São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2001

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FUTEBOL

A hora do coletivo

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasileirão está só começando, mas não deixa de ser curioso o fato de apenas três dos 28 clubes terem vencido seus dois primeiros jogos: Palmeiras, Atlético-PR e Goiás.
Nenhum dos três aparecia como favorito antes do início do torneio. Ainda é cedo para saber se essa liderança vai durar ou se é só fogo de palha.
De todo modo, o que fica claro nas primeiras rodadas do principal campeonato do país é que hoje em dia nenhum time costuma se manter no topo por mais de uma temporada.
As equipes que se destacaram no primeiro semestre -Corinthians, Flamengo, Grêmio e São Paulo- não começaram muito bem o Brasileiro. Talvez voltem a se acertar, depois de assimilar as mudanças de jogadores, e cheguem entre os finalistas.
Por enquanto, a vantagem é dos times com elencos menos estelares que se armaram discretamente para o Nacional.
É o caso, por exemplo, do Goiás, que ontem aplicou uma vitória categórica sobre o Flamengo. O campeão carioca é praticamente o mesmo time do primeiro semestre, com duas únicas e fatais ausências: Gamarra e Leandro Ávila. O Goiás também perdeu dois jogadores -Dill e Fernandão-, mas montou uma equipe organizada, com bons jogadores como Zinho, Gauchinho e Araújo.
Resultado: o time do Flamengo fiava-se na categoria de seus craques -Edílson, Petkovic, Beto-, cada um tentando penetrar sozinho na defesa adversária, enquanto o Goiás jogava um futebol solidário e inteligente, fechando-se atrás e partindo em leque para o ataque.
No outro extremo temos o Cruzeiro, talvez o clube que mais investiu em contratações. Mas, mesmo com Rincón e Edmundo, o time mineiro acumula até agora duas derrotas.
A eventual ida de Marcelinho para o Cruzeiro pode ajudar o time a sair do buraco ou afundá-lo de vez. Três jogadores de "personalidade forte" e pavio curto como Marcelinho, Rincón e Edmundo talvez sejam um pouco demais para um time só.
Os craques podem fazer a diferença, mas para isso é preciso organização e sentido coletivo.
"O Alex é um jogador técnico. Não é um jogador de marcar, de correr atrás do volante adversário. Ele ainda se enquadra no futebol de hoje porque tem excelente preparo físico, mas para tê-lo na equipe são escalados dois ou três volantes para executar a marcação e, inúmeras vezes, ele se ressente da falta de um jogador para fazer as tabelas, pois os dois atacantes ficam muito longe dele e não há pontas para que ele possa armar as jogadas pelos lados do campo. Ainda assim ele joga e joga bem."
O autor do comentário acima, com o qual concordo plenamente, é ninguém menos que Ademir da Guia, o maior jogador da história do Palmeiras e um dos maiores do país.
A declaração está no recém-lançado "Divino - A Arte de Ademir da Guia", de Kleber Mazziero de Souza (editora Gryphus).
O livro merece ser lido não só pela quantidade de informações que traz sobre a dinastia de craques da família Da Guia (Domingos, Ademir, Luís Antônio, Ladislau, Médio, Neném), mas também pelo detalhado histórico da "Academia" alviverde nos anos 60 e 70 -esse sim, um time repleto de craques, mas organizado.

Hora da saudade
Posso até queimar a língua, mas considero um equívoco nostálgico a volta de Bebeto ao Vasco para fazer dupla com Romário. Os dois deram muito certo, juntos, na Copa de 94. Mas isso foi há sete anos. Hoje a dupla pode ser boa para jogos de exibição. Num torneio como o Campeonato Brasileiro, é mais provável que se revezem a maior parte do tempo. Enquanto um estiver no estaleiro, o outro fará dupla com um atacante mais jovem.

Ronaldos de volta
A volta de Ronaldinho, que ontem estreou em sua nova equipe, o Paris Saint-Germain, é uma boa notícia para quem gosta de futebol. Tomara que se resolva logo a querela entre o jogador e seu ex-clube, o Grêmio, para que ele possa jogar em paz, recuperar a forma e voltar à seleção. Quem sabe ao lado do outro Ronaldo.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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