São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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POLUIÇÃO

Qualidade do ar chinês gera dúvida e máscaras

Médico do COI diz que Pequim tem os poluentes sob controle

Sueco admite, porém, que esportistas com problemas respiratórios podem sofrer; norte-americanos chegam à China com rostos cobertos


ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
DA REPORTAGEM LOCAL

Fora do discurso oficial, os efeitos da poluição sobre os atletas olímpicos em Pequim continuam a ser imprevisíveis diante dos dados disponíveis. Medições de partículas no ar, máscaras antipoluição e desistências traçam um quadro ainda indefinido sobre o tema.
Diante das incertezas, quatro ciclistas norte-americanos chegaram ontem com máscaras para minimizar os efeitos do ar.
"Por que usamos as máscaras: a poluição. Quando você treina a vida inteira para algo, é melhor ser cuidadoso do que lamentar", explicou o ciclista Mike Friedman.
O Comitê Olímpico Americano não gostou: achou desnecessário o uso no aeroporto. Mas os atletas alegam que foi a entidade quem lhe deu as máscaras.
Para os organizadores da Olimpíada, as máscaras também são desnecessárias e a poluição não é um problema grande. É o que reafirmou ontem o chefe da comissão médica do COI, Arne Ljungqvist.
"É preciso avaliar um conjunto de fatores. Medimos cinco poluentes, uns podem estar mais altos, outros mais baixos", explicou o sueco, que, entretanto, reconheceu que atletas com problemas respiratórios podem sofrer.
Só que o próprio médico admite que não há uma nota de corte para estabelecer quando o ar está crítico. Afirmou que utiliza parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde) como referência.
"Esses parâmetros são difíceis de serem atingidos, mas em vários aspectos Pequim os atinge", afirmou Ljungqvist. Tradução: não atinge alguns dos índices exigidos pela organização mundial.
O guia da entidade estabelece patamares para diversos tipos de poluentes, como ozônio, e partículas por micrograma. E seu foco é mais nos efeitos a longo prazo sobre cidadãos.
Informação do COI aos comitês olímpicos dizia que o índice era de 80 microgramas/ m3, referindo-se a partículas suspensas. O COB estabeleceu medidas preventivas.
A Reuters noticiou ontem que o índice girava em torno de 100 microgramas/m3. Mas o COI e o governo chinês dizem que o ar está melhorando.
O céu azul é visto como um sinal de que o ar está mais limpo. Houve nevoeiro nos últimos dois dias em Pequim, mas o COI diz o fenômeno é fruto da umidade e do calor.
Competidores têm opiniões diversas sobre o ar. Alguns dizem não estar tão mal. Outros alegam ser difícil respirar.
Ontem, o ciclista português Sergio Paulinho, que tem problemas respiratórios e foi prata em Atenas-2004, desistiu de competir nos Jogos. "Podia piorar com o ar poluído", afirmou seu técnico, José Poeira.


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