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Menos badalado pentacampeão faz 12ª partida pelo
Arsenal, onde surpreende com futebol vistoso e gols
Mais um dia para Gilberto
SILVIO NAVARRO
DA FOLHA ONLINE
Em mais uma jornada, Gilberto
Silva, 26 amanhã, dá continuidade a sua vida nova hoje no Arsenal. O menos badalado titular da
seleção do pentacampeonato está
escalado para a partida do milionário time de Londres contra o
Sunderland, pelo Campeonato
Inglês, em seu 12º jogo desde a final da Copa do Mundo contra a
Alemanha, em junho.
Ocupando a vaga deixada pelo
capitão Emerson, cortado, o volante foi uma das surpresas positivas do penta, ao lado de Kleberson. E o único a manter o brilho
internacional após o triunfo.
Gilberto Silva também foi o único titular da família Scolari a ter o
contrato superinflacionado -os
ingleses pagaram US$ 7 milhões
ao Atlético-MG- e se transferir
para um clube de um porte muito
maior que o do seu time anterior.
Em seu primeiro jogo, conquistou a Supercopa da Inglaterra,
marcando o gol do título sobre o
Liverpool (1 a 0), tradicional rival.
Na Copa dos Campeões, o campeonato interclubes mais difícil
do planeta, fez o gol mais rápido
da história -20s07 na goleada
por 4 a 0 sobre o holandês PSV. E,
na última quinta-feira, decretou a
vitória sobre o atual campeão
francês, o Auxerre (1 a 0).
Com ele em campo, o Arsenal
ainda não perdeu. Foram dez vitórias e apenas um empate. Como
consequência, a equipe é líder no
nacional e no intercontinental.
O próprio técnico Arsene Wenger disse não esperar desempenho tão bom de Gilberto, como é
chamado o brasileiro na Europa.
Alguns de seus companheiros
são astros internacionais: os franceses Robert Pires e Thierry
Henry, o inglês David Seaman, o
sueco Freddie Ljungberg e o nigeriano Nwankwo Kanu.
O outro brasileiro do time é o
ex-corintiano Edu, seu reserva
imediato, mas, ao mesmo tempo,
uma espécie de técnico particular,
já que o volante não entende praticamente nada de inglês.
"Ele tem sido um irmão. É ele
que me ajuda a entender o que o
treinador quer. Mas acho que
também foi bom para ele, porque
o Edu agora tem com quem conversar em português", afirma.
Elogiado pela regularidade e pelo ótimo passe, Gilberto Silva credita o bom desempenho ofensivo
à liberdade no meio-campo. Segundo ele, Luiz Felipe Scolari o limitava apenas ao desarme.
"Estou jogando de maneira
bem parecida à que jogava no
Atlético-MG. Na seleção, eu ficava
mais preso porque o Felipão pedia para dar proteção à zaga."
Mas o volante defende o futebol
de resultado do treinador gaúcho.
"Se o Felipão não continuar, espero que quem assumir dê continuidade ao trabalho que ele estava fazendo. Afinal, deu resultado."
Gilberto Silva ainda se vê atordoado com a repentina fama.
"Em um ano, minha vida se
transformou. Todo brasileiro sonha em ir para a Europa, mas
nunca tem a certeza de que as coisas vão dar certo. Para mim, está
dando tudo certo", constata.
A mudança começou com a
contusão no ombro de Emerson,
em uma brincadeira no treino de
reconhecimento do estádio da estréia na Copa Coréia/Japão.
"É lógico que não queria ser só
um passageiro na seleção, mas sabia que o Felipão tinha chamado
grandes nomes. Todo mundo ficou triste com o corte do Emerson, que era um líder e o capitão.
Infelizmente, ou felizmente para
mim, o futebol é isso. A oportunidade vem em uma situação dessas. Tentei fazer o possível para
ganhar a confiança do treinador e
acho que fui bem."
Mas a realização do sonho também trouxe dificuldades. "Não estou totalmente adaptado. Às vezes, é bem difícil se virar."
Gilberto se refere à língua e à alimentação. "Hoje estou conseguindo entender alguma coisa,
mas no início era impossível. A
comida fica a desejar, não é a mineira. Tento nem lembrar, porque sei que há coisas que não vou
ter aqui, feijoada e churrasco.
Também tenho saudade do meu
filho, que vai fazer um ano."
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