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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br
O país dos três zagueiros
O PRIMEIRO time a se
sagrar campeão brasileiro jogando num
sistema com três zagueiros foi
o Atlético-PR, em 2001. O segundo, o Corinthians de Marcelo Mattos, um volante escalado como beque, em 2005.
Hoje, dos cinco primeiros colocados do Brasileirão, só o
Cruzeiro não joga no 3-5-2.
Até Luxemburgo, avesso ao
sistema, rendeu-se e escala
Martinez como zagueiro. Os
três jogadores de defesa do
Palmeiras são diferentes dos
três do Grêmio, porque Luxemburgo escala um volante
na função, e os gremistas têm
três beques de formação.
O fato é que o país inteiro,
hoje, joga com três zagueiros,
embora vários técnicos que
hoje utilizam o sistema façam
restrições a ele. Há dois anos,
Muricy Ramalho proibiu os
técnicos das divisões de base
do São Paulo de montar times
no 3-5-2. Julga que isso inibe
a formação dos meias.
Mas pergunte como o São
Paulo foi campeão brasileiro
em 2006 e como disputa a vaga na Libertadores neste ano?
Com três zagueiros. Os técnicos da base só imitam o que
vêem nos profissionais.
Durante um tempo, a justificativa para adotar o 3-5-2
era liberar os alas, preciosas
armas em busca do gol, pelos
lados do campo. Hoje, o Palmeiras e o Flamengo jogam
assim, porque têm bons alas.
Mas a lógica não vale nem para o Grêmio, nem para o São
Paulo, embora Muricy possa
justificar que precisa dar proteção para Jorge Wagner se
tornar, na ala, o recordista de
passes para gols do Brasileiro.
No caso de Celso Roth, que
usa três beques de ofício e não
um volante adaptado, há um
agravante. Zagueiros de ofício, como Réver, sofrem para
sair da área e marcar atacantes que se deslocam até o
meio-de-campo. Foi o que
aconteceu no Gre-Nal. Com
Réver derrotado no duelo
com Alex, um meia adaptado
como segundo atacante, o
Grêmio caiu por 4 x 1.
Se é para jogar com três zagueiros, é vantagem adaptar
um volante, como Martinez.
O ponto é que a cada dia se
vê mais times escalados com
três atacantes e menos times
com meias capazes de desequilibrar um jogo. Muricy e
Luxemburgo concordam que
um fato está ligado ao outro.
Talvez por isso, o Brasileirão
chega perto do final sem que
ninguém consiga dizer quem
é o craque do torneio.
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