São Paulo, quinta, 6 de maio de 1999

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OLIMPÍADA
Decisão é tomada após TV australiana acusar Phil Coles de passar os "subornáveis' do COI a Salt Lake City
Propina derruba chefe de Sydney-2000

das agências internacionais

O Socog, comitê organizador da próxima Olimpíada, pediu ontem a renúncia de Phil Coles, articulador da candidatura australiana e membro do órgão.
A alegação é de que ele estaria sendo prejudicial à imagem de Sydney-2000 junto a patrocinadores, responsáveis pela injeção da maior parte do dinheiro necessário para a realização do evento.
Phil Coles está sendo investigado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) por ser suspeito de receber propinas para votar em Salt Lake City (EUA) para sede dos Jogos de Inverno de 2002.
Além disso, uma TV australiana divulgou que ele teria passado a "rota da propina" para a cidade norte-americana, revelando os membros do COI que estariam sujeitos a suborno.
Sandy Hollway, diretor-executivo do Socog, já enviou carta à imprensa e aos patrocinadores, oficializando que o órgão decidiu pela saída imediata de Coles.
De acordo com Hollway, a polêmica em torno do membro do Socog, além de afastar empresas interessadas nos Jogos, também pode vir a prejudicar as vendas de ingressos, que devem começar no dia 30, para a Olimpíada de 2000.
"Não estou fazendo um pré-julgamento ou dizendo que Phil (Coles) não deva se defender contra as acusações", afirmou Hollway.
"Mas tenho compromissos com todos que trabalham na organização de realizar com êxito os Jogos Olímpicos. É minha obrigação dizer a ele (Coles) que continue a resolver seu caso longe do Socog."
O presidente do Socog, Michael Knight, e o do Comitê Olímpico Australiano, John Coates, não se opuseram ao discurso de Hollway.
Coles, 67, já está licenciado do Socog desde que se viu envolvido no escândalo de corrupção.
Por enquanto, no entanto, sofreu apenas uma advertência do COI a respeito do suposto recebimento de propinas da parte de Salt Lake.
Anteontem, a ABC, uma das redes de TV australianas, divulgou que Salt Lake recebeu informações de Sydney sobre como conseguir votos para ser eleita pelo COI.
Segundo a ABC, Coles remeteu a Salt Lake documentos secretos nos quais havia observações sobre quais membros do COI eram mais propensos a se vender -recebendo propinas em troca de votos.
Coles nega que foi informante da cidade norte-americana no caso.
Mas a ABC assegura que possui 400 páginas de documentos, obtidos com "fontes em Salt Lake", que incluem avaliações de integrantes do COI feitas por Coles e por sua secretária, Patricia Rosembrock.
Se isso for verdade, crescerão as suspeitas de que Sydney, antecipando-se a Salt Lake, já utilizara as informações de Coles e obtivera, por meio do pagamento de propinas, os votos para ser sede da Olimpíada de 2000.



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