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Violência e energia preocupam
NA ÁFRICA DO SUL
Na longa lista de problemas de qualquer organização
de Copa do Mundo, a da África do Sul, em 2010, é obrigada a acrescentar alguns típicos de uma sociedade de terceiro mundo.
Desta vez, a tradicional
preocupação com estádios é
secundária em relação à verdadeira dor-de-cabeça dos
organizadores da competição internacional: a infra-estrutura deteriorada do país.
São muitos os itens a serem melhorados, entretanto
dois se destacam: a falta de
energia elétrica e também a
criminalidade.
Problemas comuns no
Brasil, portanto, que provavelmente se repetirão quando chegar a vez de o país recepcionar o evento, em 2014.
A situação energética no
país é dramática.
Há apagões diários, e o governo agora ameaça com um
aumento de 50% na tarifa de
energia elétrica para ao mesmo tempo levantar recursos
para novos investimentos e
inibir o consumo por famílias e indústrias.
No final de março, em um
balanço da organização do
torneio, as autoridades sul-africanas reconheceram que
a questão energética é a principal nuvem sobre o sucesso
do evento.
O vice-presidente sul-africano, Phumzile Mlambo-Ngcuka, anunciou um programa de US$ 25 milhões para adquirir geradores para os
estádios, como uma precaução para o caso de falta de
energia.
O governo também promete investimentos maciços
em fontes geradoras de energia, mas é duvidoso que consiga fazer muita coisa no prazo de somente dois anos.
Por todo o país, a falta de
energia já é um fato da rotina
da população.
Nos shopping centers da
área rica de Sandton, em Johannesburgo, lojas alardeiam o fato de terem geradores próprios.
""Funcionamos durante
apagões", informam cartazes
afixados nas vitrines.
A criminalidade no país,
que ostenta alguns dos mais
altos níveis de homicídios do
mundo, é a segunda grande
fonte de preocupação das autoridades. Na divulgação do
balanço no mês passado, o
Comitê Organizador da Copa
admitiu enfrentar dificuldades nesse quesito.
""O desafio nessa área segue sendo aumentar a confiança da população, local e
internacionalmente, de que
todos os tipos de crime, especialmente os mais violentos,
podem ser reduzidos de maneira significativa", explica o
informe.
Serão 30 mil novos policiais treinados só para fazer a
segurança do evento, segundo promessa do governo.
O problema é agudo, especialmente em Johannesburgo, a principal cidade do país.
Encravado no degradado
centro da cidade, o Ellis Park
Stadium, por exemplo, fica a
somente cinco minutos de
uma das regiões mais violentas do país, o bairro de Hillbrow, onde jovens desocupados costumam perambular
pelas ruas a qualquer hora do
dia e onde o tráfico de drogas
floresce.
O Soccer City Stadium,
também em Johannesburgo,
fica em outra área também
volátil, perto das enormes favelas do distrito do Soweto.
Há ainda preocupações
quanto à rede hoteleira.
A previsão é de que serão
necessários 55 mil quartos
para os visitantes do evento,
mas somente metade disso
está hoje disponível.
A reportagem da Folha
entrou em contato com a organização do evento para
que comentasse os problemas detectados e também
enviou um questionário,
mas não teve resposta.
(FZ)
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