São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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Camelôs vendem Copa em Paris

O galo Footix, mascote oficial da Copa estampa os principais produtos que formam a cesta básica dos turistas que passa por Paris NOELLY RUSSO
enviada especial a Paris

A quatro dias da primeira partida do Mundial da França, o Footix, mascote oficial do torneio, estampa os sonhos de consumo dos "sacoleiros da Copa".
O boneco está em todos os itens que formam a cesta de inutilidades básicas em Paris, que inclui pantufas e até cuecas samba-canção.
Bips, celulares e até um tamagochi (bichinho virtual) aparecem com as penas azuis do galo Footix e são encontrados nos principais pontos turísticos da cidade.
A loja oficial da Copa do Mundo fica na avenida Champs-Elysées, onde será realizada parte do desfile de abertura do torneio.
Lá o sacoleiro vai encontrar sem maiores dificuldades todo os produtos licenciados pela Fifa.
O Footix atende às necessidades do "sacoleiro-gourmet" em pratos, canecas, copos, além de toalhas e guardanapos, sempre carregando a estampa do Mundial.
Também resolve o problema do "sacoleiro-fashion" em gravatas, camisetas e cuecas.
O "sacoleiro-boleiro" é quem vai se dar melhor com echarpes e, claro, bolas de futebol.
Mas ficará meio decepcionado se quiser comprar camisas das seleções. Mesmo na loja oficial, é difícil encontrar uniformes que não sejam do Brasil e da França.
Já o "sacoleiro-bobagem" vai se empanturrar com porta-moedas, pantufas e uma torre Eiffel de pelúcia com as cores da França.
Outro bom lugar para começar ou terminar as compras é o aeroporto Charles de Gaulle.
As bancas de jornal e lojas vendem uma centena de produtos por dia. Segundo o vendedor de uma das lojas, Stephan, que prefere não dizer seu sobrenome, o boneco do Footix é o item mais procurado.
"Depois vêm as camisas. A do Brasil é a mais procurada e a que acaba primeiro. Depois vem a da França. Não temos de outros times", diz ele.
Alternativo
Para achar produtos não-oficiais da Copa, o consumidor terá a tarefa "difícil" de circular por Paris e procurar objetos e roupas em lojas e camelôs espalhados pela cidade.
Nesse caso, um bom começo é a rue de Rivoli, uma das conhecidas ruas de comércio da cidade.
Ao longo das calçadas, o sacoleiro profissional vai encontrar, entre outros "inutensílios", globos de purpurina com a torre Eiffel.
Camisetas não-oficiais do Brasil são as mais procuradas. Mesmo os franceses têm optado por camisas e bonés do Brasil.
"Comprei o boné do Brasil porque gosto do país e o Brasil vai sr campeão", afirma com certeza inabalável o estudante Allain Duchamps, 15.
Ele diz que gostaria de ter mais lembranças da Copa, mas a mesada, curta segundo ele, não dá. "Eu queria mesmo uma camisa da seleção, mas é muito caro."
As camisas oficiais custam cerca de US$ 50.
Misturar as estampas do Brasil e da França no mesmo produto também faz sucesso.
"Eu sou francês, mas torço pelo Brasil também. Achei essa camiseta legal. Mais legal que as de futebol, que eu nem gosto tanto", diz o patinador Daniel Mille, 26.
Sua camiseta trazia uma estampa estilizada do Corcovado, no Rio de Janeiro, e da torre Eiffel.
Fora Footix!
Apesar da tentativa de invadir a cidade, os produtos da Copa encontram resistência em alguns bolsões "anticopa" de Paris, que se recusam a perder a elegância e sucumbir à moda do futebol.
O melhor exemplo é a região do Marais. O bairro judaico de Paris foi recentemente "hypado" a bairro da moda, onde se encontram roupas de estilistas novos, fora do circuito mais caro das grifes francesas como a Chanel, Cacharrel e Dior.
Em vez dos produtos ligados à Copa, se encontram lojas pequenas e com nomes pouco conhecidos, que vendem roupas às vezes quase artesanais.
Entre as pequenas ruas do bairro, está a rue de Rosiers, que concentra grande número de novas lojas. Lá, os turistas e até mesmo os parisienses dividem o tempo entre descobrir os objetos mais diferentes ou pesquisar qual a casa com o melhor vinho.
"Eu prefiro que a multidão que gosta de futebol fique lá pelos estádios. Aqui ninguém dá muita bola para futebol. Mas quem estiver interessado em sair bem vestido de Paris, sem gastar muito dinheiro, esse é o lugar", diz o vendedor Darren Hayes, 31.
No bairro fica ainda a praça mais charmosa da cidade, a Place de Voges, onde encontrar uma cadeira em uma lanchonete para tomar uma Coca-Cola pode demorar algumas horas.



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