São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

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JUCA KFOURI

A lição do Palmeiras


Ao bater o pé e exigir um comportamento mais parceiro da parceira, o clube do Parque Antarctica ensina
ENFIM ALGUÉM gritou.
"Não sou presidente de banco, mas de um time de futebol. Se for para desmanchar um time que pode ser campeão, largo isso tudo, paro com essa encheção, vou- -me embora", informou, mais do que ameaçou, o presidente do Palmeiras. Já não era sem tempo.
Alguém precisava fazer o que fez Luiz Gonzaga Belluzzo.
Para não ser dominado pelo parceiro, como é o Fluminense.
E para não ser desmanchado, como aconteceu com o rival do outro parque, o São Jorge, onde um luminar disse, aos ignorantes, que o que importa é o lucro.
Ora, que o parceiro queira lucrar, faz sentido. Mas até para ser barriga de aluguel há limites.
Que lucre na hora certa, ao fim do exercício, e que corra riscos, como correm inúmeros os que dão a cara a tapa ao presidir um clube popular.
Coisa que alguém que toque o Santo André ou o Grêmio Barueri não faz a menor ideia do que seja, razão pela qual tem lá seus pistoleiros do velho oeste, para o bem e para o mal, mais para o mal do que para o bem, que ninguém se engane.
Pois Belluzzo enquadrou a parceria. Pelo menos até o fim do Campeonato Brasileiro, que não é muito, mas, também, não é pouco.
Mas o presidente alviverde também clamou por soluções que façam sentido, coisa que ele diz não ver naqueles que, sempre segundo ele, apenas reclamam na mídia.
Economista acostumado a salvar o mundo em suas competentes análises, muitas delas à disposição dos leitores desta Folha, Belluzzo não acha que o modelo empresarial sirva ao clubes brasileiros, apesar de servir, e como, aos ingleses.
Separar o futebol do social, administrar só com profissionais dispostos a não se curvar às entidades que deveriam ser meios e viraram fins, como as federações estaduais e a CBF, madrastas autoritárias que aos clubes impõem modelos e calendários que destoam do resto do mundo, são soluções tão óbvias, tão simples, que parecem mesmo simplórias, insuficientes, quando não há unidade de propósitos entre os que fazem o futebol no país.
Nem mesmo, aliás, quando até o presidente da República e o governador do Estado mais importante do país manifestam seu inconformismo com a sangria que o êxodo propicia em meio ao principal campeonato nacional.
Não descarte que as manifestações públicas de Lula e de José Serra, este último por meio de seu Twitter, tenham encorajado o dirigente palmeirense a bater na mesa. E feito o esperto dono da Traffic, José Hawilla, moderar seu apetite, não só porque o presidente corintiano pode fazer a sucessora, como, ainda mais, porque o governador palmeirense pode vir a ser o próximo presidente -eternamente grato, pois não, ao parceiro de um cada vez mais possível pentacampeonato brasileiro.
Independentemente de tais ilações, maldosas por supuesto, é de se saudar que todos tenham se curvado a um mínimo de racionalidade, aquela que ensina, em meio à paixão do futebol, que os objetivos de um clubes têm a ver com ser campeão ao fim da temporada, para aí, e só aí, colher os frutos.
E se puder pensar no bi, melhor!

blogdojuca@uol.com.br


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