São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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Dirigente estuda manter-se no cargo

HUMBERTO SACCOMANDI
enviado especial a Paris

O brasileiro João Havelange estuda apresentar sua candidatura à reeleição para a presidência da Fifa. Isso causaria uma reviravolta no quadro eleitoral da entidade.
Hoje, há dois candidatos: o suíço Joseph Blatter, 62, secretário-geral da Fifa e apoiado por Havelange, e o sueco Lennart Johansson, 68, presidente da Uefa (União Européia de Futebol).
Segundo a Folha apurou, a possibilidade de uma "virada de mesa" de Havelange já vem sendo avaliada pelos partidários de Johansson há algumas semanas. Eles nunca acreditaram que o brasileiro fosse se desligar facilmente da entidade que dirige há 24 anos.
A Folha apurou ainda que a CBF já trabalha com essa possibilidade.
Ontem, Blatter afirmou à agência de notícias "Reuters" que não descarta que Havelange permaneça no cargo por mais dois anos.
Havelange anunciou há um ano e meio que não seria candidato. Em janeiro, deixou claro que apoiaria Blatter na eleição da próxima segunda, em Paris.
Como nenhum dos dois candidatos (Blatter e Johansson) parece ter uma clara vantagem, a primeira votação, na qual é preciso obter maioria absoluta (dois terços dos votos de 191 federações nacionais) não deve apontar um vencedor.
Se o resultado apresentar uma divisão muito apertada dos votos, com possibilidade de derrota de Blatter, Havelange poderia se apresentar como um candidato de conciliação, para reunificar a "família da Fifa", como os dirigentes da entidade costumam dizer.
Ao contrário de Johansson e Blatter, que tinham de se declarar candidatos até o dia 7 de abril, Havelange é candidato nato, isto é, pode se apresentar a qualquer momento, por ser o atual presidente.
Segundo a avaliação de assessores de Johansson, outra possibilidade é que a eleição seja adiada por dois anos. Havelange teria assim um mandato-tampão, que daria tempo para discutir a sucessão.
Segundo Blatter, a reeleição de Havelange não está na agenda do congresso da Fifa. "Mas a agenda pode ser mudada se três quartos dos membros assim decidirem", disse à Reuters.
Isso preocupa não só Johansson, mas também Blatter e as demais lideranças européias, que contam com que a presidência da Fifa volte a ser ocupada por um europeu.
Ontem, o francês Michel Platini, braço direito da candidatura Blatter, disse que espera vencer com larga margem de votos, o que contraria as expectativas e pode sugerir uma debandada européia de Johansson para Blatter.



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