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POLUIÇÃO
Qualidade do ar chinês gera dúvida e máscaras
Médico do COI diz que Pequim tem os poluentes sob controle
Sueco admite, porém, que esportistas com problemas respiratórios podem sofrer; norte-americanos chegam à China com rostos cobertos
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
DA REPORTAGEM LOCAL
Fora do discurso oficial, os
efeitos da poluição sobre os
atletas olímpicos em Pequim
continuam a ser imprevisíveis
diante dos dados disponíveis.
Medições de partículas no ar,
máscaras antipoluição e desistências traçam um quadro ainda indefinido sobre o tema.
Diante das incertezas, quatro
ciclistas norte-americanos chegaram ontem com máscaras
para minimizar os efeitos do ar.
"Por que usamos as máscaras: a poluição. Quando você
treina a vida inteira para algo, é
melhor ser cuidadoso do que
lamentar", explicou o ciclista
Mike Friedman.
O Comitê Olímpico Americano não gostou: achou desnecessário o uso no aeroporto. Mas
os atletas alegam que foi a entidade quem lhe deu as máscaras.
Para os organizadores da
Olimpíada, as máscaras também são desnecessárias e a poluição não é um problema grande. É o que reafirmou ontem o
chefe da comissão médica do
COI, Arne Ljungqvist.
"É preciso avaliar um conjunto de fatores. Medimos cinco poluentes, uns podem estar
mais altos, outros mais baixos",
explicou o sueco, que, entretanto, reconheceu que atletas
com problemas respiratórios
podem sofrer.
Só que o próprio médico admite que não há uma nota de
corte para estabelecer quando
o ar está crítico. Afirmou que
utiliza parâmetros da OMS
(Organização Mundial da Saúde) como referência.
"Esses parâmetros são difíceis de serem atingidos, mas
em vários aspectos Pequim os
atinge", afirmou Ljungqvist.
Tradução: não atinge alguns
dos índices exigidos pela organização mundial.
O guia da entidade estabelece
patamares para diversos tipos
de poluentes, como ozônio, e
partículas por micrograma. E
seu foco é mais nos efeitos a
longo prazo sobre cidadãos.
Informação do COI aos comitês olímpicos dizia que o índice era de 80 microgramas/
m3, referindo-se a partículas
suspensas. O COB estabeleceu
medidas preventivas.
A Reuters noticiou ontem
que o índice girava em torno de
100 microgramas/m3. Mas o
COI e o governo chinês dizem
que o ar está melhorando.
O céu azul é visto como um
sinal de que o ar está mais limpo. Houve nevoeiro nos últimos dois dias em Pequim, mas
o COI diz o fenômeno é fruto
da umidade e do calor.
Competidores têm opiniões
diversas sobre o ar. Alguns dizem não estar tão mal. Outros
alegam ser difícil respirar.
Ontem, o ciclista português
Sergio Paulinho, que tem problemas respiratórios e foi prata
em Atenas-2004, desistiu de
competir nos Jogos. "Podia
piorar com o ar poluído", afirmou seu técnico, José Poeira.
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