São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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TOSTÃO

Fim das tabelinhas


As duplas de atacantes e as tabelinhas caminham para o fim, trocadas por jogadas aéreas e choques de cabeça

NO DOMINGO anterior, escrevi que os atuais meias ofensivos são diferentes dos antigos meia-armadores. Esses têm sido substituídos, timidamente, por volantes talentosos e habilidosos. Os meias ofensivos são também diferentes dos antigos pontas-de-lança. Esses tinham mais características de atacantes, faziam mais gols e formavam duplas com os centroavantes.
O ponta-de-lança foi trocado por um segundo atacante, que também caminha para o seu fim.
A maioria das equipes joga hoje com apenas um atacante fixo. Vão desaparecer as duplas de ataque e as tabelinhas, características do futebol brasileiro. As jogadas aéreas e os choques de cabeça serão ainda mais freqüentes.
As principais seleções da Europa jogaram com apenas um atacante fixo na Copa de 2006.
Nenhum dos oito times que atuaram no meio de semana pela Copa dos Campeões da Europa tinha uma dupla de atacantes. O Manchester United, que joga geralmente com Tevez e Rooney na frente, trocou Tevez por um armador.
Mesmo o Barcelona e poucos times da Europa, que têm na frente três jogadores com características de atacantes, só um atua pelo meio. Será que no futuro não haverá um único atacante fixo (4-6-0), como já previram Zagallo e Parreira?
Isso não significa que um único atacante fixo jogue sempre isolado. Muitos armadores conseguem marcar e se tornar atacantes.
Na Copa das Confederações de 2005, o Brasil jogou melhor com apenas um atacante fixo (Adriano) do que na Copa do Mundo de 2006 com dois (Adriano e Ronaldo). Já o centroavante atual da seleção brasileira fica muito sozinho.
Hoje, alguns times do Brasil ainda têm uma dupla no ataque, como Kléber e Alex Mineiro, no Palmeiras, Borges e Adriano, no São Paulo, Marcelo Moreno e Guilherme, no Cruzeiro.
Como o Brasil, até no futebol, costuma copiar as coisas boas e ruins da Europa, em breve todos os times terão apenas um atacante fixo.
Em tese, prefiro dois atacantes, mesmo nas equipes que têm armadores que chegam bem ao ataque. Como Vanderlei Luxemburgo, gosto ainda mais de dois atacantes que se movimentam bastante e que os dois dêem passes e façam gols, do que jogar com apenas um típico centroavante para fazer gols e outro para dar passes.
O centroavante de referência é mais referência para os zagueiros que para os companheiros.
No futebol moderno, em que os jogadores fazem mais de uma função, embora poucos façam com brilho, não dá para dizer qual é a posição de alguns atletas especiais, como Cristiano Ronaldo, hoje o melhor do mundo. Ontem, era Kaká. Amanhã, será outro. As grandes estrelas são logo consumidas e trocadas. O show continua.
Quando o Manchester joga com Tevez e Rooney na frente são os melhores momentos do time, Cristiano Ronaldo atua recuado pela direita, na linha de quatro do meio-campo. Ele marca e avança pelos lados, de onde faz ótimos cruzamentos, e também ataca pelo meio, por onde dribla, tabela, dá excelentes passes e faz muitos e belíssimos gols de todas as maneiras. E ainda arruma tempo para umas firulas.


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