São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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FUTEBOL

Suposta promessa do São Paulo de aumento salarial iniciou desavença

Rogério contrata advogada e rompe com a diretoria

RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ

A história de 11 anos do goleiro Rogério no São Paulo está prestes a terminar de maneira litigiosa.
O jogador contratou ontem a advogada Gislaine Nunes, especialista em liberar atletas em conflito com seus times, para cuidar de sua situação. Ele anunciou ainda que pode processar o presidente do clube, Paulo Amaral.
Segundo o principal ídolo são-paulino, a divergência que deve provocar a sua saída surgiu em razão de um aumento de R$ 50 mil, que a diretoria teria prometido a ele. Porém, diz Rogério, o clube não cumpriu o combinado.
O acordo teria sido feito em abril, após o goleiro apresentar uma proposta de empresários que, segundo ele, o repassariam ao Arsenal (Inglaterra).
"A partir de agora, não falo mais com a diretoria. Eles terão de falar com a minha advogada. Ela vai decidir se tenho clima para ficar ou não no São Paulo", disse.
A crise entre o atleta e a diretoria se agravou após a vitória por 4 a 1 sobre o Coritiba, anteontem, em Maceió, que colocou o time paulista nas finais da Copa dos Campeões, diante do Flamengo.
No vestiário, Rogério anunciou seu rompimento com Amaral. "Ele chegou a dar um murro na mesa no momento em que conversávamos sobre a minha situação, mas deveria ter mais respeito com um atleta", disse Rogério.
Ele participará das duas partidas decisivas contra o Flamengo, domingo, em João Pessoa, e quarta-feira, em Maceió.
"Não sei se vamos ganhar o título, mas vou dar a minha cara para bater, jogar como sempre joguei. Agora, se não cumprirem o que foi combinado, pego minha mala e vou embora, nem que tenha de pagar a multa do meu bolso. Ela é menor do que muitos pensam."
Rogério tem contrato até 2004 e sua multa é de aproximadamente R$ 1,3 milhão. Segundo sua advogada, a multa está estipulada no contrato e diminui a cada mês.
Para o São Paulo, como o contrato foi assinado no ano passado, antes do fim do passe, o clube ainda tem o direito de vender o atleta.
"Só que o São Paulo colocou a multa no contrato. Agora o que vale é essa cláusula", declarou Gislaine. O Corinthians, que já teria tentado tirar Rogério do Morumbi no ano passado, está interessado em contar com o atleta.
Ontem, em São Paulo, Amaral rebateu as declarações dadas pelo goleiro no vestiário. A atitude foi o estopim para Rogério anunciar a contratação de Gislaine, com quem já mantinha contatos.
Segundo Amaral, a proposta apresentada num papel, sem timbre do Arsenal, era de US$ 4 milhões para o São Paulo e de US$ 1,5 milhão à vista para o goleiro, que receberia mais US$ 1,5 milhão por ano, durante três temporadas.
O dirigente afirmou que, depois da primeira conversa com o atleta, os dois voltaram a se reunir. Na ocasião, o goleiro teria pedido o dobro do que recebe atualmente para permanecer na equipe.
"Falei que não poderia pagar e que ele poderia chamar o Arsenal para negociar, mas o Rogério se irritou e afirmou que não jogaria contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, alegando uma contusão no ombro", disse Amaral.
Essa declaração foi a que mais irritou o jogador. "Não pedi o dobro. Ficou acertado que receberia R$ 180 mil por mês, o que representava um acréscimo de R$ 50 mil no meu salário. Nunca tive contusão no ombro. Ele terá de provar isso", afirmou.
De acordo com a versão do presidente, o jogador teria concordado em atuar diante do Grêmio, pela Copa do Brasil, após Amaral prometer ao goleiro um contrato de patrocínio com a LG, patrocinadora do clube, o que acabou não acontecendo.



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