São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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Posições antigas ressuscitam, mas com outra função

COLUNISTA DA FOLHA

Garrincha era ponta-direita. Zagallo, ponta-esquerda. Mas não adianta procurar similares no futebol de hoje.
Desde a Copa de 1982, quando o humorista Jô Soares gritava o bordão "Bota ponta, Telê!", o futebol perdeu aquela figura fixa do lado do campo, que não tinha obrigação de defender. Sua função única era levar a bola até a linha de fundo e cruzar. No máximo, entrar em diagonal para chutar para o gol.
Os pontas tiveram vida longa. Do WM ao 4-3-3, sobreviveram a todas as inovações táticas. Nas equipes que hoje ainda atuam no 4-3-3, como México e Holanda, ainda podem aparecer alguns pontas, mas não como aqueles à moda antiga.
Agora recuam, marcam, ajudam o meio-campo. Os pontas do passado, extintos, eram atacantes pelos lados. Os atuais, ressuscitados, são mais meio-campistas.
A transformação começa a existir, no futebol brasileiro, no final dos anos 70.
Na Copa de 1978, o técnico Cláudio Coutinho queria que o lateral direito tivesse função ofensiva. O ponta fazia o passe em direção à linha de fundo e esperava o lateral ultrapassá-lo para surpreender o adversário, que não esperaria do lateral a função de ponta. Coutinho chamou a artimanha de "overlapping".
No tempo dos pontas, cada posição tinha um número correspondente, o que sobrevive parcialmente hoje.
Atualmente, frequentemente o centroavante é o camisa 9. O goleiro, o camisa 1.
Osvaldo Brandão, técnico da seleção em 1957 e entre 1975 e 1977, costumava falar assim sobre as carências de seus times: "Preciso de um 2, de um 8, de um 5". Ou um lateral direito, um meia-direita, um médio-volante. (PVC)


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