São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Texto datado de abril deu origem à investigação do Ministério Público

Carta aponta bingo como local de acerto do esquema

KLEBER TOMAZ
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A carta que deu origem à investigação do Ministério Público Estadual sobre a fraude de jogos no futebol diz que o esquema era todo maquinado dentro do Bingo Imperador, na avenida Sumaré, região oeste de São Paulo.
O documento obtido pela Folha é datado de 8 de abril. Foi a partir dele que se desenvolveu o inquérito da Polícia Federal. Na carta, o denunciante, que se autoproclama "um cidadão brasileiro", diz que "o esquema é comandado por uma quadrilha de São Paulo. Os cabeças são donos de bingo da capital, que se reúnem no famoso Bingo Imperador."
Procurado pela reportagem, o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) José Reinaldo confirmou que a carta deu início à investigação em torno dos placares forjados. Hoje é um processo.
"Começou com uma denúncia anônima que foi remetida [para o Gaeco] e depois trazida pela revista Veja", disse o promotor. "A investigação está em curso e não está terminada."
A Polícia Federal e o Ministério Público ainda não identificaram os donos de bingo que, segundo a carta, estariam envolvidos no esquema. Porém descobriram indícios da ligação das manipulações de resultados com essas casas. O próprio árbitro Edilson Pereira de Carvalho admitiu em seu depoimento ter adquirido dívida com bingos de Jacareí. Carvalho, que confessou ter manipulado três partidas (duas pelo Paulista e uma da Libertadores), foi preso e solto.
Mas, no momento, a prioridade do delegado Protógenes Queiroz, da PF de Brasília, responsável pela apuração, é averiguar se outros estão envolvidos no caso.
Diversos pontos da carta têm sido confirmados pela investigação em curso, como o elo da conexão com Piracicaba e os nomes dos envolvidos. Segundo ela, Carvalho recebia o pagamento pelos jogos que manipulava num bingo da capital, quando as partidas aconteciam no meio de semana. Se fossem aos sábados e domingos, o acerto ocorria nas segundas, em sua casa, em Jacareí.
Além de Carvalho, a carta cita o juiz Paulo José Danelon, de Piracicaba, como o responsável por ter apresentado Edilson ao empresário Nagib Fayad, o Gibão, seu conterrâneo e líder da quadrilha. Danelon confessou ter manipulado três jogos do Estadual, mas não foi preso. Fayad ficou detido e libertado. Alegou que foi Edilson quem o procurou.
Numa segunda carta, esta de 22 de junho, o denunciante, afirma que o advogado Daniel Gimenes é o comparsa de Gibão. José Silvestre da Silva, seu defensor, nega.


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