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FUTEBOL
A hora do coletivo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasileirão está só começando, mas não deixa de
ser curioso o fato de apenas três
dos 28 clubes terem vencido seus
dois primeiros jogos: Palmeiras,
Atlético-PR e Goiás.
Nenhum dos três aparecia como
favorito antes do início do torneio. Ainda é cedo para saber se
essa liderança vai durar ou se é só
fogo de palha.
De todo modo, o que fica claro
nas primeiras rodadas do principal campeonato do país é que hoje em dia nenhum time costuma
se manter no topo por mais de
uma temporada.
As equipes que se destacaram
no primeiro semestre -Corinthians, Flamengo, Grêmio e São
Paulo- não começaram muito
bem o Brasileiro. Talvez voltem a
se acertar, depois de assimilar as
mudanças de jogadores, e cheguem entre os finalistas.
Por enquanto, a vantagem é dos
times com elencos menos estelares
que se armaram discretamente
para o Nacional.
É o caso, por exemplo, do Goiás,
que ontem aplicou uma vitória
categórica sobre o Flamengo. O
campeão carioca é praticamente
o mesmo time do primeiro semestre, com duas únicas e fatais ausências: Gamarra e Leandro Ávila. O Goiás também perdeu dois
jogadores -Dill e Fernandão-,
mas montou uma equipe organizada, com bons jogadores como
Zinho, Gauchinho e Araújo.
Resultado: o time do Flamengo
fiava-se na categoria de seus craques -Edílson, Petkovic, Beto-,
cada um tentando penetrar sozinho na defesa adversária, enquanto o Goiás jogava um futebol
solidário e inteligente, fechando-se atrás e partindo em leque para
o ataque.
No outro extremo temos o Cruzeiro, talvez o clube que mais investiu em contratações. Mas, mesmo com Rincón e Edmundo, o time mineiro acumula até agora
duas derrotas.
A eventual ida de Marcelinho
para o Cruzeiro pode ajudar o time a sair do buraco ou afundá-lo
de vez. Três jogadores de "personalidade forte" e pavio curto como Marcelinho, Rincón e Edmundo talvez sejam um pouco
demais para um time só.
Os craques podem fazer a diferença, mas para isso é preciso organização e sentido coletivo.
"O Alex é um jogador técnico.
Não é um jogador de marcar, de
correr atrás do volante adversário. Ele ainda se enquadra no futebol de hoje porque tem excelente preparo físico, mas para tê-lo
na equipe são escalados dois ou
três volantes para executar a
marcação e, inúmeras vezes, ele
se ressente da falta de um jogador
para fazer as tabelas, pois os dois
atacantes ficam muito longe dele
e não há pontas para que ele possa armar as jogadas pelos lados
do campo. Ainda assim ele joga e
joga bem."
O autor do comentário acima,
com o qual concordo plenamente,
é ninguém menos que Ademir da
Guia, o maior jogador da história
do Palmeiras e um dos maiores
do país.
A declaração está no recém-lançado "Divino - A Arte de Ademir da Guia", de Kleber Mazziero
de Souza (editora Gryphus).
O livro merece ser lido não só
pela quantidade de informações
que traz sobre a dinastia de craques da família Da Guia (Domingos, Ademir, Luís Antônio, Ladislau, Médio, Neném), mas também pelo detalhado histórico da
"Academia" alviverde nos anos
60 e 70 -esse sim, um time repleto de craques, mas organizado.
Hora da saudade
Posso até queimar a língua,
mas considero um equívoco
nostálgico a volta de Bebeto
ao Vasco para fazer dupla
com Romário. Os dois deram
muito certo, juntos, na Copa
de 94. Mas isso foi há sete
anos. Hoje a dupla pode ser
boa para jogos de exibição.
Num torneio como o Campeonato Brasileiro, é mais
provável que se revezem a
maior parte do tempo. Enquanto um estiver no estaleiro, o outro fará dupla com
um atacante mais jovem.
Ronaldos de volta
A volta de Ronaldinho, que
ontem estreou em sua nova
equipe, o Paris Saint-Germain, é uma boa notícia para
quem gosta de futebol. Tomara que se resolva logo a
querela entre o jogador e seu
ex-clube, o Grêmio, para que
ele possa jogar em paz, recuperar a forma e voltar à seleção. Quem sabe ao lado do
outro Ronaldo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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