São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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JUCA KFOURI

O futebol começa aos 30

Numa rodada feliz para os quatro paulistas, a velha geração brilha porque a nova continua indo embora

AOS 33 ANOS , Vampeta voltou ao time do Corinthians e foi o toque de qualidade na vitória diante do Goiás, no Morumbi.
Usou e abusou dos passes de trivela e fez o lançamento que originou o solitário gol alvinegro. Ele e, em menor medida, o menino William, 19, fizeram a diferença. Mas, ao que tudo indica, já estão fazendo as malas do garoto, para uma Ucrânia qualquer.
E ao velho Vamp, como ele gosta de se chamar, caberá o papel que nem Paulo César Carpegiani parecia acreditar que pudesse desempenhar. Na reestréia, deu certo.
Na Vila Belmiro, quem inaugurou a fácil vitória santista sobre o Flamengo foi Pedrinho, 30, que recebeu um tijolo de Marcos Aurélio, 23, e soube arredondá-lo para fazer 1 a 0. Este Pedrinho que tinha só um fiador, Vanderlei Luxemburgo.
O Santos subiu e, ainda, aposta em Petkovic, quase 35 anos, para reforçar seu meio-de-campo, embora Kléber, 27, dê conta do recado.
Digamos que as vitórias de Corinthians e Santos eram mais ou menos obrigatórias, apesar de a campanha goiana ser melhor.
Mas a do Palmeiras, no Maracanã, sobre o Fluminense, não era.
E se Diego Cavalieri, 24, acabou por ser o herói do jogo, a vitória por 1 a 0 nasceu dos pés de Edmundo, 36, em lançamento precioso para Valdivia, 23. E não foi o único passe milimétrico dele, diga-se. O que o levou a fazer ácida ironia sobre "os que não nos deixam jogar juntos", em alusão à parceria com o chileno e, é óbvio, ao técnico Caio Júnior.
Não está nada fácil a vida dos técnicos, que perdem as promessas, como a dupla Gre-Nal perdeu Lucas, 20, e Alexandre Pato, 17 -e corre o risco de perder o estupendo Carlos Eduardo, 20.
Porque quando se apela para os veteranos -e nada contra os mais velhos-, por mais que dê resultado, o treinador se vê obrigado a conviver com vícios e manias que são típicos, e naturais, de quem está no ocaso de suas carreiras.
Claro que nem sempre é assim, basta ver como é pacífica a convivência com Rogério Ceni, 34, maior ídolo do São Paulo, e com Dodô, 33, xodó botafoguense que, aliás, por linhas tortas, foi corretamente absolvido de uma descabida acusação de doping, graças a uma legislação caduca e, como se viu, manipulada.
E por falar no goleiro e no artilheiro, que jogo teremos nesta quarta-feira entre Botafogo e São Paulo, pena que no Maracanã, com gramado estropiado, porque merecia o Engenhão, nova casa do Glorioso.
Principalmente depois de ontem, quando o São Paulo teve a felicidade de fazer um gol de cara e a sabedoria para assegurar, e ampliar, a valiosa vitória sobre o Grêmio, 2 a 0, Borges e Tardelli, no Olímpico.

Fim de papo
Se alguém tinha dúvida sobre a necessidade de um organismo que limitasse o Poder Judiciário, a decisão homofóbica do juiz do caso Richarlyson revela como pode ser útil o Conselho Nacional de Justiça.
Autonomia não é terra de ninguém, constatação que, aliás, serve à perfeição também para as entidades esportivas. O Supremo Tribunal Federal deve, há dois anos, uma interpretação sobre o alcance da tal autonomia em nosso futebol.


blogdojuca@uol.com.br

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