São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O país dos três zagueiros

O PRIMEIRO time a se sagrar campeão brasileiro jogando num sistema com três zagueiros foi o Atlético-PR, em 2001. O segundo, o Corinthians de Marcelo Mattos, um volante escalado como beque, em 2005. Hoje, dos cinco primeiros colocados do Brasileirão, só o Cruzeiro não joga no 3-5-2.
Até Luxemburgo, avesso ao sistema, rendeu-se e escala Martinez como zagueiro. Os três jogadores de defesa do Palmeiras são diferentes dos três do Grêmio, porque Luxemburgo escala um volante na função, e os gremistas têm três beques de formação.
O fato é que o país inteiro, hoje, joga com três zagueiros, embora vários técnicos que hoje utilizam o sistema façam restrições a ele. Há dois anos, Muricy Ramalho proibiu os técnicos das divisões de base do São Paulo de montar times no 3-5-2. Julga que isso inibe a formação dos meias.
Mas pergunte como o São Paulo foi campeão brasileiro em 2006 e como disputa a vaga na Libertadores neste ano? Com três zagueiros. Os técnicos da base só imitam o que vêem nos profissionais.
Durante um tempo, a justificativa para adotar o 3-5-2 era liberar os alas, preciosas armas em busca do gol, pelos lados do campo. Hoje, o Palmeiras e o Flamengo jogam assim, porque têm bons alas. Mas a lógica não vale nem para o Grêmio, nem para o São Paulo, embora Muricy possa justificar que precisa dar proteção para Jorge Wagner se tornar, na ala, o recordista de passes para gols do Brasileiro.
No caso de Celso Roth, que usa três beques de ofício e não um volante adaptado, há um agravante. Zagueiros de ofício, como Réver, sofrem para sair da área e marcar atacantes que se deslocam até o meio-de-campo. Foi o que aconteceu no Gre-Nal. Com Réver derrotado no duelo com Alex, um meia adaptado como segundo atacante, o Grêmio caiu por 4 x 1.
Se é para jogar com três zagueiros, é vantagem adaptar um volante, como Martinez.
O ponto é que a cada dia se vê mais times escalados com três atacantes e menos times com meias capazes de desequilibrar um jogo. Muricy e Luxemburgo concordam que um fato está ligado ao outro. Talvez por isso, o Brasileirão chega perto do final sem que ninguém consiga dizer quem é o craque do torneio.


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