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PEQUIM 2008
Bem-vindo a Pequim
COM TERREMOTO, ALERTA DE TUFÃO, AGRESSÃO A JORNALISTAS E MUITA SEGURANÇA NAS RUAS PARA A CHEGADA DA TOCHA À CAPITAL, CHINA EXPURGA SEUS PROBLEMAS A DOIS DIAS DA ABERTURA DOS JOGOS
Cao Taeg/Reuters
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Yao Ming, astro da NBA, carrega a tocha olímpica à frente do retrato do líder chinês Mao Tse-tung na Cidade Proibida
DOS ENVIADOS A PEQUIM
A dois dias do 8/8/08, data
carregada de simbolismo e escolhida a dedo pelos chineses
para a abertura do maior evento que já organizaram, a China
vive momentos conturbados.
Terremotos, tufões, terrorismo e afrontas à liberdade de
imprensa precederam a chegada a Pequim da tocha olímpica
na noite de ontem, manhã de
hoje na China. Um espetáculo
de exaltação nacional, que misturou a moderna China de Yao
Ming, astro do basquete, e a
China que precisa de um símbolo de unidade, o retrato de
Mao Tse-tung, na Cidade Proibida. E segurança máxima.
Périplo global, cheio de percalços, confusões e polêmicas,
que termina sexta no Ninho de
Pássaro e provoca um ambiente de absoluta segurança, rigidez e até mesmo paranóia.
Motivos ou desculpas não
faltam. Ontem, terça na China,
pela segunda vez em quatro
dias Sichuan tremeu acima de 6
pontos na escala Richter. Houve uma morte. É a Província
abalada com quase 80 mil mortes no terremoto de 12 de maio.
Na costa chinesa, moradores
e subsedes olímpicas aguardam
a passagem de pelo menos dois
tufões previstos pelo departamento de meteorologia do país.
Em outro extremo do país, na
fronteira noroeste, o atentado
de anteontem, que matou 16 e
reacendeu o temor de terrorismo nos Jogos, teve um efeito
colateral grave. Dois jornalistas
japoneses foram espancados
pela polícia ao tentarem trabalhar no local do ataque.
O caso gerou um princípio de
incidente diplomático entre
Japão e China e culminou em
um pedido de desculpas dos
chineses, repleto de ressalvas.
Enquanto as autoridades de
Xinjiang tentavam se explicar,
a 4.000 km dali, Pequim restringia o trabalho da imprensa.
Entrevistas na praça da Paz Celestial, centro nevrálgico do
país e palco da cerimônia de ontem, voltaram a ser proibidas,
aparentemente para que protestos não fossem registrados.
Em vão. Dois "estrangeiros",
assim descritos, escalaram postes de iluminação para fixar estandartes pró-Tibete, nas cercanias do Ninho de Pássaro.
Quatro ativistas foram presos.
É assim, áspera, ostensiva,
enxergando inimigos dentro e
fora de Pequim, que a China se
prepara para sua aguardada
Olimpíada. Certamente, não vê
a hora de o esporte começar.
137 mil
quilômetros foi o percurso percorrido pela tocha, encerrando a maior e mais conturbada jornada do fogo olímpico. A tocha partiu da praça da Paz Celestial e, após enfrentar protestos de ativistas de direitos humanos pró-Tibete e uigures, voltou à capital chinesa ontem.
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