São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Violência e energia preocupam

NA ÁFRICA DO SUL

Na longa lista de problemas de qualquer organização de Copa do Mundo, a da África do Sul, em 2010, é obrigada a acrescentar alguns típicos de uma sociedade de terceiro mundo.
Desta vez, a tradicional preocupação com estádios é secundária em relação à verdadeira dor-de-cabeça dos organizadores da competição internacional: a infra-estrutura deteriorada do país.
São muitos os itens a serem melhorados, entretanto dois se destacam: a falta de energia elétrica e também a criminalidade.
Problemas comuns no Brasil, portanto, que provavelmente se repetirão quando chegar a vez de o país recepcionar o evento, em 2014.
A situação energética no país é dramática.
Há apagões diários, e o governo agora ameaça com um aumento de 50% na tarifa de energia elétrica para ao mesmo tempo levantar recursos para novos investimentos e inibir o consumo por famílias e indústrias.
No final de março, em um balanço da organização do torneio, as autoridades sul-africanas reconheceram que a questão energética é a principal nuvem sobre o sucesso do evento.
O vice-presidente sul-africano, Phumzile Mlambo-Ngcuka, anunciou um programa de US$ 25 milhões para adquirir geradores para os estádios, como uma precaução para o caso de falta de energia.
O governo também promete investimentos maciços em fontes geradoras de energia, mas é duvidoso que consiga fazer muita coisa no prazo de somente dois anos.
Por todo o país, a falta de energia já é um fato da rotina da população.
Nos shopping centers da área rica de Sandton, em Johannesburgo, lojas alardeiam o fato de terem geradores próprios.
""Funcionamos durante apagões", informam cartazes afixados nas vitrines.
A criminalidade no país, que ostenta alguns dos mais altos níveis de homicídios do mundo, é a segunda grande fonte de preocupação das autoridades. Na divulgação do balanço no mês passado, o Comitê Organizador da Copa admitiu enfrentar dificuldades nesse quesito.
""O desafio nessa área segue sendo aumentar a confiança da população, local e internacionalmente, de que todos os tipos de crime, especialmente os mais violentos, podem ser reduzidos de maneira significativa", explica o informe.
Serão 30 mil novos policiais treinados só para fazer a segurança do evento, segundo promessa do governo.
O problema é agudo, especialmente em Johannesburgo, a principal cidade do país.
Encravado no degradado centro da cidade, o Ellis Park Stadium, por exemplo, fica a somente cinco minutos de uma das regiões mais violentas do país, o bairro de Hillbrow, onde jovens desocupados costumam perambular pelas ruas a qualquer hora do dia e onde o tráfico de drogas floresce.
O Soccer City Stadium, também em Johannesburgo, fica em outra área também volátil, perto das enormes favelas do distrito do Soweto.
Há ainda preocupações quanto à rede hoteleira.
A previsão é de que serão necessários 55 mil quartos para os visitantes do evento, mas somente metade disso está hoje disponível.
A reportagem da Folha entrou em contato com a organização do evento para que comentasse os problemas detectados e também enviou um questionário, mas não teve resposta. (FZ)


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