São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2000

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RELIGIÃO
Festa do Ano Novo judaico coincide com reta final dos Jogos de Sydney
Rito pode afastar judeus de provas

DOS ENVIADOS A SYDNEY

A religião pode fazer com que atletas judeus fiquem fora dos dois últimos dias de competição da Olimpíada de Sydney.
Pelo calendário, o dia 1º de outubro marca o Ano Novo judaico.
Nesse e no dia anterior, o trabalho não é permitido pelos líderes religiosos, em respeito à data.
Os atletas israelenses (maior nação judia do planeta) estão sendo aconselhados a não participarem dos Jogos. Já os brasileiros afirmam que vão deixar o rito de lado em nome da disputa.
Marcelo Elgarten, 25, levantador reserva da seleção brasileira de vôlei, é descendente de judeus da Europa Oriental.
Ele reclama que a última vez em que pôde participar da celebração do "Shaná Tová" foi em 1998, quando jogava pela Olympikus, no Rio, onde moram os parentes. "A gente se acostuma, porque está sempre viajando. Mas quando consigo, participo. É uma coisa bonita, reúne a família."
O Ano Novo judaico coincide com a final masculina do vôlei. "Se ganhar a medalha, eu vou lá (na sinagoga)."
"Este ano, ao menos passarei o Yom Kippour (Dia do Perdão, uma semana após o Ano Novo) em casa. Cumprirei todo o ritual, inclusive jejuar."
Tricampeã mundial e considerada barbada, ao lado de Shelda, para a medalha de ouro em Sydney, a jogadora de vôlei de praia Adriana Behar, 30, é filha de um oficial (já morto) de origem judaica do Exército e de mãe católica. Behar cumpriu sacramentos da Igreja Católica, como o batismo, mas não é praticante.
Já entre os 49 atletas israelenses, o comitê olímpico nacional também quer dar o direito de escolha, mas eles estão sofrendo pressão dos líderes religiosos locais.
As datas reservadas para a reclusão são justamente as em que acontecem finais de competições (pólo e remo) nas quais o país tem chances de medalha.
Zevulon Orlev, membro do Partido Religioso Nacional, disse que os atletas devem "servir de exemplo para o povo de Israel" e guardar o feriado religioso.
Já para Efraim Zinger, secretário-geral do Comitê Olímpico Israelense, os atletas devem ser permitidos a competir e a participar da cerimônia de encerramento dos Jogos. Em Barcelona-92, o competidor Amit Inbar tinha chances de conquista de medalha no iatismo, mas não participou do último dia de provas, pois caía no feriado religioso do Yom Kippur. (MD e JAD)


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