco deles brasileiros: Di Grassi, Negrão, Senna, Pizzonia e Jimenez. Preste atenção a esses nomes. Tirando o adolescente Pedro Bianchini, adotado pela Red Bull, a próxima geração não existe.

RECOMEÇO?
Foco único de resistência à pasmaceira da CBA, a Fórmula São Paulo disputa sua terceira etapa no domingo, em Interlagos.

fseixas@folhasp.com.br


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