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Dirigente estuda manter-se no cargo
HUMBERTO SACCOMANDI
enviado especial a Paris
O brasileiro João Havelange estuda apresentar sua candidatura à
reeleição para a presidência da Fifa. Isso causaria uma reviravolta
no quadro eleitoral da entidade.
Hoje, há dois candidatos: o suíço
Joseph Blatter, 62, secretário-geral
da Fifa e apoiado por Havelange, e
o sueco Lennart Johansson, 68,
presidente da Uefa (União Européia de Futebol).
Segundo a Folha apurou, a possibilidade de uma "virada de mesa" de Havelange já vem sendo
avaliada pelos partidários de Johansson há algumas semanas. Eles
nunca acreditaram que o brasileiro fosse se desligar facilmente da
entidade que dirige há 24 anos.
A Folha apurou ainda que a CBF
já trabalha com essa possibilidade.
Ontem, Blatter afirmou à agência de notícias "Reuters" que não
descarta que Havelange permaneça no cargo por mais dois anos.
Havelange anunciou há um ano
e meio que não seria candidato.
Em janeiro, deixou claro que
apoiaria Blatter na eleição da próxima segunda, em Paris.
Como nenhum dos dois candidatos (Blatter e Johansson) parece
ter uma clara vantagem, a primeira votação, na qual é preciso obter
maioria absoluta (dois terços dos
votos de 191 federações nacionais)
não deve apontar um vencedor.
Se o resultado apresentar uma
divisão muito apertada dos votos,
com possibilidade de derrota de
Blatter, Havelange poderia se
apresentar como um candidato de
conciliação, para reunificar a "família da Fifa", como os dirigentes
da entidade costumam dizer.
Ao contrário de Johansson e
Blatter, que tinham de se declarar
candidatos até o dia 7 de abril, Havelange é candidato nato, isto é,
pode se apresentar a qualquer momento, por ser o atual presidente.
Segundo a avaliação de assessores de Johansson, outra possibilidade é que a eleição seja adiada
por dois anos. Havelange teria assim um mandato-tampão, que daria tempo para discutir a sucessão.
Segundo Blatter, a reeleição de
Havelange não está na agenda do
congresso da Fifa. "Mas a agenda
pode ser mudada se três quartos
dos membros assim decidirem",
disse à Reuters.
Isso preocupa não só Johansson,
mas também Blatter e as demais
lideranças européias, que contam
com que a presidência da Fifa volte a ser ocupada por um europeu.
Ontem, o francês Michel Platini,
braço direito da candidatura Blatter, disse que espera vencer com
larga margem de votos, o que contraria as expectativas e pode sugerir uma debandada européia de
Johansson para Blatter.
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