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MATINAS SUZUKI JR.
Recapitulando os erros
Erro número 1: o velho Lobo
Zagallo, o treinador que teve
por mais tempo a seleção de futebol da Nike, digo, do Brasil em
suas mãos, não aproveitou os
longos quatro anos em que esteve
na direção para criar uma fórmula tática e para definir quais
seriam os melhores jogadores que
poderiam se adaptar a ela.
O fato de o Brasil não precisar
disputar as eliminatórias deveria
ter sido aproveitado como uma
vantagem, pois, sem a pressão
dos resultados, teve mais liberdade para testar os seus conceitos.
Erro número 2: a seleção jogou
demais e treinou de menos. Nesses quatro anos, a seleção não
dedicou o tempo e a seriedade
necessária para os treinamentos.
Esse erro é a contrapartida de
um outro, muito mais grave, de
ordem gerencial: não houve, para
os quatro anos, um planejamento
de jogos que pudesse levar a seleção a chegar às vésperas da estréia perto do ponto de bala.
Para atender às exigências do
patrocinador, o Brasil estourou a
cota de jogos promocionais, de
pouca valia para treino efetivo.
Erro número 3: faltam sintonia
e unificação do poder decisório
ao primeiro escalão.
Em uma estrutura de futebol
que se prepara para um torneio
extremamente competitivo como
é uma Copa, a falta desses atributos na cúpula gera divisões e indisciplina nas bases (o futebol
tem a sua corporação baseada no
potencial das individualidades
-e quanto mais rica a individualidade, menos propensa ela é
para o trabalho de equipe).
Erro número 4: falta de atualização e de modernização nos métodos de trabalho e nos conceitos.
Os exames clínicos e de condições atléticas feitos ainda no Brasil são considerados ou ultrapassados ou insuficientes; o sistema
de trabalho de Zagallo, desatualizado taticamente e mal-informado sobre os sistemas adotados
pelos concorrentes, revela estruturas fossilizadas e enferrujadas
na operação da seleção.
Erro número 5: falta de criação
de um ambiente de concentração
psicológica e preparação emocional para atingir os resultados.
Em qualquer organização moderna, esses cinco erros levariam
ao desastre. Como Deus deu talento ao brasileiro, resta fazer a
mandinga para que os recursos
humanos superem amplamente
as carências organizacionais.
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