|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Texto datado de abril deu origem à investigação do Ministério Público
Carta aponta bingo como local de acerto do esquema
KLEBER TOMAZ
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A carta que deu origem à investigação do Ministério Público Estadual sobre a fraude de jogos no
futebol diz que o esquema era todo maquinado dentro do Bingo
Imperador, na avenida Sumaré,
região oeste de São Paulo.
O documento obtido pela Folha
é datado de 8 de abril. Foi a partir
dele que se desenvolveu o inquérito da Polícia Federal. Na carta, o
denunciante, que se autoproclama "um cidadão brasileiro", diz
que "o esquema é comandado
por uma quadrilha de São Paulo.
Os cabeças são donos de bingo da
capital, que se reúnem no famoso
Bingo Imperador."
Procurado pela reportagem, o
promotor do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado) José Reinaldo
confirmou que a carta deu início à
investigação em torno dos placares forjados. Hoje é um processo.
"Começou com uma denúncia
anônima que foi remetida [para o
Gaeco] e depois trazida pela revista Veja", disse o promotor. "A investigação está em curso e não está terminada."
A Polícia Federal e o Ministério
Público ainda não identificaram
os donos de bingo que, segundo a
carta, estariam envolvidos no esquema. Porém descobriram indícios da ligação das manipulações
de resultados com essas casas. O
próprio árbitro Edilson Pereira de
Carvalho admitiu em seu depoimento ter adquirido dívida com
bingos de Jacareí. Carvalho, que
confessou ter manipulado três
partidas (duas pelo Paulista e uma
da Libertadores), foi preso e solto.
Mas, no momento, a prioridade
do delegado Protógenes Queiroz,
da PF de Brasília, responsável pela
apuração, é averiguar se outros
estão envolvidos no caso.
Diversos pontos da carta têm sido confirmados pela investigação
em curso, como o elo da conexão
com Piracicaba e os nomes dos
envolvidos. Segundo ela, Carvalho recebia o pagamento pelos jogos que manipulava num bingo
da capital, quando as partidas
aconteciam no meio de semana.
Se fossem aos sábados e domingos, o acerto ocorria nas segundas, em sua casa, em Jacareí.
Além de Carvalho, a carta cita o
juiz Paulo José Danelon, de Piracicaba, como o responsável por
ter apresentado Edilson ao empresário Nagib Fayad, o Gibão,
seu conterrâneo e líder da quadrilha. Danelon confessou ter manipulado três jogos do Estadual,
mas não foi preso. Fayad ficou detido e libertado. Alegou que foi
Edilson quem o procurou.
Numa segunda carta, esta de 22
de junho, o denunciante, afirma
que o advogado Daniel Gimenes é
o comparsa de Gibão. José Silvestre da Silva, seu defensor, nega.
Texto Anterior: Problema vai levar Teixeira ao Congresso Próximo Texto: Associação e empresa negam envolvimento Índice
|