São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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na veia

Atletismo serve de cobaia antidoping

Nos passos do ciclismo, modalidade será a única do Pan do Rio em que competidores passarão por exames de sangue

Objetivo é completar, com latino-americanos, banco de dados que servirá para vetar a participação de atleta com resultados fora do padrão

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O atletismo é a única modalidade do Pan do Rio na qual os atletas serão submetidos a exames de sangue -no total, serão coletadas 200 amostras.
Trata-se de um pedido da Iaaf (a federação internacional do atletismo), que estuda alterar seu regulamento para punir aqueles que apresentarem indícios de que fizeram uso da eritropoietina (EPO).
A exemplo do que já acontece no ciclismo, por exemplo, a Iaaf estuda implantar sua própria versão do "no start", segundo Eduardo de Rose, coordenador do antidoping da competição e membro fundador da Wada (Agência Mundial Antidoping).
No ciclismo, o "no start" funciona da seguinte maneira: se o sangue de um competidor não apresentar os parâmetros hematológicos considerados normais, ou seja, caso seja encontrada uma taxa exagerada de oxigênio no sangue, ele é impedido de largar, apesar de não sofrer acusação de doping.
Esse ciclista segue sem poder competir em sua prova até que seu sangue volte a apresentar os níveis normais.
As altas taxas de oxigênio indicam que existem grandes chances de o atleta ter se utilizado de EPO, que é um hormônio que aumenta a produção de glóbulos vermelhos, o que melhora a oxigenação dos tecidos e, conseqüentemente, retarda sinais de fadiga no organismo.
"A Iaaf estuda se tem elementos suficientes para constituir um "no start". Para isso, precisa de amostras de sangue de todas as áreas do globo. Faltam exatamente as dos latino-americanos. E são essas as amostras que eles pediram para eu colher", explica De Rose.
O especialista acredita que não precisará colher amostras de americanos e canadenses, que apresentam padrões semelhantes aos dos ingleses.
No ciclismo, modalidade na qual alguns atletas alemães afirmaram recentemente fazer uso rotineiro da EPO no início dos anos 90, foram definidos limites hematológicos máximos. Como à época não havia um exame para detectar o hormônio, quem estivesse com os índices acima do normal era suspeito de usar a substância.
"É um exame indireto, e é esse tipo de estudo que está sendo feito pela Iaaf. Mesmo que esse banco de dados não seja usado para implantar o "no start", deve ser usado para testar e identificar usuários de EPO", diz De Rose, ao apontar que a pesquisa pode significar economia para a Iaaf no futuro.
"O exame de sangue custa cerca de R$ 20, enquanto os de EPO saem por aproximadamente R$ 500. Por esse fator financeiro, a aplicação dos exames de EPO fica restrita, não dá para fazer tantos testes".
"O banco de dados pode dar uma amostra do número de atletas que podem estar usando EPO. Por exemplo, se tem um atleta cujo exame de sangue varia muito, mostra oscilação exagerada no nível de oxigenação, uma hora para cima, outra para baixo, ele deve estar usando EPO. Aí dá para ver quando costuma se dopar e o pegamos."


As competições de ATLETISMO serão de 22 a 29 de julho


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