São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Cota de estrangeiros racha a Europa

Limite de gringos por clube sugerido por Blatter esbarra na União Européia e gera críticas de clubes

DA REPORTAGEM LOCAL

O plano do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de colocar um limite de jogadores estrangeiros por clubes acendeu velha e nova polêmica na Europa.
O máximo dirigente do futebol quer que os times tenham a partir da temporada 2010/2011 no máximo cinco atletas de outros países em suas equipes titulares -ao iniciar o jogo, seriam necessários seis ""nativos".
""A filosofia é fantástica, mas legalmente isso é difícil. Entendo a posição da Fifa porque ela conta com 208 federações nacionais filiadas e existem 29 membros da União Européia na Uefa. A filosofia é boa, mas, para mim, não é possível", falou o francês Michel Platini, presidente da Uefa, a entidade que comanda o futebol europeu.
O ex-craque se refere às leis na Europa que dão liberdade para os trabalhadores atuarem em outros países do bloco.
""Você não pode comparar um trabalhador com um jogador de futebol. O futebol é forte o suficiente para se organizar sozinho", defendeu Blatter.
O jogador belga Jean-Marc Bosman revolucionou o esporte em 1995 ao ganhar na Justiça o direito de jogar na França -a Corte Européia considerou que a venda do passe e a limitação de estrangeiros infringiam a lei européia sobre a livre circulação de trabalhadores entre os países da União Européia.
Autoridades no velho continente já rebateram as palavras de Blatter e acenam com a possibilidade de multas a entidades e clubes que ferirem a lei.
""Os futebolistas são trabalhadores segundo as leis européias. Tivemos a Lei Bosman 12 anos atrás", disse Fréderic Vincent, porta-voz da Educação e Cultura da União Européia.
Blatter entende que as autoridades européias deveriam interferir no futebol apenas na segurança de estádios, nas questões envolvendo doping e nos casos de corrupção. O dirigente suíço se ampara também em posição similar do COI (Comitê Olímpico Internacional).
""O esporte pode desempenhar um papel único devido à sua autonomia. Esse papel seria seriamente ameaçado se entidades esportivas estiverem sujeitas à interferência pública", disse Jacques Rogge, dirigente belga que preside o COI.
Blatter diz que conta com o apoio de importantes nomes do futebol mundial, como Franz Beckenbauer, Johan Cruyff e Alex Ferguson, porém os clubes mais poderosos da Europa, que integram o chamado G14, colocam-se contrários ao plano de limitar atletas estrangeiros.
A Fifa deve destacar na próxima semana um comitê específico para tratar do tema. O Comitê Executivo da entidade depois cuidaria da questão.
A Uefa tem desde 2006 uma regra chamada ""jogador feito em casa" que exige dos clubes envolvidos nas competições européias um mínimo de oito atletas formados na base.
""Você não pode olhar o futebol somente pelo prisma das leis. Você tem que proteger o futebol, as academias de futebol. Não podemos ficar à mercê das decisões tomadas por comissões ou pela Justiça", falou Platini, que ascendeu na Fifa como aliado de Blatter e na Uefa falando em universalização.


Com agências internacionais


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