São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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RÉGIS ANDAKU

Não só raquetadas


Andre Agassi abandona o tênis com a fama de campeão exemplar e deixa exemplo a amadores e profissionais


ANDRE AGASSI tinha talento reconhecido. Em Paris, aos 18 anos, não seria surpresa ganhar o Aberto da França. Mais cedo ou mais tarde, aquele garotão chegaria a um grande título, todos sabiam.
Na primeira rodada, atropelou o italiano Paolo Cane em três sets. Na segunda, outro italiano, Massimiliano Narducci, ficou pelo caminho, também três sets. Na terceira rodada, nova vitória rápida e indolor -sobre o alemão Andreas Vysand. Agassi só perderia seu primeiro set naquele Grand Slam de 1988 nas oitavas, contra o experimentado Magnus Gustafsson -mas venceria o quarto e último set com um "pneu". Nas quartas, até com certa facilidade, despachou o argentino Guillermo Perez-Roldan.
Sua primeira final de Grand Slam parecia óbvia: no embalo, era a aposta certa mesmo contra o poderoso Mats Wilander. Só que o jogo foi mais disputado e longo do que poderia imaginar Agassi. Wilander, óbvio, não se rendeu fácil. Com um jogo pesado e paciente, arrastou a definição ao quinto set. Aí, por incrível que pareça, faltaram pernas e fôlego ao jovem Agassi. Wilander fez 6/0.
Naquela noite, Agassi se deu conta de que o fato de ter feito todas as refeições noturnas em um McDonald's talvez tivesse atrapalhado seu desempenho e que o cheeseburger não era o alimento mais nutritivo e adequado a um atleta de ponta -como no fundo acreditava.
Foi aí que Agassi decidiu contratar um preparador físico: Gil Reyes. E foi aí que Agassi, além dos cheeseburgers, eliminou refeições à base de barras de chocolate nas vésperas dos jogos. E tornou-se uma referência em disciplina física e alimentação adequada no tênis.

Campeão ideal
Quatro anos depois, Agassi levou seu primeiro Grand Slam. Ganhou Wimbledon e, debutante no baile dos campeões, encantou-se com a desenvoltura de Steffi Graf, ela própria experiente: vencera então seu quarto troféu em Londres. A figura ganhadora da alemã atraiu Agassi, que, ingênuo, pediu a seu empresário que levasse a ela um convite para uma saída nas semanas seguintes. Ela, estranhando aquele moleque petulante que usava o empresário como garoto de recado, nem quis saber.
Agassi e Graf encontraram-se em situação semelhante na festa dos campeões do Aberto da França em 1999. Dessa vez, foi ele próprio em pessoa falar com ela. Agassi mostrou sua cara, expressou-se corretamente, como ele diz, e conseguiu o "sim" para um jantar. O namoro demoraria meses para ser descoberto -e viraria casamento.
E Agassi, o campeão que abandona o tênis com a fama de "campeão ideal", deixa alguns exemplos de perseverança e estratégia, inteligência e planejamento, humildade e trabalho duro. Em vez de mirar apenas as conquistas de Agassi, funciona mais reparar no que o tornou um campeão.

FUTURO
Agassi, 36, vai se dedicar agora à família (além de Steffi, os filhos Jaden Gil e Jaz) e a projetos sociais de caridade (mantém uma fundação na cidade-natal, Las Vegas).

PELA AMÉRICA DO SUL
Está confirmada mais uma versão da Copa Petrobras, série de challengers em cinco países da América do Sul, Brasil incluído. A primeira etapa é em 16 de outubro.

DO SUL AO NORDESTE
Lucas Engel virou contra Franco Ferreiro e ficou com o título do Instituto Tênis Future, disputado até sábado no Centro Nacional de Treinamento Itamirim Clube de Campo, em Itajaí, Santa Catarina. Nesta semana, é a vez de Fortaleza receber um torneio future, com jogos nas quadras do Náutico Atlético Clube.

reandaku uol.com.br


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