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Poluição pode decidir medalha na canoagem
Mato e lodo atrapalham e preocupam canoístas que participarão do Pan do Rio
Barcos da prefeitura tentam limpar locais próximos à área de competição para aumentar a profundidade da lagoa Rodrigo de Freitas
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
As competições de canoagem
de velocidade no Pan do Rio podem ser definidas por elemento
externo ao desempenho dos remadores: a poluição da lagoa
Rodrigo de Freitas.
Treinando há quase um mês
no local, canoístas da equipe
brasileira identificaram problemas nas condições do local.
Entre eles, o obstáculo mais
preocupante é o mato, que se
acumula na lagoa e engancha
em remos e em lemes.
"Se grudar um chumaço no
leme no dia do Pan, acabou a
prova. Perderemos três ou quatro segundos", contou o canoísta Guto Campos, ouro em Santo Domingo, que competirá nos
mil metros do K4 (barco de
quatro) e nos 500 metros do K2
(barco de dois). Desde o início
dos treinos, ele tem identificado melhoras nas condições.
Enquanto Guto fala, seu
companheiro de barco, Roberto Maheler, retira pedaços da
vegetação do leme. "Se pegar
uma grande, podemos ter de
parar para tirar", explicou ele.
Os bolos de mato ficam próximos aos barcos por causa da
pequena profundidade da lagoa
no início das raias de competições. O local ficou raso com o
acúmulo de sedimentos resultantes da poluição, que chega
com as chuvas ou é despejada
por redes de esgoto ilegais.
No início da raia, o fundo está
a 2 m da superfície, segundo canoístas. Na beira, chega a um
metro. No meio da lagoa, o problema não existe, mas há provas disputadas só no princípio
da raia, junto às arquibancadas.
O governo do Estado realizou
dragagens na lagoa. E informou, na gestão da ex-governadora Rosinha Garotinho, que
iria retirar cerca de 45% do lodo do local. A promessa para o
Pan era de que a profundidade
ficaria em, pelo menos, 3 m.
Há ainda barcos da prefeitura que realizam coletas diárias
de mato da lagoa. Atracam ao
lado dos canoístas e sempre
voltam cheios. Essas ações reduziram o problema, mas não o
resolveram por completo.
"Teria de haver uma mudança no lançamento de esgotos,
mas isso não foi feito. Outro
método é a dragagem, mas é paliativo", afirmou o ambientalista Sergio Ricardo. Ele apontou
o desmatamento de vegetação
em volta da lagoa como agravante da sedimentação.
Além dos chumaços de mato,
os canoístas ainda têm de enfrentar uma água mais pesada
do que o normal, também fruto
da poluição. "A raia é pesada. E
cada uma é diferente da outra.
É por conta da profundidade",
reclamou Ariela Pinto, que rema nos mil metros do K4.
"Ainda temos que recolher
copos e sacos plásticos. É triste
porque as pessoas não têm
consciência", disse Daniela Alvarez, sua colega de barco.
Ventos irregulares provenientes do mar também atrapalham, segundo os atletas. Fora da água, eles elogiam a estrutura oferecida -estão treinando na área de remo do Flamengo. "É maravilhoso esse cenário. O único problema são as
ondas das lanchas e os ventos",
diz Sebastian Cuattrín.
Apesar dos elogios, há operários levantando tendas e cortando ferros no local de treino
dos canoístas. O mesmo ocorreu nesta última semana no Estádio de Remo, onde ficam os
remadores, que será inaugurado hoje pelo governo do Estado.
Procurado por meio da sua
assessoria, o Co-Rio (comitê
organizador do Pan) não respondeu às críticas dos canoístas às condições da lagoa Rodrigo de Freitas. A reportagem
deu dois dias à entidade para se
manifestar, o que não ocorreu.
Remo
Para os representantes do remo, os obstáculos provocados
pela poluição da lagoa não vão
interferir nos resultados no
Pan. Isso porque o problema foi
minimizado, segundo eles.
"Já teve Campeonato Brasileiro em que sofríamos com a
lama. Mas agora não interfere
em nada", explicou o técnico da
seleção masculina, José Ricardo Contieri. "Já se foi o tempo
em que víamos colchão na lagoa", contou o remador Henrique Motta. Ele reconheceu que
os canoístas podem sofrer com
o mato nas condições atuais
pois usam mais raias e têm barcos diferentes dos seus.
As provas de CANOAGEM DE VELOCIDADE
acontecem de 25 a 28 de julho
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