|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Posições antigas ressuscitam, mas com outra função
COLUNISTA DA FOLHA
Garrincha era ponta-direita. Zagallo, ponta-esquerda.
Mas não adianta procurar similares no futebol de hoje.
Desde a Copa de 1982,
quando o humorista Jô Soares gritava o bordão "Bota
ponta, Telê!", o futebol perdeu aquela figura fixa do lado do campo, que não tinha
obrigação de defender. Sua
função única era levar a bola
até a linha de fundo e cruzar.
No máximo, entrar em diagonal para chutar para o gol.
Os pontas tiveram vida
longa. Do WM ao 4-3-3, sobreviveram a todas as inovações táticas. Nas equipes que
hoje ainda atuam no 4-3-3,
como México e Holanda, ainda podem aparecer alguns
pontas, mas não como aqueles à moda antiga.
Agora recuam, marcam,
ajudam o meio-campo. Os
pontas do passado, extintos,
eram atacantes pelos lados.
Os atuais, ressuscitados, são
mais meio-campistas.
A transformação começa a
existir, no futebol brasileiro,
no final dos anos 70.
Na Copa de 1978, o técnico
Cláudio Coutinho queria que
o lateral direito tivesse função ofensiva. O ponta fazia o
passe em direção à linha de
fundo e esperava o lateral ultrapassá-lo para surpreender
o adversário, que não esperaria do lateral a função de
ponta. Coutinho chamou a
artimanha de "overlapping".
No tempo dos pontas, cada posição tinha um número
correspondente, o que sobrevive parcialmente hoje.
Atualmente, frequentemente
o centroavante é o camisa 9.
O goleiro, o camisa 1.
Osvaldo Brandão, técnico
da seleção em 1957 e entre
1975 e 1977, costumava falar
assim sobre as carências de
seus times: "Preciso de um 2,
de um 8, de um 5". Ou um lateral direito, um meia-direita, um médio-volante.
(PVC)
Texto Anterior: Tática: Quem é quem nas quatro linhas Próximo Texto: Palavras-chave do Mundial africano Índice
|