São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Currículo do juiz de Brasil x Croácia acena com 1 a 0

Árbitro da estréia, Benito Archundia coleciona na carreira atuações em vitórias magras para as equipes nacionais

Mexicano apitou decisão do Mundial de Clubes-2005, que deu o tri ao São Paulo, e estava em vitória magra do Japão sobre o Brasil


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A NEU-ISENBURG

Se você ainda não colocou no bolão o seu palpite para Brasil x Croácia, trate de arriscar 1 a 0 para o Brasil. Pelo menos é o que diz o árbitro mexicano Benito Archundia, que, à Folha, só se lembrou de vitórias do futebol brasileiro por esse placar em partidas que comandou. O mais baixinho dos árbitros da Copa (1,70 m) está escalado para o duelo contra a Croácia, jogo que abre a campanha em busca do hexa. Archundia, bastante elogiado pela atuação na final do Mundial de Clubes entre São Paulo e Liverpool, jogo que terminou 1 a 0 porque o mexicano anulou três gols irregulares do time inglês em lances difíceis, parece ter se esquecido da Olimpíada de 1996. Ele atuou em um histórico 1 a 0 do Brasil nos Jogos de Atlanta, mas a vitória magra naquela ocasião foi do Japão, gol marcado por Ito.

 

FOLHA - Alguma motivação especial por ter sido escalado para o jogo do Brasil?
BENITO ARCHUNDIA -
Foi uma grande sorte minha. Vou apitar a partida do campeão mundial. Mas só de estar em uma Copa já é uma grande satisfação.

FOLHA - Estão pedindo aos árbitros rigor no combate ao jogo brusco. Você "protegerá" o Brasil e seus craques, como Ronaldinho, contra os croatas, que jogam mais na força?
ARCHUNDIA -
As regras foram feitas para todos. Para o juiz, todos os jogadores são iguais e merecem igual tratamento.

FOLHA - Já apitou jogos da seleção brasileira antes?
ARCHUNDIA -
Apitei a semifinal do Mundial sub-20 contra a Argentina em 2003 [nos Emirados Árabes]. Foi 1 a 0 para o Brasil. Também apitei um jogo de oitavas-de-final do Brasil contra a Síria no Mundial sub-20 no ano passado [na Holanda]. Foi 1 a 0 para o Brasil. E teve o São Paulo ganhando do Liverpool no Mundial, também por 1 a 0. Quando apito jogo de time brasileiro, é 1 a 0 para o Brasil [risos].

FOLHA - Na decisão do Mundial de Clubes, você anulou três gols do Liverpool. Foi seu principal jogo?
ARCHUNDIA -
O jogo foi muito importante, uma final de Mundial, e fico satisfeito pelo que fiz. Nos três lances, foram tomadas decisões certas. Parabenize aqui ao Hector Vergara [assistente canadense que viu irregularidades nos gols do Liverpool no Japão e que estava ao lado de Archundia no evento dos juízes da Copa].

FOLHA - Você é o árbitro mais baixo da Copa...
ARCHUNDIA -
É, sou um dos mais baixinhos. Tenho um corpo de Napoleão [risos].

FOLHA - A arbitragem mexicana já atuou em final de Copa e expulsou atletas [Edgardo Codesal deu vermelho a Monzón e Dezotti em 1990]. Também expulsou Zidane em Mundial [Arturo Brizio deu vermelho para o craque francês em 1998]. Pode expulsar Ronaldinho?
ARCHUNDIA -
Procuro fazer uma arbitragem preventiva. Mas não falo muito com os jogadores. Se precisar mostrar um cartão vermelho, eu mostro mesmo, seja para quem for.

FOLHA - O que espera da seleção mexicana? Tem chance de título?
ARCHUNDIA -
Individualmente, talvez o time não conte muito. Mas é uma boa equipe, que está se preparando há muito tempo. Ganhamos o Mundial sub-17 [3 a 0 na final sobre o Brasil, no ano passado]. Por que não podemos ganhar o adulto?


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