|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELIGIÃO
Festa do Ano Novo judaico coincide com reta final dos Jogos de Sydney
Rito pode afastar judeus de provas
DOS ENVIADOS A SYDNEY
A religião pode fazer com que
atletas judeus fiquem fora dos
dois últimos dias de competição
da Olimpíada de Sydney.
Pelo calendário, o dia 1º de outubro marca o Ano Novo judaico.
Nesse e no dia anterior, o trabalho não é permitido pelos líderes
religiosos, em respeito à data.
Os atletas israelenses (maior nação judia do planeta) estão sendo
aconselhados a não participarem
dos Jogos. Já os brasileiros afirmam que vão deixar o rito de lado
em nome da disputa.
Marcelo Elgarten, 25, levantador reserva da seleção brasileira
de vôlei, é descendente de judeus
da Europa Oriental.
Ele reclama que a última vez em
que pôde participar da celebração
do "Shaná Tová" foi em 1998,
quando jogava pela Olympikus,
no Rio, onde moram os parentes.
"A gente se acostuma, porque está
sempre viajando. Mas quando
consigo, participo. É uma coisa
bonita, reúne a família."
O Ano Novo judaico coincide
com a final masculina do vôlei.
"Se ganhar a medalha, eu vou lá
(na sinagoga)."
"Este ano, ao menos passarei o
Yom Kippour (Dia do Perdão,
uma semana após o Ano Novo)
em casa. Cumprirei todo o ritual,
inclusive jejuar."
Tricampeã mundial e considerada barbada, ao lado de Shelda,
para a medalha de ouro em
Sydney, a jogadora de vôlei de
praia Adriana Behar, 30, é filha de
um oficial (já morto) de origem
judaica do Exército e de mãe católica. Behar cumpriu sacramentos
da Igreja Católica, como o batismo, mas não é praticante.
Já entre os 49 atletas israelenses,
o comitê olímpico nacional também quer dar o direito de escolha,
mas eles estão sofrendo pressão
dos líderes religiosos locais.
As datas reservadas para a reclusão são justamente as em que
acontecem finais de competições
(pólo e remo) nas quais o país tem
chances de medalha.
Zevulon Orlev, membro do Partido Religioso Nacional, disse que
os atletas devem "servir de exemplo para o povo de Israel" e guardar o feriado religioso.
Já para Efraim Zinger, secretário-geral do Comitê Olímpico Israelense, os atletas devem ser permitidos a competir e a participar
da cerimônia de encerramento
dos Jogos. Em Barcelona-92, o
competidor Amit Inbar tinha
chances de conquista de medalha
no iatismo, mas não participou
do último dia de provas, pois caía
no feriado religioso do Yom Kippur.
(MD e JAD)
Texto Anterior: Veto à entrada de alimentos causa surpresa Próximo Texto: Católicos combatem dispersão durante os Jogos Índice
|